Future of Money

Fim das maquininhas: CloudWalk aposta em pagamentos por celular e tem receita recorde

Um dos produtos mais recentes lançados pela empresa brasileira é o InfiniteTap, que transforma smartphones em máquinas de cartão

CloudWalk passou a apostar em alternativas para máquinas de cartão (CloudWalk/Divulgação/Divulgação)

CloudWalk passou a apostar em alternativas para máquinas de cartão (CloudWalk/Divulgação/Divulgação)

João Pedro Malar
João Pedro Malar

Repórter do Future of Money

Publicado em 4 de agosto de 2023 às 18h30.

Última atualização em 7 de agosto de 2023 às 10h34.

A empresa brasileira CloudWalk lançou no fim de 2022 o InfiniteTap, um produto que permite transformar qualquer smartphone em uma máquina que aceita pagamentos via cartão de crédito, débito ou Pix. E, desde então, a base de clientes da ferramenta tem crescido mês a mês. Com isso, a novidade soma um crescimento médio mensal de 123%, de acordo com dados exclusivos obtidos pela EXAME.

O sistema faz parte do chamado Tap to Pay ("Aperte para Pagar", numa tradução livre), uma lógica para meios de pagamento que busca facilitar a realização de transferências e transações pelo celular. Ao mesmo tempo, o InfiniteTap também tem contribuído para um novo movimento da CloudWalk, em um esforço para ir além, e até substituir, suas tradicionais maquininhas de cartão lançadas em 2019.

Em entrevista à EXAME, Luis Silva, CEO e fundador da CloudWalk, destacou que a InfinitePay "deixou de ser apenas uma maquininha e expandiu-se para uma plataforma robusta de serviços financeiros voltados para micro, pequenos e médios negócios". Hoje, a empresa conta com a própria máquina, a InfiniteSmart, mas também um banco digital (InfiniteBank), serviços de crédito (InfiniteCash), cartões (InfiniteCard) e a solução Tap to Pay.

Todos os produtos e serviços ficam em um mesmo aplicativo, que conta atualmente com mais de 1 milhão de clientes em 5,4 mil municípios brasileiros. Com a estratégia de ir além da maquininha, a empresa atingiu no último trimestre uma receita anual recorrente recorde, de US$ 138 milhões. "Somos o que o mercado chama de 'empresa centauro'. Captamos em rodadas de investimento US$ 350 milhões, a última delas em 2021, quando atingimos o status de unicórnio, com um valuation de US$ 2,15 bilhões", destaca Silva.

"Nossa ambição para os próximos anos é nos tornarmos uma plataforma global de serviços financeiros, oferecendo sempre o que há de mais transformador na maneira como nossos clientes lidam com dinheiro. E é aí que chegamos ao InfiniteTap, uma tecnologia que transforma smartphones em maquininhas de cartão e promete ser a próxima grande revolução tecnológica nos meios de pagamento", comenta o executivo.

Da maquininha ao smartphone

Silva lembra que, quando a InfinitePay foi lançada em 2019, o cenário de meios de pagamentos era bastante diferente no Brasil, com os comerciantes enfrentado taxas altas para serviços de máquinas de cartão. "Com uso de blockchain e machine learning, conseguimos reduzir os custos das transações — e essa economia era repassada aos donos das maquininhas", explica o CEO da CloudWalk.

Na prática, isso permitiu oferecer taxas abaixo do mercado em meio ao que era conhecido, então, como "guerra das maquininhas", marcada por disputas entre diferentes empresas no Brasil para ampliar suas fatias de mercado. A partir de 2020, porém, as coisas mudaram. Os avanços tecnológicos abriram um mundo de possibilidades para os meios de pagamentos, e um dos primeiros passos nessa jornada foi o lançamento do Pix.

O sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central "pavimentou o caminho para que milhões de micro, pequenos e médios comerciantes passassem a aceitar pagamentos pelo smartphone", comenta Silva. "Desde 2019, eu dizia que a maquininha era uma tecnologia que estava em transição e iria sumir. Veríamos em breve algo similar ao que ocorreu com as câmeras digitais mais simples ou os aparelhos de GPS, ambos substituídos pelos smartphones".

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Por que trocar a maquinha?

O CEO da CloudWalk considera que "o fim das maquininhas é uma questão de tempo", inclusive devido ao avanço das tecnologias que viabilizam o Tap to Pay. Para ele, a vantagem de sistemas como o do InfiniteTap é a rapidez e a simplicidade em relação às alternativas tradicionais. Hoje, o serviço está disponível pelo aplicativo da empresa para smartphones com Android.

O recurso permite "receber pagamentos por cartões de crédito e débito por aproximação, além de Pix, função que já existe no aplicativo. No caso da maquininha, ele precisa entrar no nosso site, fazer o pedido e aguardar alguns dias pela chegada. Além, claro, de precisar pagar um valor por ela. No caso do smartphone, o aplicativo é gratuito e não há qualquer tipo de cobrança de taxa por transação, como ocorre em serviços concorrentes".

"As taxas cobradas para débito e crédito são exatamente as mesmas para quem usa as maquininhas. Você pode ter um estabelecimento e ter todos os seus vendedores usando o InfiniteTap no smartphone sem precisar comprar várias maquininhas", destaca.

Há, ainda, um fator ambiental, elemento relevante considerando as preocupações cada vez maiores tanto na indústria quanto entre consumidores. Silva diz que "são toneladas e toneladas de plástico e lixo eletrônico que deixarão de ser produzidas nos próximos anos, num momento em que o mundo todo está discutindo seriamente como devemos migrar para uma economia de baixo carbono".

"Só de cartões de crédito e débito, segundo estimativas feitas de dados do Banco Central, são mais de 450 milhões nos últimos dez anos. Em maquininhas, o número supera 90 milhões. Hoje, já conseguimos transformar nossos cartões InfiniteCard em 100% digitais. Queremos repetir o mesmo com as maquininhas nos próximos anos", afirma o executivo.

O CEO da CloudWalk pondera que alguns clientes ainda podem preferir a maquininha em relação ao smartphone, uma troca que também deverá exigir um esforço de conscientização "não apenas dos nossos clientes mas do mercado como um todo, que hoje não está olhando a sério para essa questão do impacto ambiental".

"Acreditamos que é muito mais uma questão de mudança de hábito do que de tecnologia. Acho que no início ainda haverá quem exija receber a via impressa do pagamento. Outras pessoas ainda vão ter receio de digitar sua senha no aparelho de um terceiro. Mas tudo é uma questão de educação e conscientização", pondera.

Além disso, parte desse trabalho pode já estar sendo feita, na visão do executivo, graças ao Pix. "As pessoas já se acostumaram a transferir dinheiro umas às outras de forma rápida e prática nos smartphones. Agora podem fazer e receber pagamentos por aproximação", destaca.

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