Repórter do Future of Money
Publicado em 4 de outubro de 2024 às 15h50.
Julie Kozack, diretora de comunicação do FMI (Fundo Monetário Internacional) afirmou na última quinta-feira, 3, que a organização continua recomendando que El Salvador limite a sua adoção do bitcoin, citando "riscos" macroeconômicos para o país com essa estratégia, iniciada em 2021.
Em sua fala, Kozack explicou que o FMI segue em conversas com o governo de El Salvador para firmar um acordo com o país para o estabelecimento de um programa que poderia "ajudar na estabilização e ajustes macroeconômicos e também com reformas que impulsionem o crescimento" no país.
Entretanto, ela apontou que, para a organização internacional, "abordar os riscos que estão surgindo do bitcoin é um elemento central nessas discussões", sem dar detalhes sobre a receptividade de El Salvador às recomendações do FMI sobre a estratégia para a criptomoeda.
"O que recomendamos é uma limitação do âmbito da Lei do Bitcoin, fortalecendo o quadro regulamentar e a supervisão do ecossistema do bitcoin e limitando a exposição do setor público ao bitcoin", explicou a porta-voz.
"Houve progresso nas negociações rumo a um programa apoiado pelo FMI, focado em políticas para fortalecer as finanças públicas, aumentar as reservas bancárias, melhorar a governança e a transparência e mitigar os riscos do bitcoin", declarou a organização internacional.
Em agosto, o FMI chegou a publicar um comunicado que abordava especificamente a adoção da criptomoeda por El Salvador e a visão de que a estratégia estava contribuindo para os "problemas fiscais" enfrentados pelo país nos últimos anos.
O FMI comentou que "embora muitos dos riscos ainda não tenham se materializado, há um reconhecimento conjunto de que são necessários mais esforços para aumentar a transparência e mitigar potenciais riscos de estabilidade fiscal e financeira decorrentes do projeto envolvendo o bitcoin".
El Salvador decidiu adotar o bitcoin como moeda de curso legal em 2021. Desde então, a criptomoeda pode ser usada em transações no dia a dia da população e também pelo governo para o recebimento de impostos, transações de comércio internacional e também para a criação de títulos de tesouro.
A estratégia, idealizada e implementada pelo presidente Nayib Bukele, foi inédita a nível global. Desde então, ele também mantém um programa de compras diárias de 1 unidade de bitcoin. Ele reconheceu, neste ano, que a adoção pela população ficou aquém do esperado, mas disse que o projeto trouxe benefícios em termos de investimento e turismo.