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Drex impulsiona "nova forma de enxergar o dinheiro e usar serviços financeiros", diz PwC

Em entrevista à EXAME, sócio da consultoria no Brasil ressalta avanço no projeto de criação de uma CBDC brasileira

Drex pode ser lançado em 2025 (Banco Central/Divulgação/Divulgação)

Drex pode ser lançado em 2025 (Banco Central/Divulgação/Divulgação)

João Pedro Malar
João Pedro Malar

Repórter do Future of Money

Publicado em 25 de abril de 2024 às 06h00.

O Drex tem o potencial para "ajudar na revolução digital, acelerar uma nova forma de enxergar o dinheiro e de utilização de produtos e serviços financeiros". É o que afirma Eliseu Tudisco, sócio da consultoria PwC no Brasil, com base em um relatório produzido pela empresa e divulgado com exclusividade pela EXAME.

O material, intitulado "Drex redefine o futuro do dinheiro", analisa o andamento do projeto do Banco Central, comparando-o com outras iniciativas de criação de moedas digitais de bancos centrais (CBDCs, na sigla em inglês) e considerando possíveis casos de uso futuros para a iniciativa, ainda em fase de testes com uma versão piloto.

Entre os destaques do estudo, Tudisco pontua que "o Brasil, comparado com outras geografias, não é o mais avançado no desenvolvimento de uma CBDC, mas está entre os mais avançados". Uma das principais diferenças do projeto brasileiro é o uso de uma rede de processamento descentralizada, mas permissionada, em que toda a emissão da moeda é feita pelo BC, ajudando a "garantir a segurança e integridade no ecossistema".

É uma estratégia diferente, por exemplo, dos projetos de CBDC em andamento na China e na Índia, mas um diferencial que se tornou o "grande ponto de destaque" da iniciativa, afirma o executivo. "O Banco Central vai conseguir controlar e definir muito claramente quem realmente pode participar e vai ter um monitoramento mais efetivo do ecossistema, com segurança e confiabilidade".

Ao mesmo tempo, o relatório da PwC apresenta um "trilema" que tem atrapalhado o avanço do Drex: como equilibrar privacidade, programabilidade e descentralização. Tudisco explica que "o grande desafio é que você consegue manter um anonimato na rede, mas dependendo do nível de informação que tem sobre o usuário, tem uma rastreabilidade das transações, não consegue manter anônimo".

"A grande questão que o Banco Central tem perseguido é pensar em transações de menor valor, buscando manter um anonimato. Pensando em adoção, na perspectiva de varejo, sem anonimato vai ser difícil vencer essa barreira cultural. Por mais que o Drex seja uma solução digital, mega eficiente, se a população achar que vai ser monitorada o tempo todo, vai se criar uma barreira na utilização", pontua.

No momento, a expectativa da PwC é que o lançamento da CBDC brasileira ocorra de forma escalonada, em uma estratégia semelhante à do Open Finance, o que faz sentido considerando a "complexidade do tema". Mesmo assim, o sócio da PwC acredita que um primeiro lançamento irá ocorrer ainda em 2025.

Esse primeiro lançamento deve refletir um foco do Banco Central no "ecossistema de atacado", com grandes transações. O motivo para um foco menor no varejo, segundo Tudisco, é que o Pix já consegue atender a diversos problemas que poderiam ser atacados pelo Drex.

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"O Drex tem um foco mais de inovação e novos serviços, com tokenização, contratos inteligentes, e tem sido visto como um trampolim para a inovação", diz. Nesse sentido, a PwC aponta três grandes grupos de casos de uso para o projeto.

O primeiro será com os contratos inteligentes criados na plataforma, em especial para transferências de bens e ativos financeiros, que poderão ocorrer "de forma digital e automática, digitalizando e otimizando esses processos". O segundo é a possibilidade parametrizar contratos e definir metas para antecipação de pagamentos, como de salários. Já o último será a possibilidade de realizar pagamentos digitais sem conexão com a internet, criando novos produtos e serviços.

Mas, antes de chegar a esses casos, o sócio da PwC aponta um "desafio gigantesco de transição. No longo prazo, quando tudo estiver rodando certinho, vai ser lindo, mas a questão é como sair do analógico e passar para isso. Essa transição promete ter desafios relevantes".

Por outro lado, Tudisco acredita que o Banco Central tem se afastado da ideia do "Super App" - formado pelo Drex, Open Finance e Pix - e pensado mais na criação desses três pilares e suas interconexões. O Drex, por exemplo, surge com foco na "inovação e diversificação na oferta e consumo de produtos e serviços financeiros" e pode "turbinar" o Pix, em especial ao permitir os pagamentos offline.

"A questão é conseguir criar esse ecossistema, mas fomentando competição e principalmente inclusão. Mas é algo de longo prazo. A agenda que o BC sempre tem buscado é reduzir a utilização do dinheiro físico, não eliminar, mas já conseguiu parcialmente isso com o Pix. O Drex prevê possibilitar uma digitalização bastante grande não só no uso do dinheiro, na parte transacional, mas a integração com outros produtos e serviços, como de crédito e seguros, criando um ecossistema integrado digital multisserviços", explica.

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