Novas ferramentas de Inteligência Artificial já se tornaram essenciais para potencializar os resultados de marketing (Getty Images/Reprodução)
Redação Exame
Publicado em 6 de agosto de 2023 às 10h00.
Sabemos que os limites entre o real e o digital estão se estreitando. Muitas pontes entre esses mundos vêm sendo erguidas e fortificadas com a evolução da tecnologia.
No universo do blockchain, a tokenização é a ferramenta que tem o poder de construir e sedimentar esse canal.
Se os futuristas preveem que grande parte da nossa vida estará atrelada ao digital, faz muito sentido que os bens que possuímos aqui fora ganhem representação nesse ambiente.
Por isso, o movimento de tokenização de ativos do mundo real tem mostrado tração e, embora esbarre em algumas dificuldades, principalmente regulatórias, estima-se que o mercado de RWA (Real World Assets ou Off-Chain Assets) atinja US$ 16 trilhões até 2030, de acordo com o Boston Consulting Group. Até o final da década, essa projeção resultaria na tokenização de ativos correspondente a 10% do PIB global.
Faz tempo que dou palestras em torno do tema e sempre digo: quase tudo pode ser tokenizado.
Só para se ter uma ideia, li recentemente aqui na Exame que empresas resolveram “tokenizar humanos”. Soou muito Black Mirror? Mas já é realidade, pessoal.
A tokenização dos ativos do mundo real oferece a possibilidade de dividir a propriedade em unidades menores, criando, dessa forma, o que chamamos de propriedade fracionada.
Assim, os tokens digitais criados podem ser negociados, através de alguns cliques, em plataformas baseadas em blockchain, tornando a compra, a venda e a transferência de propriedade muito mais simples e eficiente.
A “tokenização de tudo” é uma forte tendência e, se o conceito ainda parece vago para você, deixo a seguir uma lista de ativos - incluindo tangíveis e intangíveis - que podem ser tokenizados.
Imóveis residenciais: a tokenização de casas e apartamentos, por exemplo, desburocratiza e torna muito mais acessível o investimento em imóveis, já que permite aos compradores adquirir frações das propriedades. É uma boa oportunidade também para quem deseja diversificar o portfólio.
Imóveis comerciais: prédios comerciais, como escritórios e shoppings, também podem ser tokenizados. Esses empreendimentos costumam ser de grande porte e o valor de entrada geralmente é alto. Com a tokenização, é possível comprar frações dos imóveis por preços bem mais em conta, abrindo portas para a chegada de mais investidores aos negócios.
Arte: além de criar um registro digital de uma obra de arte, o que facilita a comprovação de propriedade e a verificação de autenticidade, a tokenização de obras de arte gera oportunidades de investimento em frações de pinturas, esculturas e outros itens de valor artístico. Assim, o mercado de arte deixa de ser hermético para virar mais democrático, acessível e, consequentemente, mais líquido.
Carros colecionáveis: os carros colecionáveis e de luxo sempre foram uma classe de ativos restrita aos milionários, mas a tokenização tornou possível investir em veículos exclusivos com pouco dinheiro.
Títulos e valores mobiliários: títulos e valores mobiliários tradicionais, como ações e títulos de dívida, podem ser tokenizados para simplificar o processo de negociação e transferência de propriedade.
Propriedades intelectuais: a tokenização de direitos autorais, patentes e marcas registradas permitem aos criadores monetizar seus ativos intelectuais de maneira muito mais eficiente.
Recursos naturais: ouro, prata, petróleo e minérios também podem ser representados como tokens. Para exemplificar, no ano passado, a República Centro-Africana, conhecida por suas jazidas minerais como diamante e cobre, anunciou um projeto de tokenização de seus recursos para atrair investimentos internacionais.
Bens agrícolas: ativos agrícolas, como terras e colheitas, podem ser tokenizados para facilitar o investimento no setor. Hoje, já existe um movimento interessante no mercado de grãos, no qual os agricultores estão transformando suas produções de milho, trigo e soja em tokens para trocar por insumos, serviços ou outros bens.
Investimentos em startups: a tokenização representa uma maneira inovadora de financiar novas empresas, principalmente em estágios iniciais, já que no começo costumam enfrentar dificuldade para levantar capital no mercado. No Brasil, a Mercado de Startups, da SMU Investimentos, é um exemplo de plataforma que aposta nesse modelo.
Dívida de infraestrutura: Estradas, pontes e portos podem ser financiados por meio da tokenização de dívidas. Os investidores podem comprar tokens que representam a dívida do projeto e receber retornos sobre os pagamentos de juros ao longo do tempo.
Chegamos ao fim da nossa lista por ora, mas sem dúvida daria para continuar. Como a minha proposta era apenas provar o meu ponto, acho que com os dez tópicos acima vocês já conseguiram pegar a visão, certo?
Fica claro que as vantagens da tokenização de ativos do mundo real vão muito além do ambiente cripto. Inclusive, saiu esses dias um novo estudo da The Block Research sobre o tema que estrutura esses benefícios em três grandes grupos, como explico abaixo. Observem que o estudo chama ativos do mundo real (RWA) de ativos off-chain (OCAs).
A tokenização implica uma grande mudança de paradigma. E, na contramão de sua fama, não é um fenômeno circunscrito ao universo cripto. À medida que a tecnologia evolui, e a mentalidade também, tem potencial para causar uma profunda revolução na indústria e na economia como a conhecemos.
*Felippe Percigo é um investidor especializado na área de criptoativos, professor de MBA em Finanças Digitais e educa diariamente, por meio da sua plataforma e redes sociais, mais de 100.000 pessoas a investirem no universo cripto com segurança.
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