(Marcos Oliveira/Agência Senado)
Cointelegraph Brasil
Publicado em 4 de dezembro de 2020 às 16h40.
Última atualização em 4 de dezembro de 2020 às 17h38.
Os criptoativos e as startups de serviços financeiros baseados em tecnologias disruptivas, as chamadas fintechs, têm sido apontadas como uma grande revolução para o sistema financeiro, mas nem todo mundo concorda, como é o caso do advogado e professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), Jairo Saddi.
Segundo ele, as fintechs ainda previsam provar sua sustentabilidade e os serviços relacionados ao setor — entre eles o cripto e blockchain — não são propriamente uma revolução financeira.
O professor acaba de lançar o livro, Fintechs: Cinco Ensaios, pela Editora Iasp, dedicado a explicar a explosão de empresas do setor, que deve ganhar ainda mais adeptos com o Pix e o open banking no ar em 2021.
Ele explicou ao Valor Econômico que, apesar das tecnologias disruptivas, acredita que as fintechs representam "um jeito novo de oferecer essencialmente os mesmos serviços":
“Pagamentos instantâneos, open banking, bitcoins etc. certamente são novas tecnologias que têm a função de servir à mesma atividade bancária de intermediação, coleta e aplicação de recursos, por um lado, e prestação de serviços de custódia e transmutação, por outro”.
Ele diz que o sistema financeiro nacional foi moldado historicamente em torno dos grandes bancos, mas as inovações tecnológicas permitiram que as fintechs trouxessem novas abordagens financeiras e ampliaram o acesso ao capital. Apesar disso, elas precisam provar que podem dar retornos reais para ampliar seu espaço no mercado.
Finalmente, ele diz que se o open banking — que prevê a portabilidade das informações financeiras da população e vai desbloquear novos produtos baseados em novas tecnologias — prosperar, a presença das fintechs deve se aprofundar, assim como a competição no sistema financeiro brasileiro.
Outro cenário possível apontado pelo professor seria seria o free banking, com o mercado evoluindo para o fim de instituições financeiras, criando não fintechs, mas giantechs e criptoativos globais.
Outro setor ligado aos criptoativos e que tem sido apontado como uma "revolução financeira" por parte do mercado é o de finanças descentralizadas, ou DeFi, que explodiu no criptomercado em 2020. Os casos de uso fora do espaço cripto, porém, ainda não estão claros para as instituições financeiras.