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Educação, diversidade e sustentabilidade: O caminho para as empresas de cripto do futuro

Embora a indústria de criptomoedas ainda tenha muito o que desenvolver e crescer, lembremos que a essência de cripto é descentralizar os serviços financeiros para que esses possam se converter em um bem comum

 (imaginima/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 29 de outubro de 2022 às 10h15.

Por Ana Berón*

O sucesso de longo prazo de uma empresa não é mais definido somente pelo seu modelo de negócio, sua liquidez ou rentabilidade. Para o novo consumidor, não há lugar para marcas que não promovam um impacto positivo em sua comunidade e no meio ambiente.

Já para o novo investidor, os novos colaboradores e reguladores, não basta ter um bom produto e satisfazer uma necessidade - é necessário criar um ecossistema sustentável e que transcenda. De acordo com a Deloitte, 90% da Geração Z e dos millenials se esforçam para reduzir seu impacto pessoal no meio ambiente.

Eles se caracterizam por não acreditar que as empresas e os governos estejam tão comprometidos e destacam a pressão que exercem sobre seus próprios empregadores para tomar medidas. Por outro lado, cerca de 80% dos investidores entrevistados pela Price Waterhouse Cooper afirmam que os critérios de ESG (Ambiental, Social e Governança, suas siglas em inglês) formam uma parte importante em sua tomada de decisão.

(Mynt/Divulgação)

Embora a indústria de criptomoedas ainda tenha muito o que desenvolver e crescer, lembremos que a essência de cripto é descentralizar os serviços financeiros para que esses possam se converter em um bem comum, tal como a internet hoje é uma ferramenta de comunicação que não pertence a ninguém e pode beneficiar o mundo todo.

Assim, não há momento mais oportuno para que a indústria cripto adote compromissos e ações de ESG que devam acompanhar o seu crescimento e formar parte de sua estratégia de negócios. Mas, como estabelecer as bases ou padrões que ajudem as empresas cripto a avançar neste caminho? Como fomentar a democratização, a acessibilidade e o acesso quando falamos de serviços financeiros e tecnológicos através de produtos sustentáveis?

Os três seguintes pontos partem da experiência da Bitso na construção do programa Crypto for Good, desenhado para ajudar as empresas de criptomoedas a adotar iniciativas ESG mais efetivas que impactem diretamente nas populações vulneráveis e que possam se beneficiar mais da tecnologia blockchain.

1. Educação: Democratizar o acesso à tecnologia e à educação financeira. Muito se sabe que a educação financeira pode ajudar as pessoas a proteger e administrar melhor seu dinheiro, assim como a educação digital as pode ajudar a prevenir fraudes e otimizar seu tempo e recursos.

A educação ao redor das criptomoedas é uma mescla desses dois mundos e nos possibilita navegar entre seus benefícios com maior certeza e clareza. É responsabilidade das empresas de cripto fomentar o conhecimento sobre as criptomoedas e fornecer aos seus clientes informações fidedignas e fáceis de entender que sejam acompanhadas por produtos e ferramentas amigáveis e intuitivas.

Criar um plano de educação em cripto para clientes, ONGs, Universidades e instituições educacionais, e o público em geral, contribuirá para que mais pessoas conheçam os benefícios e os riscos de cripto e possam tomar decisões mais seguras e com confiança na hora de utilizar essa tecnologia.

2. Diversidade, equidade e inclusão: Fechar a brecha de gênero e criar produtos inclusivos. Parte da visão dos criptonautas é que as criptomoedas são moedas universais. Essa universalidade não se pode conseguir com uma brecha de gênero tão significativa onde 78% dos usuários são homens, de acordo com um estudo da organização MyBFF.

Esse número deixa evidente que há uma responsabilidade por atender e conseguir que a adoção de criptomoedas se dê de maneira mais uniforme. Os esforços de inclusão das empresas serão chaves para fechar as brechas. Mas como mudamos uma indústria que conta com um histórico tão profundo liderado pelo gênero masculino?

Primeiro, olhando para dentro, gerando espaços nas companhias para que as mulheres possam se desenvolver e crescer, fornecendo oportunidades que promovam a equidade, eliminando a tendência inconsciente, e desenvolvendo mais líderes mulheres, por exemplo, com programas de mentoria.

Logo, olhando para fora, apontando para uma educação estratégica para não perpetuar as desigualdades já enraizadas. As mulheres, as comunidades rurais e aqueles com menos acesso à educação tradicional deveriam estar à frente dos destinatários da educação cripto.

3. Sustentabilidade: Fomentar redes sustentáveis e reduzir a pegada de carbono.
Como todas as indústrias, a de cripto também leva sua parte na hora de pensar na pegada de carbono que este setor deixa com suas operações diárias.

Não é um segredo que a mineração de Bitcoin gera um alto consumo de energia. Contudo, o desenvolvimento da tecnologia cripto tem demonstrado que é questão de evolução e compromisso reduzir o impacto ambiental da indústria. Por exemplo, o Bitcoin está ganhando espaço como um complemento importante para as energias renováveis, e um número crescente de centros de mineração de Bitcoin está recorrendo a energias renováveis como sua fonte de energia.

Assim, o Bitcoin Mining Council estima que ao redor de 58% da mescla de energia utilizada para minerar Bitcoin é sustentável.Além disso, a segunda rede de criptomoedas com maior capitalização de mercado, Ethereum, recentemente se converteu em uma rede amigável com o meio ambiente. Isto é algo que veremos cada vez mais na indústria.

Com a aparição do bitcoin e da tecnologia blockchain surgiu também uma alternativa às estruturas de poder centralizadas das finanças tradicionais. A tecnologia blockchain prometia transparência e descentralização e, o bitcoin, por sua vez, prometeu um novo sistema pensado em incluir aqueles que tinham sido excluídos pelas instituições financeiras tradicionais.

Com o tempo, essas promessas estão se tornando realidade. E agora, mais de uma década depois que a tecnologia blockchain começou a revolucionar o mundo das finanças, é importante que as empresas na vanguarda do processo não percam de vista os valores que fizeram com que a tecnologia ganhasse seguidores em primeiro lugar.

*Ana Berón, Especialista em Corporate Affairs da Bitso.

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