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"Estamos migrando para uma economia tokenizada", diz Roberto Campos Neto

Presidente do Banco Central destacou importância de unir Pix, Open Finance e Drex para digitalizar a intermediação financeira

João Pedro Malar
João Pedro Malar

Repórter do Future of Money

Publicado em 3 de outubro de 2024 às 18h47.

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O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta quinta-feira, 3, que o Brasil está "caminhando para uma economia tokenizada". Na visão dele, esse processo ainda não tem uma velocidade clara, mas é um "trem que já partiu", o que exige um movimento para atualizar e digitalizar o mercado financeiro brasileiro.

Campos Neto falou sobre o tema durante uma palestra na Digital Assets Conference Brazil 2024, promovida pelo Mercado Bitcoin. "Estamos migrando para uma economia tokenizada, mas não se qual é a velocidade, temos saltos e às vezes damos alguns passos para trás. Mas acho que é um trem que já partiu", ressaltou.

"Eu acho que o conceito de tokenização depende muito se vai ter uma plataforma onde os ativos vão navegar e se ela vai ser digital, porque faz toda a diferença em termos de ativos tokenizados, inclusive financeiros", comentou. Mesmo assim, ele vê o processo como "uma forma de negociar ativos com maior eficiência, então busca colocar em uma rede, um ledger, e isso dá uma eficiência".

Na visão do presidente do BC, a tokenização faz parte de uma necessidade de garantir a "digitalização da intermediação financeira do futuro", o que resultou em uma série de projetos desenvolvidos pela autarquia ao longo dos últimos anos.

"O mais importante é que [o dinheiro] seja programável, sem isso dá uma limitação muito grande se pensa que vai ter uma moeda digital que vai preferir interagir com os trilhos do sistema", pontua.

A estratégia do Banco Central foi a de criar um sistema de trilho financeiro programável para operações, o Pix, expandir a internacionalização do real, lançar o Open Finance como um sistema que "consiga gerar um marketplace de finanças com comparabilidade e portabilidade em tempo real" e então ter o Drex como componente que vai inserir a tokenização na economia.

"O Banco Central vai continuar o trabalho, independente de eu estar lá ou não. É um projeto importante, que muda a vida das pessoas", destacou.

Para o futuro, Campos Neto afirmou que o Banco Central deverá lançar o Pix Automático, para programar pagamentos, o Pix por Aproximação e o MED 2.0, um sistema que buscará facilitar a devolução de transferências via Pix.

Drex

Já no caso do Drex, o presidente da autarquia disse que o projeto é "um pouco diferente dos projetos de moeda digital que a gente vê". As vantagens do projeto, destaca, envolvem uma capacidade de reduzir custos de transações e fricções, gerar uma padronização e interoperabilidade nos serviços financeiros, uma rastreabilidade e mais transparência e uma "governança baseada em software", além de mais inclusão financeira.

Entre os desafios do projeto, Campos Neto apontou questões de escalabilidade e taxas de liquidação, com plataformas blockchains que podem ser "limitantes", uma interoperabilidade limitada e uma falta de maturidade em termos de governança, com "potencial para facilitar o crime de lavagem de dinheiro", e tecnologia, com custos operacionais.

O resultado esperado do Banco Central com o projeto é trazer "eficiência bancária, de pagamentos digitais e nos contratos e registros".

"Drex é atacado e varejo, é os dois. Um pedaço é a interação entre a instituição financeira e o Banco Central e outro pedaço que é a instituição financeira e o cliente. É os dois e ainda não dá para dizer se vai ser mais um lado ou outro. Tenho uma tendência de pensar que dado que o ativo está em uma plataforma e isso traz vantagens para as pessoas, ele pode ter muita atividade no varejo", disse.

Porém, ele ressaltou que o projeto ainda precisa superar um "muro": "Como faz privacidade, programabilidade, descentralização com escalabilidade. O desafio é que consegue fazer isso hoje, mas sem escalabilidade".

Especificamente no caso de criptomoedas, ele comentou que "o que cresce é stablecoin, não criptomoeda. Mas nós somos um Banco Central que acha que não devemos proibir, mas sim ter na base. A maioria dos bancos centrais caminha mais para restringir esse acesso".

Especificamente sobre a regulação, ele destacou que a regulação de stablecoins e tokenização deverá ser trabalhada em 2025, com foco em segregação de contas e transparência. Já a parte de regulação de provedores de ativos virtuais (VASPs, em inglês) deverá avançar ainda neste mês com uma nova consulta pública.

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