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Javier Milei, líder nas prévias da Argentina, já elogiou bitcoin e promoveu empresa processada

Considerado ultraliberal e de extrema-direita, deputado surpreendeu analistas com desempenho, mas possui propostas polêmicas

Javier Milei foi o candidato mais votado nas prévias eleitorais da Argentina (AFP/AFP)

Javier Milei foi o candidato mais votado nas prévias eleitorais da Argentina (AFP/AFP)

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 14 de agosto de 2023 às 16h51.

Última atualização em 14 de agosto de 2023 às 16h58.

O deputado Javier Milei surpreendeu analistas e políticos no último domingo, 13, ao se tornar o candidato mais votado nas prévias das eleições presidenciais da Argentina. Com cerca de 30% dos votos válidos, o desempenho do político gerou, também, um foco maior nas diferentes ideias defendidas por ele, incluindo propostas polêmicas que assustam o mercado e geraram uma forte reação negativa.

Milei ficou conhecido por defender a proibição do aborto e a compra e venda de órgãos. No campo econômico, ele se define como um "anarcocapitalista" e apresentou propostas incomuns: extinguir o Banco Central do país e substituir a moeda nacional, o peso, pelo dólar. Recentemente, o político também se envolveu com o mercado de criptomoedas.

Em diferentes momentos, o deputado elogiou o bitcoin, definindo a criptomoeda como uma "reação contra os golpistas dos bancos centrais" e uma resposta ao que ele acredita ser uma "manipulação de moedas fiduciárias por parte de bancos centrais e governos".

Entretanto, o político não reconheceu o bitcoin como uma possível alternativa de moeda nacional, uma estratégia adotada em El Salvador. Para ele, a criptomoeda é uma opção de investimento, para diversificação de carteiras, cujo valor vem do fato de "não estar ligada a nenhum governo ou entidade".

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Envolvimento com empresa processada

O próprio Milei chegou a reconhecer os riscos do investimento, mas acabou se envolvendo em um escândalo financeiro no país. Em 2022, a empresa Coinx, que oferecia os "melhores retornos do mercado" em investimento de criptoativos, encerrou as operações após ser acusada pelas autoridades da Argentina de promover um esquema de pirâmide financeira.

Antes das investigações, em 2021, Javier Milei compartilhou nas redes sociais uma foto com um dos fundadores da companhia. "Escreva para eles no meu nome, assim você vai se aconselhar [sobre investimentos em cripto] com os melhores", comentou o político. Após a revelação da fraude, Milei negou qualquer associação com a empresa.

Mesmo assim, ele se tornou alvo de um processo aberto por algumas das vítimas da Coinx, que alegaram que realizaram os investimentos após serem influenciadas pelos posts de Milei. As perdas chegariam a mais de R$ 150 mil, na cotação atual.

O deputado ultraliberal também se pronunciou sobre a regulamentação de criptomoedas. Para, os governos deveriam "ficar de fora do mercado", sem estabelecer leis e regras de operação. Mas a posição diverge da visão das próprias empresas do setor. No Brasil, por exemplo, o Marco Legal das Criptomoedas contou com a defesa das companhias cripto brasileiras, que viram a medida como essencial para a expansão do setor.

A posição de Milei mostra que, apesar dos elogios aos criptoativos, uma adoção estatal de criptomoedas não parece ser a intenção do candidato. Ao invés disso, o político tem focado na defesa da dolarização da economia, uma proposta que também acumula críticas e ceticismo pela dificuldade de implementação. Além disso, a própria vitória de Milei nas eleições, cujo primeiro turno ocorrerá em outubro, não é uma certeza.

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