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Economia do futuro será híbrida e governos buscam integrar cripto, diz executiva da Mastercard

Em entrevista, executiva da Mastercard diz acreditar que as "criptomoedas vieram para ficar"

 (envato/Reprodução)

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Gabriel Rubinsteinn
Gabriel Rubinsteinn

Editor do Future of Money

Publicado em 29 de novembro de 2023 às 14h00.

"As criptomoedas vieram para ficar". A frase é comum entre entusiastas do Bitcoin e da tecnologia blockchain, mas tem sido dita cada vez mais por vozes proeminentes do mercado financeiro tradicional. É o caso de Kiki de Valle, executiva da Mastercard que expressou uma visão de economia híbrida para o futuro do dinheiro, unindo criptomoedas e moedas convencionais.

"Mais de 90 governos já estão pensando em como criar uma economia hibrida com criptomoedas, muitos deles trabalhando para isso", disse Kiki, em conversa durante o Fórum de Inovação promovido pela gigante de pagamentos em Miami (EUA).

Segundo a executiva, não apenas muitos governos trabalham neste sentido, mas também grandes empresas, inclusive a própria Mastercard: "Enxergamos a utilidade das criptomoedas e da tecnologia subjacente, e atuamos em diversas frentes neste ecossistema".

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Kiki citou a colaboração da Mastercard com as exchanges, como são chamadas as corretoras cripto, permitindo que investidores usem seus cartões para comprar os ativos digitais e também oferecendo soluções para saque ou utilização dos mesmos.

A segunda frente, de acordo com ela, é oferecer segurança no ambiente dos criptoativos: "Com a Cyphertrace [empresa de análise de dados on-chain adquirida pela Mastercard em 2021], trabalhamos tanto com os bancos quanto com os governos para rastrear informações em blockchain e ajudar a melhor a segurança desse ecossistema".

Kiki também afirmou que a Mastercard oferece um sandbox, como são chamados ambientes controlados de teste para aplicações digitais, focado apenas em criptoativos e oferecido a empresas e governos do mundo todo e, por último, ressaltou a importância das stablecoins para a economia do futuro.

"Atualmente, assim como temos o real, o dólar, o euro e tantas moedas na nossa rede de pagamentos, também é possível realizar transações com stablecoins na rede Mastercard", afirmou, citando a integração oficializada no início de 2023 e ainda pouco explorada pela companhia - o que, de acordo com a executiva, deve mudar em breve, em especial em regiões que enfrentam crises econômicas, como alguns países latino-americanos.

Além disso, a Mastercard também possui diversas empresas relacionadas à tecnologia blockchain em seus programas de desenvolvimento de startups e outros projetos de consultoria e investimento.

Carteiras digitais e pagamentos sem contato para todos

A digitalização da economia não se baseia apenas na integração de criptoativos à economia tradicional. Segundo a Mastercard, independentemente do avanço da tecnologia blockchain, o uso de meios de pagamento e de transações digitais está consolidado.

Segundo Kiki de Valle, a América Latina vive uma "proliferação de carteiras digitais", motivadas principalmente pela comodidade de reunir diferentes meios de pagamento em um só lugar.

Citando os quatro maiores players deste mercado na região - PicPay, Recarga Pay, Mercado Pago e PayPal - ela afirma que, atualmente, 50% da população latino-americana já tem conta em pelo menos uma empresa que oferece esse tipo de produto. A expectativa, no entanto, é que o número chegue a 92% até 2026, o que colocaria a região entre as mais digitalizadas do mundo.

Ela também citou os pagamentos sem contato (ou "contactless", em inglês) como mostra da mudança de comportamento dos consumidores desde o início da pandemia em 2020. Segundo Kiki, antes da pandemia, apenas 4% das transações na rede Mastercard vinham de métodos "contactless", sejam transações via carteiras digitais ou com uso de cartões por aproximação. Atualmente, o número passa de 60%.

Já as transações online saltaram mais de 50% desde o início da pandemia. Antes, representavam menos de 20% do total de transações da rede Mastercard, hoje superam os 33%.

"E esse crescimento continua, não é algo que aconteceu apenas durante a pandemia. É um novo comportamento, não vai voltar atrás", finalizou.

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