(SOPA Images/Getty Images)
Gabriel Rubinsteinn
Publicado em 11 de fevereiro de 2021 às 11h52.
O BNY Mellon, banco de investimentos com mais de 41 trilhões de dólares (cerca de 220 trilhões de reais) em ativos, anunciou nesta quinta-feira, 11, sua entrada no mercado de criptoativos. A resposta dos investidores foi imediata, levando o bitcoin a registrar um novo recorde de preço, acima de 48 mil dólares, e as ações do banco à um movimento de alta de mais de 4%.
“O BNY Mellon tem orgulho de ser o primeiro banco global a anunciar planos para fornecer um serviço integrado para ativos digitais”, disse Roman Regelman, CEO de serviços de ativos e chefe digital do BNY Mellon, disse, em comunicado à imprensa. “A crescente demanda dos clientes por ativos digitais, a maturidade de soluções avançadas e a melhoria da clareza regulatória apresentam uma grande oportunidade para estendermos nossas ofertas de serviços atuais a esse campo emergente”, acrescentou.
Segundo o anúncio, o banco norte-americano permitirá que os ativos digitais utilizem a mesma rede financeira pelas quais circulam ativos tradicionais, como títulos do Tesouro dos EUA e ações. Inicialmente, a instituilção vai lançar uma unidade para custódia digital, ainda em 2021, com o objetivo de ajudar os clientes a lidar com criptomoedas. “A plataforma que construímos atenderia a qualquer um desses ativos”, disse Mike Demissie, chefe de soluções avançadas do BNY Mellon, em entrevista ao CoinDesk.
De acordo com ele, a nova unidade do banco “será impulsionada pelo interesse e pela demanda dos clientes", acrescentando que a companhia também ficará atenta às atividades regulatórias "para garantir que ofereçam suporte apenas aos ativos permitidos em um mercado específico”.
Demissie falou ainda que a oferta de custódia do BNY Mellon está sendo desenvolvida com parceiros externos ligados ao mercado de criptoativos. Apesar de não dizer com quais empresas o banco trabalha no desenvolvimento da plataforma, afirmou que "com certeza não estão desenvolvendo tudo do zero".
Existe também a possibilidade de o banco passar a oferecer outros produtos e serviços ligados aos criptoativos: "Tudo se resume ao que os nossos clientes exigem de nós. Então não se trata apenas de guardar esses ativos em segurança, eles querem alavancá-los para fins de empréstimo, querem alavancá-los como garantia. Por isso, também estamos analisando a emissão de ativos digitais, como títulos tokenizados, ativos reais", disse Demissie.
Caroline Butler, chefe de custódia do BNY Mellon, indicou que esta é uma possibilidade real: "Devemos aproveitar a nossa capacidade de conectar nossos pacotes de produtos com ativos digitais como uma classe de ativos", disse. "Se os clientes querem emprestar ou tomar empréstimo com bitcoin e dólar, esse é o nível de interoperabilidade que precisamos ser capazes de fornecer", completou.
A entrada de empresas do mercado financeiro tradicional e de investidores institucionais no mercado de criptoativos é apontada por especialistas como a principal razão para a alta no preço dos ativos digitais desde meados de setembro de 2020. Outros bancos, como Citi e JPMorgan, também já anunciaram planos para oferecer serviços ligados aos ativos digitais.
O movimento do BNY Mellon, banco mais antigo dos EUA, representa um passo significativo das instituições de custódia do país, cuja especialidade é proteger os ativos financeiros dos seus clientes, sejam negócios ou indivíduos.
Após o anúncio do BNY Mellon, que veio à tona pouco depois da Mastercard divulgar que integrará criptomoedas à sua rede, o mercado reagiu quase imediatamente, levando o bitcoin a um novo recorde, acima de 48 mil dólares.
A principal criptomoeda do mundo, que vinha sendo negociada perto de 46 mil dólares na noite da quarta-feira, subiu pouco mais de 5% até atingir sua nova máxima histórica.
Nas exchanges brasileiras, o bitcoin também atingiu o preço mais alto de todos os tempos, cotado acima de 258 mil reais nas plataformas de negociação brasileiras.
No momento, após um leve recuo, a criptomoeda é negociada a 47.500 dólares no mercado internacional e 256 mil reais nas corretoras de criptoativos brasileiras.
No curso "Decifrando as Criptomoedas" da EXAME Academy, Nicholas Sacchi, head de criptoativos da Exame, mergulha no universo de criptoativos, com o objetivo de desmistificar e trazer clareza sobre o funcionamento. O especialista usa como exemplo o jogo Monopoly para mostrar quem são as empresas que estão atentas a essa tecnologia, além de ensinar como comprar criptoativos. Confira.