Redação Exame
Publicado em 6 de setembro de 2024 às 17h00.
A gestora Bernstein divulgou um relatório nesta semana em que afirma que o uso de inteligência artificial para a realização de pagamentos e transações financeiras pode gerar um "gargalo" na economia global. Entretanto, as criptomoedas podem ser a solução para evitar esse problema.
No relatório, os analistas explicam que o sistema financeiro global atual foi construído a partir de um grupo limitado de redes específicas para algumas jurisdições, com destaque para a SWIFT a nível internacional e os sistemas das gigantes Mastercard e Visa.
Em geral, o acesso a esses sistemas demanda uma verificação de conta bancária, identidade e cartões de crédito. E essa etapa representa um desafio para a integração da inteligência artificial no sistema, exatamente por elas não terem uma "identidade" ou conta própria.
Nesse sentido, o Bernstein acredita que os chamados "agentes de IA" - que possuem autonomia para realizar operações - não possuem as habilidades necessárias para "lidar com o sistema financeiro atual de forma eficiente", dificultando a incorporação em operações mais complexas e com envolvimento de humanos.
Para o Bernstein, a incorporação completa da inteligência artificial demanda que o sistema financeiro evolua para um ambiente de micropagamento sem fricções e de baixo custo. E é exatamente nessa área que as criptomoedas poderiam atuar, com destaque para as chamadas stablecoins.
Esses ativos, que são pareados a outros - como dólar -, podem ser usados em pagamentos transfronteiriços de forma barata, praticamente instantânea e com pouca burocracia, exatamente o tipo de transação que os agentes de inteligência artificial precisariam realizar.
“As criptomoedas têm uma oportunidade real de capturar a rede de pagamentos com inteligência artificial, permitindo maior programabilidade e autonomia financeira aos agentes de IA”, aponta o relatório.
Os agentes de IA poderiam realizar as transações a partir de carteiras digitais ligadas a blockchains ao invés de contas bancárias, contornando exigências atuais de documentação e identidade. Além disso, seria possível usar a tecnologia blockchain para ligar diretamente essas ferramentas com empresas e indivíduos.
O relatório aponta que a convergência entre inteligência artificial e stablecoins pode impulsionar esse ativo para transações no varejo e e-commerce, exatamente as duas áreas em que a adoção menos avançou. Com isso, essas criptomoedas podem ganhar "uma nova chance de terem relevância nesse espaço".