(Suebsiri/Getty Images)
Gabriel Rubinsteinn
Publicado em 26 de abril de 2021 às 16h25.
Uma pesquisa sobre segurança digital feita pela TransUnion e divulgada nesta segunda-feira, 26, mostra que o número de fraudes digitais envolvendo serviços financeiros aumentou 457% desde o início da pandemia, há um ano. Além disso, segundo o estudo "Global Consumer Pulse", 20% dos consumidores foram alvo de fraudes relacionadas à Covid-19 nos últimos três meses.
A empresa de soluções de informação com ações negociadas na bolsa de valores de Nova York (NYSE) analisou bilhões de transações e mais de 40 mil sites e aplicativos para chegar às conclusões sobre o cenário de segurança digital.
Segundo o levantamento, o número de tentativas de transações digitais fraudulentas originadas no Brasil aumentou 10,99% no último ano, em relação ao período anterior. As cidades com maior porcentagem de transações fraudelentas foram Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília.
“Os fraudadores estão sempre procurando tirar proveito de eventos mundiais significativos. A pandemia da Covid-19 e sua correspondente e rápida aceleração digital, trazida pelas ordens de permanência em casa, é um evento global sem rival na era on-line”, disse Shai Cohen, vice-presidente sênior da Global Fraud Solutions na TransUnion. “Analisando bilhões de transações, examinamos indicadores de fraude durante o ano passado e tornou-se claro que a guerra contra o vírus também trouxe uma guerra contra a fraude digital”.
Entre as fraudes relacionadas à Covid-19, a pesquisa ouviu 1.101 consumidores brasileiros, doas quais 20% disseram terem sido alvo de fraudes relacionadas à doença. Os principais golpes tiveram como objetivo o roubo de dados de cartões de crédito e as cobranças fraudulentas.
“A pandemia mudou os hábitos financeiros dos consumidores, com mais compras e entretenimento movendo-se online. Isso atraiu fraudadores digitais, que transferiram suas atividades para indústrias relacionadas”, disse Leal. “Apesar dessas ameaças, os consumidores esperam que as empresas sejam capazes de proteger suas transações, mas ainda assim manter experiências digitais convenientes”.
Segundo Marcelo Leal, diretor de Soluções da TransUnion Brasil, o Brasil não é uma exceção: “A pandemia foi um evento que afetou o mundo inteiro. E os fraudadores estão sempre atentos a isso para se aproveitar destes momentos. O que fica claro no estudo é que os golpistas, em cada país, foram atrás de indústrias específicas mais do que outras. No Brasil, por exemplo, as indústrias mais visadas pelas suspeitas de tentativas de fraudes digitais foram as de serviços financeiros, logística, varejo e telecomunicações”.
Apesar de ser um fenômeno global, os números de alguns setores do mercado brasileiro foram muito piores ao resto do mundo. Na área de serviços financeiros, por exemplo, cujo aumento das fraudes foi de 457% no país, a media global foi de 57,5% - o principal golpe no setor está ligado a roubo de identidade. Já o setor de logística viu aumento nas fraudes, principalmente fraudes de envios, superior a 101% no Brasil, contra apenas 4,87% no mundo. No varejo, o Brasil também foi campeão: 67,5% contra 38,71% de aumento.
Outros setores, por outro lado, tiveram números melhores no Brasil. O aumento de fraudes digitais ligados à empresas de telecomunicações, especialmente fraude com cartões de crédito, que cresceu 21% no país durante a pandemia, aumento 57,5% no mundo. Golpes envolvendo viagem e lazer, comunidades (sites de relacionamentos, fóruns, etc.), jogos de azar e jogos tiveram redução no período de pandemia no Brasil - e enorme crescimento na média global.
Desde que a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a Covid-19 como uma pandemia global, em 11 de março de 2020, o processo de digitalização das economias foi acelerado, com aumento no uso de ferramentas e serviços pela internet, elevando também o interesse de criminosos e fraudadores por setores relacionados, como mostra a pesquisa.