Mineração de bitcoin consome níveis altos de energia elétrica (Bloomberg/Getty Images)
As emissões de gases de efeito estufa ligadas ao processo de mineração do bitcoin caíram 14,1% até 21 de setembro deste ano na comparação com 2021, de acordo com um estudo divulgado na terça-feira, 27, pela Universidade de Cambridge.
Os dados coletados pela instituição apontam que, desde a sua criação, o bitcoin foi responsável pela emissão de 199,65 milhões de toneladas equivalentes de dióxido de carbono. Desse total, 92% das emissões ocorreram desde 2018.
O ano de 2021 foi o que teve o maior volume de emissões da série histórica, 56,29 milhões de toneladas. Já em 2022, o acumulado até 21 de setembro é de 48,35 milhões de toneladas.
O valor, segundo o estudo, representa 0,1% de todas as emissões globais de gases de efeito estufa, e é similar ao de países como o Nepal e República Centro-Africana. Além disso, é cerca da metade das emissões ligadas à mineração de ouro, que chegam a 100,4 milhões de toneladas neste ano.
Na visão dos responsáveis pelo estudo, a queda no volume de emissões está ligada a uma lucratividade menor na mineração do bitcoin, com uma queda no consumo de eletricidade mesmo com aumento da chamada hashrate, o poder de mineração da rede.
“Dado o recente declínio acentuado na receita de mineração por unidade de poder de computação fornecida, ocorre uma mudança para hardwares mais eficientes, o que leva à aposentadoria, pelo menos temporária, de hardwares mais antigo e menos eficientes”, explica o estudo.
A mineração do bitcoin envolve a chamada prova de trabalho (proof-of-work), em que mineradores usam computadores potentes para resolver problemas matemáticos complexos e validar transações, criando novos blocos que registram movimentações financeiras.
O levantamento da Universidade de Cambridge mostra ainda que, em 2021, o gás natural e a energia nuclear ganharam espaço como fontes de energia ligadas ao processo de mineração de bitcoin.
Em 2022, o carvão continua sendo a principal fonte, com 36,6% do total, enquanto a fonte hidrelétrica possui 14,9%. Já o gás natural teve alta de 12,8% em 2020 para 23% em 2021, enquanto a energia nuclear passou de 4% para 8,9%.
Esse movimento, segundo o estudo, está ligado a um aumento da parcela de mineradores que operam nos Estados Unidos, após um esforço do governo da China em 2021 para banir a prática.
Em janeiro de 2022, dado disponível mais recente, os combustíveis fósseis foram responsáveis por 62,4% da matriz ligada à mineração de bitcoin, enquanto as fontes sustentáveis (renováveis e nuclear) tiveram 37,6% de participação.
O estudo aponta um aumento da participação de fontes não renováveis, indicando que o movimento pode estar ligado à realocação das operações de mineração de bitcoin que saíram da China para outros países, como o Cazaquistão, que possuem matrizes elétricas mais poluentes.
“A deterioração da intensidade de emissão associada ao bitcoin de 2020 a 2021 sugere que a proibição do governo chinês à mineração de criptomoedas e a mudança resultante na atividade de mineração de bitcoin para outros países impactou negativamente a pegada ambiental do bitcoin”, dizem os autores.
Ao mesmo tempo, a matriz ligada ao bitcoin se tornou mais diversa desde a realocação, com perda de espaço do carvão (de 40,4% para 38,2% em 2021) e da energia hidráulica (de 33,7% para 18,5%).
O estudo aponta que a indústria de mineração de bitcoin está “mudando constantemente”, com novas ideias e propostas voltadas à prática, como incentivo a projetos de energia renovável em países.
“O tempo dirá se essas são apenas novas ideias que não cumprem sua promessa ou se se tornarão uma parte mais integrante da indústria de mineração de bitcoin no futuro”, destacam os autores.
O estudo observa que “é mais importante do que nunca perceber que a questão da pegada ambiental do bitcoin é mais sutil e complexa do que uma rápida olhada pode sugerir”.
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