Repórter do Future of Money
Publicado em 8 de outubro de 2024 às 15h21.
A Justiça dos Estados Unidos aprovou na última segunda-feira, 7, o plano proposto de falência da FTX. O planejamento é focado na quitação das dívidas da antiga corretora de criptomoedas, incluindo o ressarcimento dos seus clientes, mas com uma estratégia que rendeu críticas dos consumidores.
O plano foi aprovado pelo juiz John T. Dorsey, responsável pelo caso, e foi apresentado pelo atual CEO da companhia, John Ray III. Um dos pontos mais polêmicos foi a precificação da criptomoeda própria da exchange, a FTT, em 0 dólares, algo criticado por empresas que ainda possuem o token.
Os responsáveis pela massa falida da FTX reforçaram que o "especialistas explicam que o FTT não tem nenhum fundamento de valor. Ele não tem utilidade fora das operações da FTX". Eles disseram ainda que "não há uma corretora FTX no momento e não haverá uma restauração das operações".
Outra crítica ao plano está na estratégia adotada pela exchange para ressarcir seus clientes: a corretora vai pagar o valor que os clientes tinham na exchange considerando a cotação das criptomoedas no momento da quebra, mais um valor adicional de juros, totalizando 118% do total de ativos.
A medida foi bastante criticada por clientes já que, desde a quebra da FTX em 2022, o mercado cripto teve uma forte valorização. Além disso, a falência foi exatamente o momento do ponto mais baixo do preço do bitcoin no seu último ciclo de queda, ou seja, os investidores teriam um lucro muito maior se recebessem as unidades dos ativos ao invés do valor em dólar naquele momento.
Apesar das objeções, a Justiça dos Estados Unidos aceitou o plano e a estratégia anunciada. A conversão de ativos para dólar para o pagamento de clientes prejudicados é comum em planos de ressarcimento após falências de empresas, e por isso não foi contestada pelas autoridades.
A expectativa da FTX é começar os pagamentos dos clientes ainda neste ano, ao longo do último trimestre de 2024. A empresa já lançou um site em que clientes podem inserir suas informações de cadastro e para o recebimento dos valores devidos.
A FTX chegou a ser a segunda maior corretora de criptomoedas do mundo antes da sua falência pegar o mercado de surpresa. A empresa enfrentou problemas de liquidez após clientes tentarem sacar os seus fundos após a revelação de que a companhia misturava fundos de clientes com os próprios para sustentar operações de investimento de risco.
Clientes estimam que as perdas com a falência superam a casa dos US$ 30 bilhões. Após a falência, o fundador e ex-CEO da empresa, Sam Bankman-Fried, foi condenado a 25 anos de prisão nos Estados Unidos, marcando a ruína do império de uma das mais famosas figuras do mercado cripto.