Bitcoin valorizou mais de 60% nos primeiros meses de 2023 (Reprodução/Reprodução)
Repórter do Future of Money
Publicado em 19 de maio de 2023 às 15h13.
O bitcoin tem tido dificuldade nas últimas semanas para romper o patamar de US$ 30 mil, com seu preço variando em um intervalo de US$ 26 mil a US$ 29 mil. Se, para alguns, isso mostra um momento negativo para a criptomoeda, outros aproveitam para investir mais no ativo.
É o que mostram os dados divulgados nesta semana pela Santiment, uma empresa de inteligência de mercado. Em um post no Twitter, ela revelou que, nas últimas cinco semanas, as chamadas "baleias", termo usado para se referir aos investidores com grandes quantidades de um ativo, entraram em ação.
Nesse período, entre os meses de abril e maio, esses investidores compraram ao menos 84.897 bitcoins, o que é equivalente a R$ 11,4 bilhões, considerando a cotação atual da criptomoeda. A Santiment ressalta que o movimento ocorreu "enquanto os preços estão estagnados".
Outro ponto destacado pela empresa é que, no último ciclo de acumulação da criptomoeda por parte dessas baleias, em janeiro deste ano, o preço do ativo acabou valorizando em 34,4%. Dessa vez, porém, as aquisições ocorreram em um momento de queda de 10,2% no preço, sugerindo que os investidores ainda apostam no bitcoin.
🐳 #Bitcoin's key large whale addresses tier has been on a steady accumulation run over the past 5 weeks, accumulating a combined 84,897 $BTC during this time while prices are stagnant. In their previous accumulation cycle in January, prices jumped +34.4%. https://t.co/fLhCcBOJZA pic.twitter.com/sV43UxGksj
— Santiment (@santimentfeed) May 16, 2023
E a acumulação da criptomoeda não aumentou apenas entre os grandes investidores. Também em maio, o número de endereços de carteira da rede Bitcoin que possuem uma ou mais unidades da criptomoeda ultrapassou a marca de um milhão pela primeira vez na história do projeto.
Dados do Glassnode mostram que, à medida que o preço da criptomoeda caiu mais de 65% ao longo de 2022, o número de endereços de carteira que possuem uma unidade ou mais do ativo disparou, com as altas mais notáveis ocorrendo durante uma forte queda de mercado em junho e a partir de 11 de novembro, a data em que a FTX entrou em falência e subsequentemente entrou com um pedido de falência.
No total, 190 mil endereços com ao menos um bitcoin foram adicionados desde o início de fevereiro de 2022, à medida que o preço da criptomoeda caía em relação ao seu preço recorde de novembro de 2021. O cofundador da Glassnode, Negentropic, disse no Twitter que o melhor momento para comprar o ativo é quando há "sangue nas ruas".
O acúmulo, porém, também traz vulnerabilidades para o preço da criptomoeda. Analistas acreditam que a lateralização do ativo estaria ligadas a alguns fatores, incluindo a baixa oferta efetivamente disponível para negociação em corretoras.
Até o dia 15 de maio, o bitcoin acumula uma valorização de mais de 60% em 2023, mas atualmente enfrenta uma lateralização, alternando entre US$ 27 mil e US$ 29 mil. Para especialistas, essa valorização está ligada à mudança de perspectiva do mercado quanto ao ciclo de alta de juros nos Estados Unidos. Os investidores passaram a projetar uma postura mais branda do Federal Reserve — reforçada após as recentes falências bancárias —, com altas menores e possíveis cortes já no segundo semestre.
O cenário favorece ativos considerados mais arriscados, caso das criptos, já que torna a renda fixa americana menos atrativa e reduz temores sobre uma possível recessão na maior economia do mundo. Além disso, outros analistas apontam mais motivos que podem estar ajudando o mercado cripto.
Especificamente no caso do bitcoin, especialistas acreditam que a crise no sistema bancário reforça a tese da criptomoeda, que surgiu como uma alternativa descentralizada no sistema financeiro, e por isso está atraindo investidores. Outros apontam uma possível mudança de visão no mercado, com a ideia de que o bitcoin seria um "ouro digital" ganhando mais adeptos devido a algumas características da criptomoeda, em especial sua oferta finita e limitada, que lhe confere um caráter deflacionário.
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