Sam Bankman-Fried, dono da FTX, se tornou a pessoa mais jovem a superar marca de US$ 1 bilhão em patrimônio (FTX/Reprodução/Reprodução)
Em 2021, Sam Bankman-Fried foi apontado por publicações internacionais "homem do ano" no mercado cripto. Com uma fortuna então estimada em US$ 14 bilhões (R$ 72,3 bilhões, na cotação atual), o CEO da corretora cripto FTX era visto como um dos mais importantes nomes do setor e chegou a ser chamado de "novo Buffett", em referência ao investidor bilionário Warren Buffett, pela revista Fortune.
Tudo ia bem na vida do jovem de apenas 30 anos, com o sucesso da sua corretora cripto, da firma de investimentos Alameda Research e outras de suas empreitadas. Bankman-Fried se tornou a pessoa mais jovem a superar um patrimônio de US$ 1 bilhão, e fazia questão de investir parte dele em iniciativas publicitárias. Mas, nesta semana, a situação mudou radicalmente.
SBF, como o empresário é chamado, se envolveu em uma das maiores crises que o mercado cripto já presenciou, se juntando aos fracassos de outros nomes famosos da indústria em 2022, como o criador do blockchain Terra, Do Kwon, e os fundadores da Three Arrows Capital (3AC), Kyle Davies and Su Zhu.
Em meio a uma grande preocupação no mercado sobre a saúde financeira da FTX, com bloqueio de saques pelos usuários da exchange e alto risco de insolvência e falta de liquidez, Bankman-Fried se viu obrigado a aceitar uma proposta de compra da rival Binance, em um movimento que, se confirmado, deve trazer grandes impactos para todo o setor de criptoativos.
A crise, que ainda não chegou ao fim, marca uma virada na trajetória astronômica do empresário. Relembra abaixo alguns dos principais marcos na carreira de Bankman-Fried.
Nascido em 6 de março de 1992 nos Estados Unidos, Sam Bankman-Fried se formou em física e matemática e ingressou no mundo dos investimentos pela primeira vez em 2013, quando começou a trabalhar em uma empresa de investimentos onde ficaria até 2017.
Pouco depois de sair da companhia, ele fundou uma empresa de investimentos própria, a Alameda Research. Foi a partir daí, em 2018, que o empresário começou a ter os primeiros contatos com criptomoedas, participando nas negociações de bitcoin.
A entrada de Bankman-Fried nesse mundo se intensificou rapidamente a partir daí, culminando na criação da sua exchange, a FTX, em abril de 2019. Já no mês seguinte, a corretora passou a permitir a realização de investimentos por interessados.
Além da FTX, SBF é dono até hoje da Alameda, que acabou se tornando a grande causa da crise que enfrenta atualmente. Foi o vazamento do balanço da empresa que deu origem aos primeiros temores e questionamentos sobre a saúde financeira da exchange.
A FTX era considerada um dos mais importantes agentes do mercado de criptoativos, sem grandes dúvidas sobre sua saúde financeira. Sediada nas Bahamas, um conjunto de ilhas na América Central, ela era a segunda maior exchange do mundo antes do início da crise.
Com a promessa de ser "construída por traders, para traders" e "oferece produtos inovadores, incluindo derivativos pioneiros no setor, opções, produtos de volatilidade e tokens alavancados", a ideia era atrair tanto investidores experientes quanto iniciantes.
A corretora atingiu uma série de marcos importantes recentemente. Em fevereiro de 2022, chegou pela primeira vez à marca de mais de um milhão de usuários. Em 2021, teve um crescimento no seu lucro, chegando a US$ 1,02 bilhão, e passou por uma expansão no número de funcionários, com cerca de 300 até recentemente.
Um dos primeiros investidores na FTX acabou sendo o seu possível futuro comprador, o fundador da exchange Binance, Changpeng Zhao. Ao longo dos anos, a corretora também atraiu capital de empresas importantes, como o Softbank e a Sequoia Capital.
Sam Bankman-Fried também se tornou conhecido no setor por ser capaz de furar a bolha do segmento e levar suas opiniões sobre criptoativos para ambientes que não são comumente frequentados apenas por fãs da digitalização da economia.
Para isso, SBF usou uma estratégia apoiada em grandes ações de marketing. Em abril de 2021, a FTX adquiriu os direitos do nome do estádio do time de basquete Miami Heat, um dos principais dos EUA. Com isso, o local passou a se chamar FTX Arena. O acordo foi de cerca de US$ 135 milhões.
Poucos meses depois, em junho, a FTX firmou um acordo de US$ 210 milhões com a TSM, uma organização que atua no mundo de e-sports. Com isso, o time passou a se chamar Team SoloMid FTX.
No mesmo mês, a exchange anunciou uma parceria com a League de Baseball dos Estados Unidos, permitindo que o logo da empresa fosse incluído em todos os uniformes e equipamentos vendidos pela organização.
Ainda no mundo dos esportes, o astro do futebol americano Tom Brady se tornou o embaixador da FTX em 2021, assim como o jogador de basquete Stephen Curry. O bilionário Kevin O'Leary, que participa do programa "Shark Tank" nos EUA, foi contratado como um porta-voz oficial.
No mesmo ano, a FTX comprou os direitos de nome do Estádio Memorial da Califórnia por US$ 17,5 milhões. Além disso, se tornou uma das patrocinadoras da equipe da Mercedes na Fórmula 1, com o logo da empresa parecendo nos capacetes e uniformes dos pilotos Lewis Hamilton e George Russel.
Já em 2022, a empresa começou a patrocinar torneios de xadrez e baseball, mantendo os esforços de levar o nome da FTX para o público norte-americano.
Recentemente, Sam Bankman-Fried também se envolveu em algumas polêmicas no mundo dos criptoativos. Ele se tornou figurinha carimbada em Washington (EUA), onde investiu milhões de dólares em lobby para a indústria cripto e participou de audiências e discussões sobre regulação do mercado no país.
Mas algumas opiniões do empresário sobre o tema não agradaram a todos. CEO da FTX foi alvo de críticas entre investidores nas últimas semanas após defender medidas mais duras de regulação no setor, como testes de conhecimento sobre criptoativos antes de investir em derivativos, uma "lista negra" de endereços cripto suspeitos e outros padrões que toda a indústria precisaria seguir.
Além disso, SBF trocou indiretas em mais de uma ocasião com o agora "salvador" da sua exchange, Changpeng Zhao. Logo no início da crise de liquidez da FTX, Zhao fez um post no Twitter em que anunciou que a Binance venderia todas as reservas de FTT que recebeu quando vendeu sua participação na empresa.
Segundo o empresário, o motivo seriam "recentes revelações que vieram à tona" sobre o balanço da Alameda e o uso do token FTT por ela.
"A Binance sempre incentiva a colaboração entre os players do setor. Em relação a qualquer especulação sobre se este é um movimento contra um concorrente, não é. Nossa indústria está no início, e toda vez que um projeto falha publicamente, prejudica todos os usuários e todas as plataformas", destacou o CEO.
Após a declaração de Zhao, Bankman-Fried falou sobre o assunto no Twitter. "Estamos todos juntos nisso, e desejo o melhor para todos impulsionarem a indústria".
"Eu respeito muito o que as pessoas fizeram para construir a indústria como a vemos hoje, independentemente se elas retribuem ou não,ou se usamos ou não os mesmos métodos. Incluindo CZ. Enfim - como sempre - é hora de construir. Faça amor (e blockchain), não faça guerra", afirmou o CEO da FTX.
Pouco tempo depois, SBF fez um novo post em que "um competidor está tentando nos atacar com rumos falsos. A FTX está bem, os ativos estão bem, e a FTX tem o suficiente para cobrir todos os ativos de clientes". No fim das contas, porém, a tentativa de tranquilizar o mercado não funcionou, e foi o prenúncio da queda do, agora, ex-bilionário, que precisará enfrentar muitos desafios enquanto arrisca perder o que construiu nos últimos anos.
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