Defensores veem a rede Ethereum como um “computador mundial” que poderia descentralizar a internet (NurPhoto/Getty Images)
Coindesk
Publicado em 6 de setembro de 2021 às 10h09.
Ethereum é um blockchain que é fundamentalmente utilizado para apoiar a segunda maior criptomoeda por capitalização de mercado do mundo depois do bitcoin. Como outras criptomoedas, o ether pode ser utilizado para enviar e receber valores em escala global sem uma terceira parte assistindo ou interferindo inesperadamente.
A negociação de valores é o principal uso do blockchain da rede Ethereum atualmente, muitas vezes pelo seu token nativo, o ether. Mas muitos dos desenvolvedores estão trabalhando na criptomoeda por conta de seu potencial a longo prazo e da sua visão ambiciosa de usar a Ethereum para dar aos usuários maior controle de suas finanças e dados através de aplicações descentralizadas, além do uso do blockchain para hospedar smart contracts. A ideia ambiciosa – que as vezes leva a rede Ethereum a ser chamada de um “computador mundial” – sofreu sua parcela de críticas que diziam que provavelmente esse ecossistema não funcionaria. Mas se esse experimento se desenvolver como o planejado, irá gerar aplicações muito diferentes do Facebook e Google, onde os usuários confiam seus dados, cientes disso ou não.
Entusiastas da Ethereum buscam devolver o controle para os usuários com a ajuda do blockchain, uma tecnologia que descentraliza dados de modo que milhares de pessoas ao redor do mundo recebam uma cópia. Desenvolvedores podem utilizar a Ethereum para construir aplicativos que não necessitem de um controle centralizado para funcionar (dApps), o que significa que os dados de um usuário não podem ser adulterados pelos criadores do serviço.
A rede Ethereum foi proposta pela primeira vez em 2013 pelo desenvolvedor Vitalik Buterin, que tinha 19 anos na época e foi um dos pioneiros da ideia de expandir a tecnologia por trás do bitcoin, o blockchain, para além de transações.
Enquanto a rede Bitcoin foi criada com o objetivo de disruptar o online banking e as transações do dia a dia, os criadores da Ethereum buscam usar a mesma tecnologia para substituir a participação de terceiros na internet – aqueles que armazenam dados, transferem hipotecas e acompanham complexos instrumentos financeiros. Essas aplicações auxiliam as pessoas de formas inumeráveis, como quando trilham um caminho para compartilhar fotos das férias com os amigos nas redes sociais. Contudo, foram acusados de abusar desse controle ao censurar ou acidentalmente vazar dados sensíveis de usuários em hacks, para nomear alguns exemplos.
A plataforma foi oficialmente lançada em 2015, tornando a ideia da rede Ethereum real e funcionando.
Ethereum e uma internet descentralizada
Antes que você consiga entender a rede Ethereum, ajuda primeiro entender os intermediários.
Hoje os intermediários estão em todos os lugares. Por trás das câmeras, eles nos ajudam a realizar todos os tipos de tarefas digitais. O Gmail, por exemplo, nos ajuda a enviar e-mails. O PicPay, a enviar 10,00 reais para um amigo.
Isso significa que nossos dados, informações financeiras e muito além estão todos armazenados nos computadores de outras pessoas – em nuvens e servidores de companhias como o Facebook, Google ou PayPal. Até mesmo esta matéria é armazenada em um servidor controlado por terceiros.
Essa estrutura pode ser problemática, de acordo com os defensores da descentralização. Isso implica um menor controle direto para os usuários, abrindo espaço para oportunidades de censura, onde o intermediário pode interferir e impedir o usuário de qualquer ação, seja comprar uma determinada ação ou postar determinada mensagem nas redes sociais, ou todos esses juntos.
A ideia da rede Ethereum é mudar a forma como essas aplicações trabalham na internet hoje em dia, premiando os usuários com um maior controle ao substituir os intermediários por smart contracts, ou contratos inteligentes, que executam regras automaticamente.
De que forma a rede Ethereum se diferencia do Bitcoin?
O ether se inspirou no bitcoin, ambos são criptomoedas. A Ethereum usa a mesma tecnologia por trás da rede Bitcoin, o blockchain, que utiliza um ledger, livro registro público e compartilhado para descentralizar a rede, sendo assim, ela não estará sob o controle de uma única entidade.
Enquanto a rede Bitcoin é utilizada fundamentalmente para armazenar e transferir valores, a ideia por trás da Ethereum é de descentralizar outros tipos de aplicativos e serviços, desde redes sociais até acordos financeiros complexos, que podem se tornar mais simples e seguros com o uso de smart contracts.
Por que a Ethereum é chamada de “computador mundial”?
Muitos defensores enxergam a rede Ethereum como um “computador mundial” que poderia ser responsável pela descentralização da internet.
Com a rede Ethereum, servidores centralizados são substituídos por milhares dos chamados “nós” rodados por voluntários ao redor do mundo, formando assim um “computador mundial”. A expectativa é que um dia, qualquer pessoa em qualquer lugar do mundo poderá utilizá-lo.
Como uma aplicação funciona na rede Ethereum?
Rolando a tela de uma típica loja de aplicativos você irá ver uma variedade de quadrados coloridos representando desde bancos até aplicativos de mensagem. A visão a longo prazo da comunidade Ethereum é desenvolver aplicações que se pareçam exatamente como esses, mas que funcionem de forma diferente nos bastidores.
Resumidamente, o objetivo é que as aplicações na rede Ethereum retornem o controle dos dados nestes tipos de serviço para os usuários.
Quais são os próximos passos para a Ethereum?
Vale a pena notar que a Ethereum sofreu de um ceticismo saudável, ou seja, para alguns a rede ainda está longe de ser escalável, significando que ela não pode suportar muitos usuários no momento, arruinando a ideia de um “computador mundial” que disruptaria o Google, Facebook e outras plataformas centralizadas.
Ethereum 2,0, que foi lançada em primeiro de dezembro de 2020, visa resolver alguns desses problemas. Outras tecnologias escaláveis, como a Raiden – que está funcionando há anos – poderiam ajudar no problema de escalabilidade também.
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