Worldcoin enfrenta problemas com autoridades ao redor do mundo (Worldcoin/Divulgação)
Repórter do Future of Money
Publicado em 22 de maio de 2024 às 15h35.
Última atualização em 23 de maio de 2024 às 10h34.
O escritório do Comissário de Privacidade de Dados Pessoais de Hong Kong anunciou nesta quarta-feira, 22, que decidiu proibir as operações do Worldcoin. As autoridades realizaram uma investigação e afirmam que o projeto violou as regras de privacidade de dados pessoais da região.
Em um comunicado sobre a decisão, as autoridades destacaram que realizaram dez visitas em locais que contavam com operações do Worldcoin entre dezembro de 2023 e janeiro de 2024 após preocupações sobre "riscos aos dados pessoais" dos cidadãos. Em seguida, teve início uma investigação cujo resultado levou à decisão da proibição.
Segundo o escritório, cerca de 8 mil cidadãos de Hong Kong realizaram o processo de escaneamento de íris que está na base da operação do Worldcoin. Após o escaneamento, o usuário recebe uma quantia de criptomoedas e também um World ID, a "identidade digital global" da iniciativa.
O comunicado pontua que "os resultados da investigação revelaram que os usuários do projeto Worldcoin precisavam permitir que a organização coletasse suas imagens de rosto e íris por meio de digitalização de íris". A investigação apontou que a operação violou as leis do país sobre coleta, retenção, transparência, acesso e correção de dados.
Entre os achados, as autoridades alegam que "as imagens de rosto e íris coletadas pelo projeto Worldcoin eram desnecessárias e excessivas", violando a lei, além de não informar de forma detalhada e transparente dos riscos envolvendo a coleta de dados biométricos. As autoridades pontuam ainda que os dados pessoais dos usuários podiam ser armazenados por até dez anos para o treinamento de sistemas de inteligência artificial.
Além de Hong Kong, o Worldcoin também está proibido em Portugal e na Espanha, além de enfrentar investigações sobre privacidade de dados em outros países. Recentemente, o projeto anunciou uma mudança no seu sistema de privacidade de dados.
O Worldcoin foi lançado para o público em 2023 e é liderado pelos executivos Alex Blania e Sam Altman, que também é CEO da OpenAI, a dona do ChatGPT. O objetivo do projeto é criar uma identidade digital única global para facilitar a diferenciação entre humanos e robôs.
A EXAME entrou em contato com a Worldcoin Foundation e solicitou um posicionamento sobre o caso. Em nota, ela afirmou que "está decepcionada com as recentes opiniões divulgadas pelas autoridades regulatórias em Hong Kong. O Worldcoin opera legalmente e é desenhado para estar totalmente em conformidade com todas as leis e regulamentos que regem a coleta e uso de dados, incluindo a Lei de Proteção de Dados Pessoais (Privacidade) de Hong Kong".
"Em um esforço para preparar a humanidade para a era da IA, a Fundação continua elevando o padrão de privacidade através da minimização de dados, controle do usuário sobre os dados e tecnologia avançada, como custódia pessoal, exclusão de código de íris e computação segura multipartidária. Infelizmente, as autoridades em Hong Kong negligenciaram esses aspectos em sua avaliação do processo de verificação de humanidade", pontuou.