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Sam Bankman-Fried: fundador da FTX foi condenado a 25 anos de prisão (Bloomberg/Getty Images)
Redatora na Exame
Publicado em 7 de março de 2025 às 09h17.
Direto da prisão, Sam Bankman-Fried, fundador da corretora de criptomoedas FTX, deu uma entrevista ao jornalista Tucker Carlson, ex-âncora da Fox News. Na conversa, ele fez uma série de alegações, sugerindo que sua condenação estaria relacionada à sua aproximação com o Partido Republicano.
A entrevista, realizada enquanto Bankman-Fried cumpre sua sentença no centro penitenciário de Brooklyn, pegou de surpresa até seu assessor de crise, Mark Botnick, que o representava desde o colapso da FTX em 2022.
Na última quinta-feira, 6, ao saber da entrevista, Botnick deixou o cargo. Ao Business Insider, ele afirmou que não esteve envolvido no planejamento da entrevista e desconhecia as postagens de Bankman-Fried nas redes sociais — nas últimas semanas, ele tem publicado mensagens no X comentando os esforços do governo Trump para demitir funcionários federais.
Condenado a 25 anos de prisão por um esquema de fraude de US$ 11 bilhões, o ex-magnata das criptomoedas sugeriu a Carlson que parte de sua sentença poderia estar ligada às suas doações políticas para republicanos, após uma mudança em sua posição política.
"Eu era de centro-esquerda em 2020 e contribuí com a campanha de Biden, acreditando que ele seria um presidente sólido. No entanto, fui surpreendido com o que vi em Washington nos anos seguintes", declarou Bankman-Fried.
Ele afirmou que, em 2022, começou a fazer doações tanto para democratas quanto para republicanos, o que, segundo ele, pode ter contribuído para sua condenação, que aconteceu logo após o colapso da FTX. Ao todo, ele doou mais de US$ 40 milhões para 196 membros do Congresso dos EUA.
Durante o julgamento, foi revelado que Bankman-Fried havia considerado várias estratégias para reabilitar sua imagem pública, incluindo uma possível adesão ao Partido Republicano e críticas à "agenda woke".
Na entrevista com Carlson, ele mencionou que não recebeu favores políticos durante seu julgamento, embora a Bloomberg tenha reportado que seus pais teriam buscado apoio de aliados de Donald Trump na tentativa de garantir um perdão presidencial.
O ex-CEO da FTX, cujo patrimônio chegou a ultrapassar US$ 26 bilhões antes do colapso de sua empresa, continua buscando maneiras de melhorar sua imagem. Além da entrevista ao antigo apresentador da Fox, ele falou com o jornal The New York Sun.
A história da corretora de criptomoedas FTX é uma das mais surpreendentes da última década, marcada pela ascensão meteórica da empresa e sua falência repentina.
No final de 2022, uma derrocada nos valores das criptomoedas levou a uma onda de resgate pelos clientes da FTX, mas a empresa simplesmente não tinha cerca de US$ 8,7 bilhões para devolver a eles.
Ninguém, nem dentro nem fora da empresa, sabia com exatidão o paradeiro dos recursos. A principal tese era a de que o fundador, Sam Bankman-Fried, teria desviado o dinheiro para sua gestora de ativos, a Alameda, e sumido com eles.
A verdade veio à tona aos poucos: os recursos dos clientes foram usados em marketing, em lobby e em investimentos ilíquidos. O curioso é que, quando o novo CEO John Ray analisou esses investimentos, descobriu que a empresa falida na verdade estava sentada em algo entre US$ 14,5 bilhões e US$ 16,3 bilhões, graças à valorização dos ativos — descontados os US$ 500 milhões que Ray e seu time receberam pelo serviço.
A recuperação judicial da FTX, aprovada em 2024, prevê a devolução total das quantias devidas aos clientes, um feito raro em casos de falência como este.
O colapso da FTX e a consequente prisão de Bankman-Fried geraram uma série de desdobramentos, incluindo revelações sobre o estilo de gestão descontrolado da empresa. O fundador, conhecido por sua personalidade excêntrica, passou a ser visto como um exemplo de falta de supervisão no setor cripto.