Repórter do Future of Money
Publicado em 7 de fevereiro de 2025 às 14h50.
Desde a sua criação em 2009, o bitcoin saiu do zero para se tornar um dos maiores ativos do mundo, valendo quase US$ 2 trilhões. Mas ainda há quem critique a criptomoeda e afirme que ela é uma bolha que estourará em breve. É o caso de Eugene Fama, que voltou a criticar a moeda digital recentemente.
Durante a sua participação em um podcast em 30 de janeiro, Fama, que ganhou o Prêmio Nobel de Economia em 2013 e é considerado um dos pais das finanças modernas, compartilhou seu ceticismo sobre o ativo. Para ele, a ascensão dos criptoativos terá um "fim previsível".
Fama acredita que seria "insustentável" migrar todo o sistema financeiro global para as redes blockchain, já que a operação exigiria um poder computacional muito grande. Além disso, ele afirmou que "toda a teoria monetária que conhecemos" aponta para a extinção das criptomoedas.
"As criptomoedas são um mistério, porque elas violam todas as regras de um meio de troca. Elas não têm um valor estável real. Elas têm um valor real altamente variável. É o tipo de meio de troca que não deveria conseguir sobreviver", comentou o economista.
O economista também rejeitou a ideia de que o bitcoin poderia ser uma espécie de "ouro digital" como reserva de valor. Ele argumenta que o ativo "só seria um ouro digital se ele tivesse uso. Se ele não tiver uso, é apenas papel. Papel não, é ar, e nem mesmo ar".
Fama avalia que o mercado de criptomoedas é uma grande bolha financeira atualmente, mas não se considera apto para projetar quando exatamente ela estourará. "Eu espero que ela estoure, mas eu não posso prever isso. Eu espero que sim, porque se não estourar, precisaremos recomeçar toda a teoria monetária".
Ele ponderou, porém, que a teoria monetária tradicional pode já "ter acabado, e aí precisamos começar tudo de novo". Pressionado para compartilhar quando a "bolha" das criptomoedas poderia explodir, ele disse que o evento deve ocorrer em até 10 anos, mas brincou que escolheu a data porque tem 86 anos e "provavelmente não vou ser cobrado por isso".
Fama acredita ainda que, em caso de um colapso do bitcoin e outras criptomoedas, o provável é que o setor busque ajuda do governo para sobreviver.
O ganhador do Nobel de Economia não é o único crítico do bitcoin e outro ativos digitais, mas a aceitação a esse grupo tem crescido cada vez mais. Gigantes do mercado como a BlackRock e a Fidelity já oferecem canais de investimento para seus clientes e defendem o potencial do ativo, e não há sinais aparentes no mercado nem de um fim da valorização ou do seu colapso total.