Ethereum concluiu a atualização Shanghai em 12 de abril (Reprodução/Reprodução)
Repórter do Future of Money
Publicado em 12 de junho de 2023 às 15h54.
Última atualização em 12 de junho de 2023 às 17h18.
A Ethereum é, atualmente, um dos mais conhecidos e usados blockchains do mercado cripto, mas ela ainda não atingiu todo o seu potencial. Essa é a análise de um dos criadores do projeto, Vitalik Buterin, que afirmou recentemente que a rede ainda precisará de pelo menos três "grandes transições técnicas" até atingir uma maturidade tecnológica total.
Em um post no seu blog na semana passada, Buterin disse que o blockchain ainda está em transição, deixando de ser uma "jovem tecnologia experimental" para se tornar uma tecnologia madura, capaz de "trazer uma experiência aberta, global e não permissionada para os usuários comuns". Para isso ocorrer, porém, ele projeta que serão necessárias três grandes atualizações.
A primeira seria uma "transição" dos usuários em direção às redes de segunda camada ligadas à Ethereum e que possuem sistemas de "rollups", aumentando a escalabilidade da rede e dos seus projetos. A segunda envolveria um foco em carteiras operadas a partir de contratos inteligentes. Já a terceira trabalharia com transações e outras operações com privacidade total.
Buterin se referiu às mudanças como o "triângulo da transição do ecossistema" do blockchain. Ele defendeu ainda que esse movimento apenas dará certo caso as três ocorram. Sem a primeira, por exemplo, o blockchain seria um fracasso devido à tendência atual de alta nas taxas de transações, que poderiam chegar até US$ 82 em um mercado de alta, na estimativa do desenvolvedor.
Já a segunda evita que os usuários da Ethereum fiquem "desconfortáveis em armazenar seus fundos (e ativos não financeiros)", o que faz com que "todos passem para exchanges centralizadas". No caso da terceira, seria possível resolver porque, atualmente, há uma busca por soluções mais centralizadas no mundo cripto, vistas como uma forma mais apropriada para garantir a proteção de privacidade de informações.
"Essas três transições são cruciais pelas razões acima. Mas também são desafiadores devido à intensa coordenação envolvida para resolvê-las adequadamente. Não são apenas os recursos do protocolo que precisam melhorar; em alguns casos, a maneira como interagimos com a Ethereum precisa mudar fundamentalmente, exigindo mudanças profundas de aplicativos e carteiras", destacou Buterin.
Na visão dele, as atualizações têm o potencial de "reformular radicalmente a relação entre usuários e endereços" do blockchain. Uma das mudanças, por exemplo, será o abandono da rede principal pela maioria dos usuários, que passarão, ao invés disso, a ter endereços nas redes de segunda camada, como a Optimism e a Arbitrum.
Por outro lado, ele diz que "as carteiras de contratos inteligentes adicionam mais complexidade, tornando muito mais difícil ter o mesmo endereço na primeira camada e nas várias redes de segunda camada", o que representa um desafio que precisaria ser superado.
Além disso, "a privacidade exige que cada usuário tenha ainda mais endereços e pode até mudar os tipos de endereços com os quais estamos lidando. Se as propostas de endereços furtivos se tornarem amplamente utilizadas, em vez de cada usuário ter apenas alguns endereços, ou um endereço por rede de segunda camada, os usuários podem ter um endereço por transação".
Nesse sentido, Buterin afirmou que as atualizações enfraqueceriam o modelo clássico da Ethereum, em que cada usuário possui um único endereço no blockchain, o que também resultaria em uma maior complexidade para a execução de cada transação realizada na rede.
Ele cita ainda questões técnicas, em especial na integração de carteiras operadas por contratos inteligentes. Na visão do desenvolvedor, resolver todos os problemas da rede, tanto atuais quanto futuros, "é difícil". "Felizmente, existe uma solução um tanto elegante que funciona razoavelmente bem: uma arquitetura que separa a lógica de verificação e o acervo de ativos".
Para Buterin, esse deve ser o caminho que a Ethereum vai seguir nas próximas atualizações, previstas para os próximos anos. O desenvolvedor acredita que isso resultará em uma rede mais eficiente, barata e segura, mas isso também exigirá reformular boa parte da infraestrutura primária e secundária do projeto.
Na visão do criador do blockchain, manter esse plano "descentralizado e compreensível para os usuários é fundamental". "Apesar dos desafios, alcançar escalabilidade, segurança de carteiras e privacidade para usuários regulares é crucial para o futuro da Ethereum. Não se trata apenas de viabilidade técnica, mas de acessibilidade real para usuários regulares. Precisamos nos levantar para enfrentar esse desafio".
A previsão atual é que a rede ganhe mais uma atualização até 2024, que terá como foco a escalabilidade da rede. Ela sucederá a Shanghai, que foi concluída em abril deste ano e teve como grande novidade a liberação de saques de ethers que estavam bloqueados no blockchain.
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