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Drex "irá além do Pix" e será o novo sistema financeiro do Brasil, diz coordenador no BC

Projeto de criação da versão digital do real busca impulsionar a "democratização do mercado financeiro" brasileiro, segundo Fabio Araujo

João Pedro Malar
João Pedro Malar

Repórter do Future of Money

Publicado em 3 de outubro de 2024 às 12h55.

Última atualização em 4 de outubro de 2024 às 11h28.

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O coordenador do Drex no Banco Central, Fabio Araujo, afirmou nesta quinta-feira, 3, que a versão digital do real deverá "ir além do Pix" e servir na prática como uma infraestrutura pública digital que vai oferecer novas funcionalidades e possibilidades para o mercado, na prática impulsionando a "democratização do mercado financeiro".

Segundo Araujo, que participou do 2º Fórum Ativos Digitais, promovido pela Cantarino Brasileiro e pelo Blocknews, o foco do projeto é em "reduzir custos e aumentar a concorrência" para facilitar a entrada de novos agentes no mercado. Com isso, haverá a criação de uma "plataforma com interoperabilidade, componibilidade de forma conjunta".

"O objetivo de longo prazo do Drex é ser o sistema financeiro brasileiro, onde todas as negociações vão acontecer. É algo que leva tempo, que não vai acontecer da noite para o dia, e que depende do avanço da tecnologia", destacou.

Araujo destacou, porém, que será preciso "alinhar os interesses econômicos" para garantir a interoperabilidade do projeto. Além disso, ele afirmou que "a privacidade é um desafio sem solução fácil", com o Banco Central percebendo que "era preciso cutucar as empresas do mercado", com uma discussão que "avançou bastante, mas a gente ainda não chegou a uma solução adequada para as exigências brasileiras".

"Os riscos técnicos certamente podem barrar o projeto, é algo natural. Diferente de outros projetos que a gente fez, não tem respostas prontas", destacou o coordenador do Drex. Na visão dele, isso é resultado do Brasil "estar na ponta" da inovação e incorporação de tecnologias no setor financeiro.

Sem compartilhar um prazo específico para a chegada do projeto à população, Araujo disse que "ir para produção ainda vai demorar bastante tempo. O que a gente tem tentado fazer é levar para testes com a população para ver como ela reage, até para determinar a escalabilidade do projeto", mas isso não ocorrerá enquanto o projeto não tiver uma solução de privacidade.

Já sobre a segunda fase do piloto, que teve início no final de setembro, Araujo explicou que "a gente [Banco Central] já conseguiu amadurecer tudo que conseguiria sem o mercado, então agora a ideia é abrir para o mercado nos ajudar".

As primeiras reuniões com os participantes da nova fase deverão ocorrer na próxima semana, quando também deverá ser aberta uma chamada para novos participantes do mercado. Os modelos e casos de uso propostos e aprovados deverão ser implementados no início de 2025 e então testados.

"Qualquer coisa que possa ser registrada como um ativo para negociação pode ser trazido [para a plataforma do Drex], mas precisa ter o regulador correspondente", destacou o coordenador. Araujo comentou que o BC já fechou uma parceria com a CVM e também está em conversas com reguladores do mercado imobiliário e de registros de automóveis.

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Objetivo do Drex

Ele pontuou que a tecnologia por trás do projeto é "ótima" para fazer contratos, e por isso o Drex "vai ser muito mais que uma moeda. É um ecossistema público, uma infraestrutura pública digital para que os participantes do mercado podem usar para oferecer serviços para a população".

Segundo Araujo, desde o início do projeto o Banco Central entendeu que a iniciativa "precisava fazer mais que só pagamentos instantâneos. Acho que a tecnologia não é a mais adequada, a melhor forma para pagamentos instantâneos. Então só a moeda não dá. Mesmo que adote vários modelos não vai extrair muita coisa além do que a gente tem. O Pix já resolveu os problemas de acesso do usuário final e de pagamentos".

A partir disso, o Banco Central definiu a característica de programabilidade da tecnologia como um "aspecto fundamental". "A gente deu sorte que, no início de 2021, o ecossistema de DeFi [finanças descentralizadas] estava explodindo e viu toda a flexibilidade da tecnologia, para o bem e para o mal. Essa programabilidade, automação, essa possibilidade de utilização natural de código, são coisas que a gente não tem e aí a gente se inspirou no que estava acontecendo nesse ambiente".

O Drex, afirma Araujo, será um "sistema feito para interoperar, já ganha de início as características de Open Finance e consegue abrir mais o mercado, facilitar o acesso, o surgimento de soluções abertas de pagamento. Hoje tem soluções fechadas de pagamento, que exigem uma associação a uma empresa. Essa tecnologia abre isso, qualquer um pode ser um agente de pagamento".

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