Ex-CEO da FTX falou em entrevista sobre a falência da corretora de criptoativos (Bloomberg/Getty Images)
Cointelegraph Brasil
Publicado em 30 de novembro de 2022 às 14h40.
O ex-CEO da FTX Sam Bankman-Fried realizou uma série de entrevistas por telefone com a vlogger de criptoativos Tiffany Fong em que falou sobre muitas das principais questões relacionadas ao colapso do exchange, que há poucas semanas era a segunda maior do mundo.
A primeira entrevista foi realizada em 6 de novembro e publicada em 29 de novembro no YouTube. “Comecei a confiar em meu instinto em coisas como essa”, disse SBF, explicando por que escolheu a figura relativamente desconhecida para falar. Fong tem menos de 10 mil inscritos em seu canal. “Aqui está alguém que vai, tipo, abordar isso de pelo menos um ponto de vista neutro e interessado”, avaliou ele sobre a vlogger.
A gravação começa com SBF dizendo que "você não entra na situação em que entramos se, tipo, tomar todas as decisões certas”. Aproveitando a deixa, Fong perguntou sobre a existência de um “backdoor” que permitia ao empresário “executar comandos que poderiam alterar os registros financeiros da empresa [FTX] sem alertar outras pessoas”.
SBF expressou surpresa com a ideia. "E isso é algo que eu estaria fazendo?" ele perguntou. “Isso eu posso te dizer definitivamente que não é verdade. Eu nem sei como programar. […] Eu literalmente nunca abri o código de nenhum produto da FTX".
O empresário também falou sobre o criptoativo nativo da exchange, o FTT: “Acho que tinha um valor real. Dito isto, existem alguns problemas. […] Acho que era basicamente mais legítimo do que muitos tokens em alguns aspectos. Era mais sustentado economicamente do que o token médio”
“A iliquidez [da FTX] não causou a queda” da exchange, na visão de Bankman-Fried. Em vez disso, ele culpa “a enorme correlação de coisas durante os movimentos do mercado, especialmente quando são desencadeados pelo medo sobre a própria posição”.
O fundador da corretora de criptoativos concordou com Fong que “a recuperação [de investimentos] parece muito pequena” para clientes internacionais, enquanto “nos EUA, é de 10%. Se a conta da Amazon não tivesse sido desativada, eles já poderiam estar se retirando".
Já sobre suas atividades políticas, o empresário disse que doou “ o mesmo para ambas as partes", se referindo aos partidos Democrata e Republicano nos EUA, ressaltando que "todas as minhas doações para republicanos não foram divulgadas".
Na segunda entrevista por telefone, sem data divulgada, SBF abordou o uso de fundos de clientes da FTX por outra empresa de criptoativos do grupo, a Alameda Research. O ex-CEO disse que deveria ter pensado mais sobre “como é um cenário cruzado hipercorrelacionado. É o jogo mais antigo do livro em finanças. […] Não havia ninguém encarregado de monitorar as posições de risco na FTX.”
Questionado sobre o impacto do colapso da FTX e do escândalo que o envolveu, SBF disse que acorda "todos os dias e penso no que aconteceu, e tenho horas por dia para refletir sobre isso. […] É diferente do que parece para as outras pessoas".
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