Para Tomicah Tillemann, foco global em CBDCs colocaria os EUA em desvantagem (Bloomberg via Getty Images/Reprodução)
Coindesk
Publicado em 7 de janeiro de 2022 às 17h53.
Última atualização em 7 de janeiro de 2022 às 20h05.
Líderes mundiais que desejam transformar seus países em hubs globais da Web 3.0 agora podem contar com o apoio da Andreessen Horowitz, um dos fundos de investimento de capital de risco mais conhecidos do mundo, que criou uma espécie de guia sobre o assunto.
Nesta sexta-feira, 7, a empresa de venture capital — muitas vezes apelidada de "a16z" — divulgou uma agenda de políticas voltada para governos globais com dez orientações sobre como “construir uma internet melhor”.
No documento, a16z incentiva líderes a pensar de forma proativa sobre a política da Web 3.0, começando por estabelecer uma visão clara e regras fiscais claras e justas para ser aplicadas aos ativos digitais, adotando a governança de múltiplos stakeholders e muito mais.
O termo Web 3.0 se refere a uma possível próxima geração da internet que engloba protocolos descentralizados e busca reduzir a dependência dos usuários da internet de gigantes da tecnologia como Google, Facebook e Amazon.
Não é a primeira vez que a Andreessen Horowitz se envolve com o assunto. Em outubro passado, a empresa de venture capital publicou um relatório semelhante de 35 páginas dirigido a legisladores dos EUA chamado "Como ganhar o futuro", além de recomendações ao Comitê Bancário do Senado americano sobre o esclarecimento das leis em torno de ativos digitais.
As demandas políticas da a16z são espelhadas por esforços semelhantes realizados pela Coinbase, que lançou sua Proposta de Política de Ativos Digitais solicitando a criação de um novo regulador para supervisionar a indústria cripto. Enquanto isso, a corretora de criptomoedas FTX publicou vários textos em seu blog sobre como a política regulatória poderia ser.
A agenda política de alcance global, redigida pelo ex-diplomata dos EUA, Tomicah Tillemann — agora o head global de regulação da a16z — é o produto que Tillemann descreveu como um "esforço orientado pela demanda" para responder a um fluxo de líderes globais que buscam a a16z para obter ajuda na formulação de estruturas políticas para a Web 3.0.
“Estamos tendo um número crescente de governos nos abordando dizendo que querem ser repúblicas da Web 3.0”, disse Tillemann.
Tillemann, um dos sócios da a16z, afirmou que a empresa falou com "líderes-chave em todos os continentes povoados", embora tenha se recusado a nomear os países com os quais a16z está trabalhando.
A agenda política também recomenda que os líderes globais “adotem o papel de stablecoins bem regulamentadas” e forneçam estruturas regulatórias claras para projetos privados de stablecoins.
As moedas digitais emitidas por bancos centrais (CBDCs) podem estar ganhando velocidade em sua implementação por todo o mundo, mas Tillemann estava inflexível de que qualquer desenvolvimento de CBDCs deveria ocorrer em conjunto com "o notável marketplace privado de stablecoins" e que seria um "erro" focar exclusivamente em CBDCs.
“Precisamos do dinamismo e da inovação que existem em um marketplace privado de stablecoins para garantir os resultados ideais”, disse Tillemann. “Há uma razão pela qual as pessoas ganham benefícios com a escolha de diferentes mecanismos de pagamento.”
Tillemann também disse que um foco global em CBDCs ao invés de stablecoins colocaria os Estados Unidos em desvantagem.
“[Os EUA estão] atrás da curva e outros países, particularmente países autoritários, estão muito mais adiantados no desenvolvimento de suas CBDCs”, disse Tillemann.
O ex-funcionário público dos EUA também provocou os legisladores americanos, dizendo:
“É importante para os legisladores e reguladores dos EUA entender que estamos muito atrás em uma corrida que muitos deles parecem não reconhecer que está acontecendo”, disse. Ele acredita que o fato de a a16z ter publicado a agenda política pode servir para enfatizar esse ponto.
“Achamos que [a agenda política global] é um lembrete útil para os políticos dos Estados Unidos de que outros governos não estão parados — na verdade, eles estão se movendo na velocidade da luz em muitos casos para adotar e abraçar essas inovações de uma forma que os Estados Unidos está tendo dificuldades”.
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