Relatório aponta potencial de valorização para criptomoedas (Reprodução/Reprodução)
Redação Exame
Publicado em 13 de março de 2023 às 15h02.
As falências de bancos nos Estados Unidos assustaram o mercado nos últimos dias e geraram temores de um contágio mais amplo na maior economia do mundo. Entretanto, o cenário pode acabar sendo benéfico para as criptomoedas, que apresentam uma tendência de alta desde o domingo, 12.
Essa é a visão do mais novo relatório gratuito divulgado por Lucas Josa, analista de ativos digitais do BTG Pactual, na Mynt, corretora cripto própria do banco. "Diante de uma crise de confiança no sistema bancário e de uma nova injeção de liquidez no mercado, vemos os criptoativos com uma performance muito mais forte neste primeiro momento", observa.
Josa destaca que isso ocorreu mesmo depois dos receios em torno da USDC, uma criptomoeda pareada ao dólar. Ela tinha parte das suas reservas no Silicion Valley Bank, um dos bancos falidos, e temores sobre a sua capacidade de obter esses fundos de volta levaram a uma onda de vendas que resultou na perda de paridade por alguns dias.
"Durante o fim de semana, a pressão vendedora foi interrompida em meio a ações do Fed para garantir a estabilidade e liquidez em todo o sistema", explicou o analista. A medida ajudou a stablecoin a recuperar o patamar de paridade, e também impulsionou o mercado cripto.
O analista do BTG comenta que o Federal Reserve já vinha enfrentando dificuldades para conter a inflação nos Estados Unidos devido ao alto grau de aquecimento da economia do país, mas agora precisará equilibrar esse movimento com a demanda do mercado financeiro por liquidez para evitar novas quebras.
Por isso, Josa avalia que "é provável que o Fed não continue com a sua política monetária contracionista". O próprio mercado já passou a apostar em uma alta de juros de 0 ou 0,25 ponto percentual em março, ao invés dos 0,5 p.p. esperados anteriormente. O quadro é positivo para as criptomoedas, já que mantém um grau de atratividade em ativos considerados de risco.
O relatório do BTG Pactual pontua ainda que o sistema bancária dos Estados Unidos possui uma grande quantidade de bancos regionais e menores, que detêm atualmente cerca de 33% de todos os depósitos no país. Eles possuem os empréstimos como principal atividade, e por isso foram prejudicados pelo forte ciclo de alta de juros iniciado em 2022.
"Quando um ou alguns desses bancos regionais quebram e a notícia se espalha, é natural que o medo tome conta do mercado e que haja uma corrida bancária generalizada, na qual os investidores sacam dinheiro dos bancos menores para se proteger de um risco sistêmico", diz Josa.
Já em relação ao comportamento futuro das criptomoedas, o analista afirma que será preciso continuar acompanhando a situação dos bancos nos Estados Unidos e nos próximos passos do Federal Reserve, que "trarão um bom panorama de até onde a alta no mercado cripto pode chegar no curto prazo".
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