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Israel apreende contas da Binance acusadas de ligação com grupos terroristas

Corretora de criptomoedas afirma que cooperou com as autoridades e que a tecnologia blockchain facilitou a identificação de criminosos

Binance enfrenta processos nos EUA e no Brasil por reguladores (Reprodução/Unsplash)

Binance enfrenta processos nos EUA e no Brasil por reguladores (Reprodução/Unsplash)

João Pedro Malar
João Pedro Malar

Repórter do Future of Money

Publicado em 5 de maio de 2023 às 17h15.

Última atualização em 5 de maio de 2023 às 17h25.

O governo de Israel apreendeu cerca de 190 contas que pertenciam a clientes da corretora de criptomoedas Binance desde 2021, de acordo com uma reportagem publicada pela Reuters. Documentos a que a agência teve acesso mostram que alguns desses proprietários teriam ligações com grupos terroristas, como o Estado Islâmico.

As apreensões foram realizadas pelo Centro Nacional de Combate ao Financiamento de Terrorismo. Uma das mas recentes ocorreu em 12 de janeiro deste ano, quando houve o confisco de duas contas na Binance e o de seus conteúdos. As contas teriam ligação com o Estado Islâmico.

O órgão não informou os valores das criptomoedas apreendidas nem o grau de ligação das contas com o grupo, mas disse que a ação buscava "combater a atividade" do Estado Islâmico e "reduzir a sua habilidade de concretizar objetivos". As apreensões são permitidas pelas leis de combate ao terrorismo em Israel.

A Binance não enviou um comunicado à Reuters, mas divulgou uma resposta pública em seu blog. Nela, a exchange acusa a agência de notícias de estar "deliberadamente deixando de fora fatos críticos para caber em sua narrativa. Desta vez, eles levantaram questões sobre nossas políticas de conformidade para prevenir e combater o financiamento de terrorismo com criptomoedas. Este é um assunto que levamos muito a sério".

A exchange destacou que possui políticas de combate ao terrorismo para ajudar na identificação de contas que possam estar sendo usadas para essas atividades, além de contribuir nas investigações de autoridades e ter um sistema de combate à lavagem de dinheiro.

A corretora de criptomoedas disse ainda que "um fato frequentemente negligenciado (ou talvez neste caso, deliberadamente ignorado) é que não é possível para uma corretora de criptomoedas (ou qualquer pessoa) bloquear ou reverter um depósito de ativo digital depois que uma transação for verificada no blockchain".

Nesse sentido, ela afirma que foca nas ações possíveis, de identificar depósitos suspeitos e então intervir quando necessário, com ações como congelamento de fundos e contato com autoridades. Sobre o caso específico citado pela Reuter, a Binance disse que as investigações ainda estavam em andamento.

Processos nos EUA e no Brasil

Sobre as contas pertencentes ao Estado Islâmico, a corretora de criptomoedas disse que "malfeitores não registram contas com os nomes de suas organizações criminosas. É por isso que nossa equipe colabora com a aplicação da lei e compartilha as informações que estão disponíveis apenas para eles, a fim de identificar indivíduos que operam contas para organizações ilícitas".

Ela ressaltou que "a tecnologia blockchain provou ser uma das ferramentas mais poderosas para os esforços de combate à lavagem de dinheiro. A natureza imutável e pública do blockchain torna as criptomoedas uma má escolha para a lavagem de dinheiro, porque permite que as autoridades descubram e rastreiem a lavagem de dinheiro com muito mais facilidade do que as transações em dinheiro".

Essa não é a primeira vez que as autoridades identificam práticas como lavagem de dinheiro e financiamento de terrorismo por meio da exchange. Autoridades dos Estados Unidos analisam possíveis punições para a Binance por causa disso, enquanto a exchange afirma que tomou as providências para aumentar o escrutínio de clientes. A empresa também enfrenta processos nos EUA e no Brasil por motivos diferentes.

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