Evento em Nova York reuniu aproximadamente 15 mil pessoas para falar de NFTs (Getty Images/Reprodução)
Gabriel Rubinsteinn
Publicado em 23 de junho de 2022 às 14h10.
Última atualização em 23 de junho de 2022 às 14h24.
O mercado de criptomoedas desabou em 2022. O preço do bitcoin, do ether e de quase todos os outros ativos digitais despencou e a preocupação tomou conta dos investidores. Mas em outros setores relacionados à tecnologia blockchain, como os NFTs, o sentimento parece seguir por outro caminho, muito mais otimista.
É verdade que o mercado de NFTs também tem sofrido durante este "inverno cripto" — a EXAME mostrou nesta semana que o volume de transações na OpenSea, maior plataforma do gênero, caiu 84% no último mês. Durante a NFT.NYC, entretanto, a sensação é de que as coisas no mercado de tokens não fungíveis vão muito bem.
O evento, maior do gênero no mundo, com 15 mil ingressos vendidos e centenas de eventos simultâneos no coração de Nova York (EUA), tem clima de festa, otimismo e entusiasmo. "Dane-se o urso. Estamos contratando", dizem os cartões de visita distribuídos no estande da plataforma DappRadar, em referência ao animal que representa um mercado com tendência de baixa.
Diferentemente do que acontece no setor de cripto como investimento, no qual as maiores exchanges do mundo fizeram cortes significativos em suas equipes recentemente, as empresas ligadas aos NFTs estão superaquecidas, e QR Codes para processos seletivos, avisos de vaga e outras formas de divulgação de empregos são comuns entre as centenas de marcas que expõe seus produtos ou serviços na NFT.NYC.
A empolgação aparece também entre o público. "Para quem quer entrar neste mercado, não existe momento melhor do que uma queda como essa. Você compra criptomoedas com menos dinheiro e os seus NFTs saem muito mais barato", comentou Jason Jones, que cruzou os EUA para chegar ao evento — ele mora na Califórnia.
Outros viajaram muito mais, e demonstram otimismo parecido: "Aqui a gente vê o potencial dessa tecnologia. Não se trata só de preço. Até porque o valor dos NFTs, em cripto, não caiu tanto, o que caiu foi a conversão por moeda fiduciária. Se você não trocar seus NFTs por 'fiat', não tem prejuízo nenhum", disse o francês Leo Bernard.
Outro discurso comum entre os participantes do evento é de que a queda no preço das criptomoedas e a desaceleração no volume de negociação dos NFTs é um momento de oportunidades. "É hora de pesquisar, procurar e acumular", disse um canadense que se identificou como Skim.
Os NFTs colecionáveis, aqueles criptoativos com um desenho gerado por computador e que em alguns casos dão benefícios para seus proprietários, são o caso de uso mais comum, como CryptoPunks, Bored Ape Yacht Club e tantos outros. Eles são chamados de colecionáveis não porque seja possível ter vários itens da mesma coleção — alguns chegam a custar milhões de reais — mas porque os entusiastas tentam acumular o máximo de NFTs quanto for possível, de diferentes coleções.
Apesar de serem os mais populares, estão longe de representar a tecnologia como um todo. Painéis no NFT.NYC discutem o uso dos tokens não fungíveis em diferentes setores, da biomedicina à aviação, passando, claro, por metaverso, arte, cinema, música, esportes, finanças, games e muito mais.
No NFT.NYC, impera a ideia de que, com a possível mudança para a Web3, cujo objetivo é tornar a internet descentralizada, centrada nos usuários e movida à blockchain, os NFTs vão dominar o mundo. E, a julgar pela quantidade de empresas, projetos, empreendedores e entusiastas do setor, não dá para duvidar que isso de fato um dia aconteça.
*O repórter Gabriel Rubinsteinn viajou a Nova York para a NFT NYC a convite da BAYZ.
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