Real Digital será lançado no Brasil em 2024 (Reprodução/Reprodução)
Agência de notícias
Publicado em 17 de abril de 2023 às 14h59.
Algumas das principais empresas de criptomoedas do Brasil, como Mercado Bitcoin e Capitual e empresas globais como Bitget, AAVE e Consensys vão se reunir no dia 25 de abril, na sede do Banco Central do Brasil, para apresentar as propostas desenvolvidas durante o LIFT Challenge cujo foco foi criar provas de conceito para o Real Digital.
Organizado pelo Banco Central, o Lift Day 2023, também contará com a participação de outras empresas que apresentaram suas propstas para o Real Digital, entre as companhias estão Febraban, Itaú, Santander, TecBan, Vert, Giesecke+Devrient e Visa. Também haverá apresentação de projetos selecionados no LIFT Lab e LIFT Learning.
A espectativa dos participantes é que, durante o evento, o BC também anuncie qual das provas de conceito desenvolvidas passará para a 'segunda fase', ou seja, será testada efetivamente na blockchain de testes do Real Digital, atualmente o Hyperledger Besu.
No total o desafio para criação de uma prova de conceito para o Real Digital recebeu 47 propostas de empresas de oito países diferentes, e os nove projetos selecionados incluem a participação de empresas de criptomoedas como AAVE, Mercado Bitcoin, Capitual, Bitget e Consensys.
Segundo declarou o coordenador do Real Digital, Fábio Araújo, no evento o BC apresentará um relatório sobre as soluções apresentadas pelas empresas e, com base nele, irá decidir qual das provas de conceito deve avançar para testes mais amplos com o Real Digital.
Araujo destacou que o desenvolvimento do Real Digital em participação de entidades externas, como no Lift Challenge, é dividido em três frentes: o LIFT Challenge em si, um grupo de trabalho de tokenização e o piloto do real digital que foi anunciado em março deste ano e que terá como foco testar a segurança e agilidade do sistema desenvolvido no Hyperledger Besu.
Com o Real Digital o BC está se posicionando como um agente catalisador na transição das finanças tradicionais para as finanças descentralizadas, de acordo com Bruno Batavia, especialista em CBDC no BC. Ele afirmou que a economia está caminhando em direção a uma economia tokenizada, e que o futuro será multichain e multiprotocolos.
Além disso, a primeira mesa do evento mostrará novidades do Lift Labs, sendo elas o Pix NFC e QR Code Offline, G10 Bank, Pix Crédito e um Protocolo de Crédito Descentralizado.
Comentando sobre o Real Digital, João Kamradt, Head of Research and Investments da Viden.vc, destacou que o Brasil já possui um sofisticado sistema bancário e o Real Digital vem para ampliar o escopo de ferramentas que o governo disponibiliza.
Segundo Kamradt, no geral, a CBDC permitirá uma imensa variedade de novos serviços, como a fracionalização de certos ativos que até então ainda não tinham essa possibilidade tão factível e a maior programabilidade do dinheiro.
"Quando falamos em dinheiro programável, queremos nos referir a formas de transacionar o dinheiro que só sejam feitas a partir do cumprimento de uma certa quantidade de demandas que precisam ser atendidas. Tudo isso supervisionado pelas regras do governo brasileiro.
Uma coisa é fato, o real digital será seguro, tanto que está passando por uma série de etapas para que sua segurança seja garantida, como os testes em ambiente simulado, sem envolver transações ou valores reais.", disse.
Ele aponta qinda que o Real Digital pode ser uma ponte eficiente e regulada a facilitar a adoção da população dos serviços oferecidos pela Web3.
"O momento é de testes e o programa ainda deve demorar algum tempo até ser disponibilizado, mas correndo tudo bem, o real digital pode servir de referência para moedas digitais de outros países", afirmou.
Juliana Walenkamp, diretora de vendas institucionais Latam da BitGo, destacou que a tokenização da economia com as novas CBDCs representam a evolução do sistema monetário tradicional.
"O projeto, que ainda está em fase piloto de implantação, demonstra como o Banco Central do Brasil impulsiona o desenvolvimento tecnológico brasileiro e a criação de novos produtos financeiros adaptáveis e mais democratizados para o brasileiro. Apesar de termos o Pix que já revolucionou muito as trocas financeiras, quando olhamos para o Real Digital e o Real Tokenizado observamos um horizonte que abrange novas possibilidades como trocas e balanços no interbancário dentro da economia digital e a oferta de serviços financeiros mais disruptivos", disse.
No entanto ela aponta que ainda temos uma curva de aprendizado importante enquanto construímos esse futuro, tanto para as instituições financeiras e os participantes do ecossistema como para a sociedade, mas sem dúvida caminhamos em prol de uma infraestrutura inovadora e muito positiva para o Brasil.
Henrique Teixeira, Head Global de Novos Negócios da Ripio, destacou que o projeto piloto funcionará, neste início, como uma plataforma direcionada para operações de emissão e tokenização de ativos, entre os quais estão o Real Digital, o Real Tokenizado e os Títulos Públicos Federal.
Além disso, segundo ele, nessa fase de testes, o Banco Central também irá avaliar como estão os ganhos de programabilidade da blockchain, por meio das transações envolvendo, por exemplo, os depósitos tokenizados que são representações digitais de depósitos mantidos por instituições financeiras e de pagamentos.
"Dado esse pontapé inicial, bem como a observação do bom funcionamento dessa engrenagem e a aplicação de outras iniciativas e diretrizes propostas pela regulamentação cripto brasileira, é possível vislumbrar um fortalecimento do segmento nunca visto no país.
Afinal, um dos maiores benefícios proporcionados pela lei é o sentimento de segurança que ela traz em seu bojo, sendo capaz de criar um ambiente mais amigável e propício a chegada de novos players, investidores e no incentivo a realização de novos negócios e oportunidades dentro das regras locais”, apontou.
Diego Perez, CEO da SMU Investimentos, destacou que o BC está dando o primeiro passo para uma mudança profunda das arquiteturas do sistema financeiro.
"A tokenização propõe uma nova dinâmica de mercado, com impactos positivos em toda economia. Talvez investimentos em bitcoin, NFTs e outros ativos alternativos ainda sigam resignados à guilda de entusiastas, entretanto, já temos um consenso de que blockchain não é uma modinha passageira e está cada vez mais perto da realidade da maioria das pessoas", afirmou.
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