Em dia péssimo para o mercado de criptomoedas, protocolo Tron tem mais motivos para se preocupar (SOPA Images/Getty Images)
Gabriel Rubinsteinn
Publicado em 13 de junho de 2022 às 11h16.
Última atualização em 13 de junho de 2022 às 13h49.
Enquanto o mercado cripto começa a semana com uma das maiores quedas de sua história, perdendo mais de US$ 200 bilhões em 24 horas, e o bitcoin atinge o seu menor valor dos últimos 18 meses, as coisas ficaram ainda piores para o Tron, protocolo responsável pelas criptomoedas TRX e USDD, que passa por situação semelhante ao que aconteceu com o Terra e suas criptos Luna e UST no início de maio.
A stablecoin algorítmica USDD perdeu sua paridade com o dólar, exatamente como aconteceu com o UST há pouco mais de um mês. A queda impactou diretamente no preço da TRX, cripto nativa da rede Tron — também exatamente como aconteceu com a Luna, do blockchain Terra.
Justin Sun, líder da Tron Foundation e criador do projeto, anunciou a injeção de US$ 700 milhões, em USDC, na Tron DAO, a fim de manter o pareamento da USDD com o dólar — como em todas as stablecoins lastreadas em dólar, o objetivo é que elas valham sempre US$ 1 e, para isso, precisam ter reservas equivalentes em dólar ao total de tokens emitidos.
Ao contrário do que ocorreu no caso do Terra, a intervenção na stablecoin do Tron surtiu efeito e o pareamento foi praticamente recuperado — a criptomoeda é cotada no momento a US$ 0,995, uma variação aceitável para um ativo cujo valor deve ser estável.
Apesar disso, a queda brusca no preço do TRX, que já perdeu mais de 19% de valor nas últimas 24 horas, e o alto número de posições vendidas (que acreditam na queda do preço do ativo) em aberto, que podem empurrar o preço da criptomoeda ainda mais para baixo, colocam em risco a "saúde" do USDD e, por consequência, de todo o protocolo.
Vale lembrar que o colapso de Luna e UST começou justamente por causa de uma queda acentuada do mercado, que empurrou o preço da Luna para baixo e tornou a operação de balanceamento entre queima de Luna e emissão de UST fora de controle, o que ocasionou a queda de ambas.
No caso do Tron, entretanto, Justin Sun afirmou que a fundação responsável pelo projeto tem US$ 2 bilhões preparados para combater o fluxo vendedor e a eventual tentativa de um short-squeeze contra o ativo. Desde a manifestação pública de Sun e o anúncio do plano de defesa, o movimento de queda da TRX perdeu força, mas ainda segue forte.
Neste momento, ainda não é possível prever um desfecho. De um lado, a capitalização da Tron Foundation e a experiência recente do Terra pode favorecer a estabilização e recuperação; do outro, a forte queda do mercado cripto como um todo, cuja capitalização caiu abaixo de US$ 1 trilhão pela primeira vez desde o final de 2020, ainda pode provocar estragos consideráveis se não houve uma reversão de tendência nas próximas horas.
A queda, claro, não afeta apenas a TRX, mas todas as criptomoedas. O bitcoin, por exemplo, é negociado abaixo de US$ 24 mil pela primeira vez desde dezembro de 2020. O ether, da rede Ethereum, opera em queda de mais de 15% nas últimas 24 horas. E o cenário é semelhante para todas as criptomoedas, com exceção daquelas de valor estável.
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