Mercado de criptomoedas voltou a cair em 2024 (envato/Reprodução)
Agência de notícias
Publicado em 5 de julho de 2024 às 09h30.
Charles Edwards, fundador do fundo de investimentos em ativos digitais Capriole Investments, defendeu recentemente que a dificuldade do mercado de criptomoedas em iniciar um novo ciclo de alta está ligada à falta de inovação no segmento, o que está prejudicando ativos e reduzindo sua utilidade.
Em uma publicação no X, antigo Twitter, Edwards questionou: "Seja honesto. Alguém está realmente usando criptomoedas neste ciclo?". Ele afirmou que o ciclo atual do mercado de criptomoedas é o menos promissor em termos de inovações e desenvolvimento desde que a Ethereum foi lançada, em 2015.
"DeFi [finanças descentralizadas] está morta. NFTs estão mortos. Redes de segunda camada estão mortas. Jogos estão mortos. Farming está morto. ICOs [ofertas iniciais de moedas] estão mortas. A cadeia de suprimentos está morta", alegou.
Segundo Edwards, os únicos casos de uso para as criptomoedas em 2024 são investir em bitcoin como um ativo de reserva de valor e apostar no "cassino das criptomoedas memes" em busca da "perigosa promessa de riqueza instantânea".
O executivo considera que a única verdadeira inovação introduzida no atual ciclo de alta é o USDe, o dólar sintético da Ethena (ENA) que oferece um alto rendimento anual. Ele argumenta que, passados 15 anos desde a invenção do bitcoin, o único outro caso de sucesso comprovado das criptomoedas é o alto grau de adoção de stablecoins atreladas ao dólar, que se tornaram populares por oferecerem proteção contra desvalorização de moedas fiduciárias e facilitarem a transferência de fundos.
"Neste estágio do ciclo, este é o momento menos ativo que testemunhei no ecossistema de criptomoedas desde que atuo nele", disse Edwards. Apesar das críticas à indústria, o fundador da Capriole afirmou confiar no ressurgimento dos setores de DeFi e NFTs em algum momento no futuro.
Além da falta de inovação, os casos de fraude e manipulação orquestrados por grandes empresas e projetos em 2018 e 2022 podem ter traumatizado os investidores do varejo, que até agora têm permanecido à margem do mercado. Esse afastamento tem se mostrado muito prejudicial às criptomoedas alternativas ao bitcoin, afirmou Edwards.
Ele ainda terminou sua publicação com um questionamento: "Quem está de fato usando sol, ether e outras criptomoedas para qualquer coisa hoje?".
A avaliação reverberou na comunidade de criptomoedas e recebeu respostas de analistas de peso, que concordaram em parte com as observações do fundador da Capriole.
O analista Willy Woo ofereceu uma perspectiva alternativa às observações de Edwards. Ele argumentou que, além da consolidação do bitcoin como ativo de reserva de valor, as stablecoins, o ether e outras criptos com alto nível de liquidez criaram um sistema bancário alternativo e não permissionado.
Segundo Woo, o desenvolvimento da indústria está alinhado ao tempo de evolução e adoção de novas tecnologias: "Demora cerca de 10 anos até que o mundo perceba (que também é o ciclo de gestação para que empreendimentos tecnológicos ganhem escalabilidade). O bitcoin completou 10 anos em 2017, as stablecoins em 2020. As finanças não permissionadas ainda precisam chegar lá".