CAFÉ ACEITA BITCOIN EM SINGAPURA: o bitcoin, sozinho, tem 196 bilhões de dólares de capitalização, cerca de 35% do mercado de criptomoedas (Edgar Su/Reuters)
Gabriel Rubinsteinn
Publicado em 28 de outubro de 2020 às 18h56.
Última atualização em 11 de novembro de 2020 às 17h37.
Um relatório divulgado na terça-feira, 27, pela Grayscale, maior gestora de criptoativos do mundo, mostra um cenário otimista para o principal ativo digital do planeta. Segundo a pesquisa, mais da metade dos investidores americanos tem interesse em investir em bitcoin — número 60% maior do que em 2019.
Segundo o relatório, no ano passado eram 36% dos investidores dos Estados Unidos que se interessavam pelo ativo. Em 2020, o número subiu para 55%. O número de investidores de bitcoin que fizeram novos aportes no ativo nos 12 meses anteriores à pesquisa também subiu consideravelmente: de 66% em 2019 para 83% em 2020.
A familiaridade com o universo dos criptoativos também vem subindo ano após ano. Em 2019, 53% dos investidores americanos se diziam familiarizados com o bitcoin. Neste ano, o número saltou para 62%. O aumento do interesse pelo ativo mostra que o bitcoin está cada vez mais perto de se tornar um ativo mainstream.
Ainda segundo o relatório da Grayscale, não é apenas o excelente desempenho do bitcoin no mercado que motivou o crescimento. Fatores como a pandemia do novo coronavírus e a facilidade para investir no ativo também são importantes.
A pesquisa mostra que quase dois terços dos americanos que compraram bitcoin nos últimos quatro meses foram impactados pela pandemia para decidir fazer seus aportes. Além disso, 39% dos entrevistados afirmaram que a pandemia tornou o bitcoin um ativo mais interessante — o que se explica devido ao aumento do interesse por tecnologias digitais e também pelo mau desempenho de ativos tradicionais no período de crise.
Outro fator preponderante é a facilidade de investimento: ao contrário da maioria dos investimentos tradicionais, para começar a investir em bitcoin não é necessário fazer grandes aportes. Segundo o relatório, 65% dos entrevistados que investem em bitcoin disseram que o fizeram devido à possibilidade de alocar poucos recursos no ativo. Em 2019, eram 59% os que pensavam assim.
Apesar de muitos indicadores apontarem que os investidores estão cada vez mais interessados no bitcoin, as moedas digitais ainda enfrentam desafios, já que certos grupos demográficos específicos continuam a expressar resistência e falta de interesse nesse tipo de ativo.
Apenas 40% dos investidores de 55 a 64 anos (a faixa etária mais avançada que participou da pesquisa) estavam familiarizados com o bitcoin — o menor número entre todos os grupos participantes da pesquisa. Além disso, apenas 30% das pessoas entre 55 e 64 anos disseram que considerariam investir em bitcoin.
As preocupações comuns entre aqueles que não têm interesse no bitcoin tendem a refletir as circunstâncias dos investidores mais velhos em geral — por exemplo, a necessidade de acessar a receita de seus investimentos para uma aposentadoria que se aproxima. Dos que não estão interessados no ativo digital, 81% acham que a moeda é muito volátil, enquanto 84% disseram que o ativo possui maior risco do que estão dispostos a correr.
Apesar de ainda enfrentar resistências de grupos específicos de investidores, as moedas digitais evoluíram muito na última década, e o interesse crescente de investidores nesta classe de ativos sugere que sua adoção em larga escala pode acontecer num futuro próximo.