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‘Drexit’: funcionários do BC protestam por reajuste salarial e Drex pode ser afetado

Falta de concursos, salários e outros problemas no Banco Central geram movimento ‘Drexit’ e protestos de funcionários; projeto de moeda digital do BC pode ser afetado

Sede do Banco Central, em Brasília (Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)

Sede do Banco Central, em Brasília (Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)

Publicado em 7 de dezembro de 2023 às 15h11.

Última atualização em 7 de dezembro de 2023 às 17h09.

Nesta quinta-feira, 7, funcionários do Banco Central protestaram durante o “Encontro Anual Drex” organizado pela autarquia para debater o projeto da moeda digital brasileira com previsão de lançamento em 2024.

Durante a fala de Fábio Araújo, coordenador do Drex, a platéia reunida na sede do Banco Central em Brasília levantou placas com as palavras “#Drexit” e "#Valorização”.

A EXAME solicitou um posicionamento ao Banco Central sobre o tema, mas a autarquia afirmou que não vai comentar sobre o assunto no momento.

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O que é o Drexit?

O movimento dos funcionários do BC foi apelidado de “Drexit”, uma mistura dos nomes Drex e “Exit”, ou “saída” em inglês. A expressão também faz uma clara referência ao “Brexit”, movimento que culminou na saída do Reino Unido da União Europeia.

Os protestos dos funcionários do Banco Central são causados por problemas envolvendo salários e condições de trabalho. Reportagens apontam para uma saída significativa de funcionários importantes para o desenvolvimento de projetos como o Drex.

Saída de funcionários do BC

Recentemente, Bruno Batavia, que trabalhava no projeto do Drex, deixou o Banco Central para assumir um cargo na área de inovação da gestora Valor Capital. Outros 150 funcionários do BC estão inscritos no concurso da Câmara dos Deputados deste mês de dezembro.

O próprio interesse das empresas e instituições financeiras no Drex pode colaborar para a evasão de funcionários do Banco Central. Isso porque o Drex também gera uma demanda de funcionários especializados nas instituições privadas.

Dessa forma, o movimento “Drexit” pode acabar prejudicando o desenvolvimento do Drex por parte do Banco Central. Fábio Araújo, coordenador do projeto, já havia citado dificuldades no projeto em entrevista exclusiva à EXAME durante o “Especial: Real Digital” em novembro:

“É um desafio grande, mas tem um outro elemento, o RH do banco, que temos dificuldades. Isso não impactou tanto ainda, mas tem dificuldade. Não estamos funcionando em toda a velocidade quanto gostaríamos, envolve fazer hora extra. Não conseguimos engajar como seria o ideal. Reduz um pouco a velocidade”, disse Fábio Araújo.

No total o BC pode ter até 6.470 funcionários. No entanto, atualmente o BC conta com 3.300 servidores em atividade, sendo que 692 vão se aposentar em breve. Em média, os funcionários do Banco Central ganham em torno de R$ 20.924,80 a R$ 29.832,94 (analistas com nível superior) e de R$ 7.938,81 a R$ 13.640,89 técnicos (profissionais com ensino médio).

O que está acontecendo com os funcionários do BC?

Em entrevista exclusiva à EXAME, o presidente do Sindicato Nacional dos Funcionáriso do Banco Central (Sinal) Fábio Faiad explicou que os funcionários da autarquia adotaram há cinco meses a chamada “operação padrão”. Nela, o banco funciona normalmente, mas novos projetos e entregas são atrasados, inclusive envolvendo o Drex.

Ele afirma que “o Banco Central , tem um padrão de entrega para a sociedade, de Pix, Drex, Open Finance, uma boa supervisão bancária, uma política monetária ajustada, mas para manter isso precisa de alta qualificação e servidores com valorização”.

Entretanto, a avaliação de funcionários da autarquia é que outras carreiras, tanto no setor público quanto no privado, estão mais competitivas e vantajosas, o que tem levado a uma perda de funcionários. Esse movimento de saída foi batizado de “Drexit”, uma combinação de Drex e Exit, palavra em inglês para saída.

“O  Banco Central está enfrentando uma crise, está virando um centro de treinamento de luxo, onde as pessoas aprendem, se qualificam, fazem networking e então levam tudo embora”, argumenta. Por isso, a principal reivindicação dos funcionários é um reajuste salarial, assim como a reorganização de algumas carreiras e mudanças nos requisitos para contratação.

Uma das áreas mais ameaçadas, comenta, é de tecnologia e informática: “Nesses casos, o mercado externo é forte, e esses profissionais, como podem trabalhar de forma remota, podem ser contratado por qualquer empresa do mundo. É uma área complicada, inclusive para Drex, Pix e outras áreas normais do banco”.

Faiad explica que, enquanto isso não for resolvido, novos concursos não serão reivindicados, já que não resolveriam o problema. No caso do Drex, ele diz que os protestos dos funcionários resultaram no cancelamento de reuniões e demora para conclusão de módulos de desenvolvimento.

Esse cenário pode se estender em 2024, postergando o desenvolvimento do Drex. “A movimentação para trabalhar nele [o Drex] fica mais baixa e o pessoal vai demorar mais para fazer as entregas, mesma coisa com o Pix. Ele não vai parar de funcionar, mas vai atrasar o que está previsto para ser entregue”, ressalta.

Segundo o presidente do Sinal, o governo federal se comprometeu a entregar nas próximas semanas uma proposta concreta para os funcionários. Até lá, a operação padrão será mantida. Se o compromisso não for cumprido, Faiad diz que os funcionários avaliarão uma possível greve, o que atrasaria ainda mais projetos como o Drex.

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