Philippe Coutinho (Lionel Ng / Correspondente/Getty Images)
Cointelegraph Brasil
Publicado em 6 de novembro de 2020 às 11h12.
Última atualização em 11 de novembro de 2020 às 17h35.
O Club de Regatas Vasco da Gama, um dos gigantes do futebol brasileiro, e o Mercado Bitcoin, uma das maiores plataformas de criptoativos da América Latina, acabam de acertar uma parceria inédita no futebol mundial para tokenizar os direitos do mecanismo de solidariedade de seus jogadores.
O mecanismo de solidariedade funciona como um direito de venda de um jogador na forma de porcentagem e incentiva clubes a formar atletas. Através desse mecanismo, até 5% do valor total de cada transferência internacional de um atleta pode ser dividido com todos os clubes pelos quais um atleta passou durante sua carreira até completar 23 anos.
Através dessa parceria entre Vasco e Mercado Bitcoin, o mecanismo de solidariedade da FIFA será tokenizado e os detentores do token terão direito a um percentual do valor de venda de qualquer jogador para o clube formador do atleta.
Segundo informações dadas ao site Cointelegraph Brasil, no total serão 500 mil tokens, que alcançam o valor de 50 milhões de reais.
Cada token será correspondente a uma parte dos direitos de mecanismo de solidariedade de 12 atletas formados nas divisões de base do Vasco da Gama, entre eles Philippe Coutinho, do Barcelona (ESP), Douglas Luiz, do Aston Villa (ING), Alex Teixeira, no futebol chinês, e Allan, do Everton (ING).
“Nós somos um Clube tradicionalmente formador de atletas, grandes craques brasileiros surgiram em São Januário”, diz Alexandre Campello, presidente do Vasco.
Segundo Campello, desde 2018, o Clube vem buscando possibilidades de utilização de criptomoedas para gerar novas receitas e/ou recursos financeiros.
“Esse movimento faz parte das ações do planejamento estratégico implementado pela atual gestão, com um forte empenho das diretorias financeiras, jurídicas e de futebol, e com a assessoria financeira da KPMG”.
Para chegar até aqui, além de contar com a experiência do MBDA, empresa do ecossistema Mercado Bitcoin, responsável pela tokenização de diversos ativos alternativos, foram obtidos pareceres jurídicos de renomados advogados especialistas em assuntos relacionados ao futebol, moedas digitais e regulamentação de valores mobiliários.
Ainda segundo o anúncio foi feita uma consulta formal à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para confirmar o entendimento de que o token não se caracteriza como valor mobiliário.
O Mercado Bitcoin, além de disponibilizar o token na sua plataforma, já garantiu a pré-compra de 20% dos 500 mil tokens que serão criados pelo valor de 10 milhões de reais, que serão creditados ao Vasco da Gama antes mesmo da abertura da venda ao investidor.
“Esse é um token que deve mudar a maneira como o futebol trata o mecanismo de solidariedade. O Vasco é o primeiro clube do mundo a contar com esse token, mas queremos que outros clubes possam ter acesso a ele. Confiamos que estamos criando uma nova fonte de receita para os clubes”, afirma Reinaldo Rabelo, CEO do Mercado Bitcoin.
Em contrapartida, a marca do Mercado Bitcoin irá estampar a camisa do Vasco em até oito jogos do Campeonato Brasileiro 2020.
Para chegar ao valor dos tokens, MBDA e Vasco da Gama utilizaram o valor de mercado atual destes jogadores estimado no site Transfermarket, site utilizado mundialmente para avaliar quanto cada jogador vale ou poderá valer, considerando a idade e as possíveis transações de compra e venda destes atletas.
Assim, a estimativa é de que, nos próximos anos, o Vasco tenha direito a cerca de R$ 50 milhões, considerando a cotação atual do Euro, referentes aos percentuais de mecanismo de solidariedade que o time possui destes jogadores.
Todos os detalhes destes valores serão atualizados e apresentados até o lançamento oficial do token, que deve acontecer nos próximos 45 dias. O clube pretende incluir no seu App, que está prestes a ser lançado, informações contínuas e atualizadas sobre esses jogadores.
Assim, ao longo dos próximos dois meses, o clube e o MBDA lançarão o token na plataforma do Mercado Bitcoin e qualquer pessoa no Brasil e no mundo poderá adquiri-los – basta abertura de conta nessa plataforma digital.
O MBDA pré-adquiriu, como descrito acima, 20% dos tokens pelo valor de 10 milhões de reais e receberá, adicionalmente, 5% dos tokens pela prestação dos serviços de operacionalização da estrutura, emissão, monitoramento da operação, e outros, tendo que manter uma participação mínima a todo tempo de 2,5%.
O Clube deterá os demais 75% dos tokens e poderá colocá-los à venda a qualquer momento após a venda dos 20% adquiridos pelo MBDA, remanescendo com uma participação mínima a todo tempo de 25%.
Esta operação permitirá que os torcedores do clube e o público em geral invistam em moedas digitais que se valorizarão ou desvalorizarão devido a diversos fatores, mas especialmente ao desempenho de jogadores criados nas categorias de base do Vasco e que atualmente jogam em outros clubes, no Brasil e no exterior.
Assim, a quantidade de transações que vier a ocorrer de cada jogador após a emissão dos tokens, bem como a cotação do Euro na data de fechamento dos contratos de câmbio, serão fatores determinantes para a oscilação no preço do token.
Ainda segundo o MB, é importante mencionar que o clube não tem qualquer ingerência na decisão das transações de compra e venda destes 12 atletas, tendo em vista que estes atletas têm vínculos contratuais com outros clubes.
Assim, tanto o Vasco como os demais investidores do token receberão sua fração dos mecanismos de solidariedade quando e se tais transações acontecerem.
Cada token corresponderá a 1/500.000 dos direitos do Vasco com o mecanismo de solidariedade dos seguintes atletas formados em suas divisões de base e que atualmente têm vínculos contratuais com outros clubes: