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Especialistas brasileiros indicam para onde vai o preço do bitcoin até o final do ano

Depois de um semestre conturbado e queda de mais de 70%, especialistas divergem quanto ao futuro do bitcoin

Cinco especialistas discutem possibilidades para o bitcoin em 2022 (Reprodução/Unsplash)

Cinco especialistas discutem possibilidades para o bitcoin em 2022 (Reprodução/Unsplash)

Cointelegraph Brasil

Cointelegraph Brasil

Publicado em 22 de julho de 2022 às 18h00.

Depois de um junho duro e marcado por baixas histórica e temores de uma ampla queda o preço do bitcoin voltou a dar sinais de força na segunda quinzena de julho e com isso seu valor voltou a ficar acima de US$ 23 mil com os touros lutando bravamente para defender suas posições.

Contudo em meio a este cenário a opinião dos analistas sobre como o preço do bitcoin vai se comportar até o final do ano está dividida. Alguns analistas avaliam que ainda é cedo para dizer que o período de baixa acabou enquanto outros apontam que a recuperação é iminente e que o Bitcoin deve fechar o ano novamente acima de US$ 30 mil.

“Correções nos preços sempre acontecem e vão continuar acontecendo. Após alguns anos de brilho e empolgação, é normal observarmos quedas e, de certa forma, um sentimento de descrença”, diz Rafael Lima, Head de Operações Estruturadas da Rispar, usando como referência o gráfico “Wall St. Cheat Sheet, Psychology of a Market Cycle” que representa ciclos de preços.

Para ele, o momento que estamos vivendo no mercado cripto, apesar de frustrante, pode ser considerado normal quando analisamos um passado não distante. Seguindo os estágios do gráfico, Lima acredita que o patamar “descrentes” ilustre a situação atual, em que grande parte dos participantes estão angustiados e amargurando perdas.

“O que poucos entendem, é que nestes momentos sombrios é que grandes fortunas são formadas - a famosa regra “Comprar na Baixa”. Quando se trata de Bitcoin, vejo os preços atuais como uma grande oportunidade de acumulação”, aponta.

Para o segundo semestre, o especialista acredita em uma possível recuperação.

“Existem fatores externos importantes a serem observados: a inflação global e o conflito no leste Europeu. Os bancos centrais já estão agindo para conter este problema, aumentando a taxa de juros e tirando liquidez do mercado. Em relação ao conflito, que é um tema extremamente complexo, exige um acordo diplomático que não sabemos quando acontecerá. Mas, se estes dois fatores forem solucionados, poderemos sonhar com novas máximas históricas”, acrescenta.

(Mynt/Divulgação)

Ainda é cedo para dizer que vai subir

Paulo Aragão, co-fundador do CriptoFácil, destaca que não acredita em uma alta expressiva no valor do Bitcoin até o final do ano. Ele aponta que a volatilidade deve permanecer e com isso o bitcoin deve continuar sendo negociado entre US$ 18 mil e US$ 23 mil, devido ao cenário macroeconômico global.

"Além disso os ciclos anteriores do bitcoin nos mostram que a distância entre um halving e outro é um grande fator determinante no preço do bitcoin. Por isso eu acredito que o próximo bull run deve começar o segundo semetre do ano que vem ou no primeiro semestre de 2024.

Já Paulo Boghosian, co-head do TC Cripto, aponta que assim como nos principais mercados de risco, os efeitos de liquidez causados pelas políticas contracionistas dos bancos centrais são o principal vetor de risco. Importante lembrar sempre que o mercado antecipa e precifica nas curvas de juros o comportamento futuro dos bancos centrais.

Segundo o analista, atualmente a postura desses bancos centrais é hawkish, ou seja, visa retirar liquidez das economias.

“Essa é uma postura contracionista, pois estão bastante preocupados com os efeitos da inflação global, seja pela quantidade de estímulos sem precedentes que deram nos últimos 10 anos, seja pelos efeitos das disrupções nas cadeias de suprimento globais.”

Segundo ele, espera-se que, em algum momento no terceiro ou quarto trimestre, a inflação faça pico e os bancos centrais mundiais se tornem mais preocupados com a performance das suas economias, que serão impactadas negativamente pela política contracionista atual.

“Com isso, poderemos ter uma reversão para uma postura mais dovish, com a volta às políticas mais estimulativas e, com isso, favorecendo os ativos de risco”, comenta.

Sobre as eleições que ocorrerão no segundo semestre de 2022, Boghosian aponta que costumam ser bons momentos para “dolarizar” seu patrimônio, principalmente quando o investidor está preocupado com o futuro plano de governo e suas consequências no cenário fiscal do país.

Observados todos esses pontos, o cenário para o final do ano no mercado de criptoativos, apesar de complexo, é positivo, tanto por motivos endógenos e cíclicos do mercado cripto e dos mercados globais, quanto pelo risco específico das eleições brasileiras e suas consequências para o nosso país.

Inflação é que vai definir o preço do bitcoin

Para João Canhada, CEO da Foxbit, a inflação já estava vigente no mundo mesmo antes da guerra na Ucrânia, os impactos das ações econômicas para fazer frente ao Covid foram duros, o maior ponto a ser analisado é o aumento da taxa de juros do dólar conduzida pelo Fed ao longo do ano, buscando controlar o dragão da inflação que ameaça o mundo, uma tempestade perfeita se formou e isso vai impactar diretamente o mercado cripto.

“Aqui no Brasil, temos além de toda essa instabilidade internacional as eleições que vão impactar em todos os setores, devido ao momento mais especulativo da bolsa nacional”. Para o especialista, será um ano duro para o mercado global.

O segmento de criptomoedas está chegando em um patamar em que os preços de todas as moedas estão caindo há pelo menos 6 meses, por isso, o termo “Inverno Cripto” é muito utilizado devido a forte queda das principais criptomoedas em relação ao forte pico de valorização que alcançaram no final do ano passado.

“É bom lembrar que não só as criptomoedas, mas as ações também caíram bastante, além dos títulos de renda fixa, nesse primeiro semestre de 2022”, explica Cauê Mançanares, CEO da Investo.

Além disso, o executivo explica ainda que as perspectivas para o segundo semestre vão depender de como as variáveis da economia real serão estabelecidas.

“Fatores como a guerra na Ucrânia - que impacta diária e fortemente o mercado de commodities e ações de criptomoedas, pois as pessoas colocam o medo e o risco de incerteza no valor dos ativos que compram, e a taxa de juros do FED, a mais observada do mundo, fazendo com que haja uma desvalorização dos ativos, pois as pessoas vão comprar títulos do governo americano, considerados mais seguros, e deixarão de comprar ações de tecnologia e criptomoedas”, afirma.

Por fim, Cauê reforça que alguns outros pontos podem impactar o mercado de criptomoedas nos próximos meses.

“A rede Ethereum está passando por uma transformação em que o Ethereum 2.0 pode vir ao mercado e virar uma realidade já no próximo semestre, aumentando o volume de transações e aplicações registradas nas redes de Blockchain. Então, podemos fazer uma lógica de que, a longo prazo, com maior transação e maior dinheiro adquirido, o valor das criptos também aumentarão, diferente do segundo semestre, que o prazo é curto e alta volatilidade, já que há muitos riscos ainda sendo precificados no mercado”, finaliza.

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