Stanley Druckenmiller (Bloomberg/Getty Images)
Gabriel Rubinsteinn
Publicado em 31 de maio de 2021 às 13h06.
Stanley Druckenmiller é um dos investidores mais famosos do mundo. Com uma fortuna pessoal estimada em 5,6 bilhões de dólares e grandes feitos em sua carreira como gestor de fundos de hedge, é visto por muitos como uma espécie de guru dos investimentos. Em entrevista recente, ele mostrou ser um grande entusiasta das criptomoedas e, principalmente, do bitcoin.
PhD em Economia pela Universidade de Michigan, Stan Druckenmiller fundou, em 1981, a Duquesne Capital Managament, que chegou a administrar mais de 12 bilhões de dólares. O sucesso o levou a ser recrutado, em 1988, para gerenciar o Quantum Fund, de George Soros, do qual cuidou até o ano 2000. Seu interesse pelos criptoativos não é novidade, mas, em entrevista ao site "The Hustle", Druckenmiller mostrou que está totalmente envolvido com o setor.
O investidor afirmou que, no início, via o bitcoin como "uma solução à procura de um problema" e que apenas a alta no preço o motivava a comprar; "No primeiro movimento do Bitcoin – acho que de 50 para 17 mil dólares – eu simplesmente fiquei sentado lá, horrorizado. E […] eu queria comprar todos os dias. Estava subindo e – embora eu não pensasse muito nisso – simplesmente não conseguia suportar o fato de que estava subindo e eu não tinha".
Então, segundo ele, alguns acontecimentos mudaram a situação. "Avancemos no tempo: eu nunca tive [bitcoin] entre 50 e 17 mil dólares, e eu me sentia um idiota. E, então, ele caiu de volta para 3 mil dólares. E algumas coisas aconteceram. Eu encontrei o problema [para o qual o bitcoin seria a solução] quando realizamos o ato CARES e o presidente Powell começou a cruzar todos os tipos de linhas vermelhas em termos do que o Fed faria e não faria. O problema era Jay Powell e os banqueiros centrais do mundo enlouquecendo e tornando a moeda fiduciária ainda mais questionável do que já era quando eu tinha ouro".
"E então a segunda coisa aconteceu. Recebi uma ligação do [bilionário gestor de fundos de hedge] Paul Tudor Jones, que falou 'sabia que quando o bitcoin caiu de 17 mil para 3 mil dólares, 86% das pessoas que tinham o ativo quando ele estava 17 mil dólares nunca os venderam?'. Isso foi gigante para mim. Então aqui está algo que tem oferta limitada e 86% dos proprietários são fanáticos religiosos? Quero dizer, quem diabos segura algo de 17 mil a 3 mil dólares?", completou o investidor.
Druckemiller afirmou que, pouco depois disso, fez sua primeira compra: "Eu tentei comprar 100 milhões de dólares a 6.200 dólares. Precisei de duas semanas para comprar 20 milhões de dólares. Comprei a cerca de 6.500, eu acho. E pensei 'isso é ridículo', duas semanas? Eu posso comprar a mesma quantidade em ouro em dois segundos. E, como um idiota, parei de comprar. A próxima vez que fui pensar no assunto já estava 36 mil dólares".
Ele vendeu uma parte dos seus bitcoin, mas se mostra otimista com a criptomoeda: "Retirei meus custos e depois mais algum lucro e ainda tenho alguma coisa. Mas meu coração nunca esteve nisso. Eu sou um dinossauro de 68 anos. [...] Sou dono de uma empresa chamada Palantis e vi que ela anunciou que vai começar a aceitar bitcoin e pode até investir nele. Isso está acontecendo por toda parte".
O bilionário também comentou sobre a disputa entre bitcoin e ether, que recentemene ganhou manchetes com as notícias de que pesquisadores do Goldman Sachs e especialistas ouvidos pela Bloomberg apostam na criptomoeda da rede Ethereum, e não no bitcoin, como principal reserva de valor digital no futuro.
Druckemiller discorda: "Acho que o bitcoin já ganhou o jogo da reserva de valor porque é uma marca, porque está por aí há 13 ou 14 anos, e porque tem oferta limitada. Vai ser o novo ouro? Eu não sei. Mas sem dúvidas está fazendo uma ótima imitação nos últimos dois anos. Vai superar as outras criptomoedas em termos de reserva de valor digital? Eu diria que vai ser muito, muito difícil de derrubar".
Ao mesmo tempo, Druckemiller mostrou certa desconfiança em relação ao ether: "Então você pode ir ao que eu chamo de facilitadores do comércio: obviamente, o líder em contratos inteligentes e esse tipo de coisa é o Ethereum. Mas sou um pouco mais cético sobre o quanto ele pode segurar essa posição. Me lembra um pouco o MySpace antes do Facebook. Ou o Yahoo antes do Google. O Google não era muito mais rápido do que o Yahoo, mas ele não precisava ser. Bastava ser um pouco mais rápido, e o resto é história".
Na entrevista, Stanley Druckenmiller também falou sobre a dogecoin, criptomoeda criada como uma brincadeira e que ganhou adeptos de peso como Elon Musk e Mark Cuban, e cujo preço subiu 5.300% em 2021. Para ele, o ativo não pode ser levado a sério.
"Dogecoin é exatamente como os NFTs. São manifestações da política monetária mais maluca da história. E acho que, como não tem oferta limitada, eu realmente não vejo nenhuma utilidade para a dogecoin no momento. É só essa onda de dinheiro da 'Teoria do Mais Tolo' [que diz que você pode ganhar dinheiro com algo supervalorizado porque sempre encontrará alguém mais tolo disposto a comprar por mais do que vale]. Agora, tendo dito isso, eu não iria apostar contra porque eu não gosto de colocar lenha na fogueira. Eu apenas tento fingir que a dogecoin não existe", disse.
Ao contrário do bitcoin, ele diz que a alta da criptomoeda-meme não o incomoda: "Eu penso tão pouco nisso, que nem quando o preço sobe eu me incomodo. Quando o bitcoin subiu, eu fiquei desesperado porque não tinha. Quando a dogecoin sobe, eu dou risada. Não aposte contra e nem a favor. Quero dizer, a não ser que você goste de ir à Las Vegas, aí eu acho que é ok".
No curso "Decifrando as Criptomoedas" da EXAME Academy, Nicholas Sacchi, mergulha no universo de criptoativos, com o objetivo de desmistificar e trazer clareza sobre o seu funcionamento. Confira.