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Impulsionado pela China, preço do bitcoin supera US$ 50 mil mais uma vez

Depois de mais de uma semana sendo negociado abaixo dos 50 mil dólares, preço do bitcoin volta a subir e especialistas apontam país asiático como principal responsável

Bitcoin tem fim de semana de alta volatilidade, após nova ameaça da China | Foto Marc Bruxelle (Marc Bruxelle/Getty Images)

Bitcoin tem fim de semana de alta volatilidade, após nova ameaça da China | Foto Marc Bruxelle (Marc Bruxelle/Getty Images)

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Gabriel Rubinsteinn

Publicado em 3 de março de 2021 às 16h20.

Última atualização em 3 de março de 2021 às 16h55.

Depois de atingir o maior valor de sua história no dia 21 de fevereiro, a 58.500 dólares, o preço do bitcoin sofreu correção e a criptomoeda se manteve negociada abaixo de 50.000 dólares desde então. O cenário mudou na noite de terça-feira, 2, e um país é apontado como principal responsável pela nova alta: a China.

O primeiro indício de que a nova alta no preço do bitcoin tem relação com o país asiático está relacionado ao horário. Se antes o preço da criptomoeda era impulsionado por compradores ocidentais durante o dia, agora o maior volume de compras, responsável por fazer o preço do ativo subir, acontece quando é noite no Ocidente e, portanto, manhã na China.

Outro ponto relevante diz respeito ao câmbio. Desde meados de 2020, o dólar vinha desvalorizando frente ao iuane, mas isso começou a mudar em janeiro. Desde o início de 2021, as duas moedas têm sofrido pouca variação de preço, indicando certo enfraquecimento da moeda chinesa.

Para se proteger da possível desvalorização do iuane, o bitcoin aparece como uma opção eficiente. Além de estar em tendência de alta e de ser facilmente negociado, o criptoativo ainda pode ser usado como proteção contra a desvalorização de moedas e inflação, conforme governos continuem a imprimir dinheiro em grandes quantidades para tentar conter efeitos da crise econômica causada pela pandemia.

O movimento acontece a contragosto do governo chinês. A China tenta impedir a negociação de bitcoin já há algum tempo, quando, em 2017, baniu as exchanges de criptoativos do país. A medida, entretanto, não afetou os negócios, agora feitos em corretoras internacionais ou com transações ponto a ponto (P2P).

“Os chineses parecem estar movendo capital para o exterior para obter seu USDT [stablecoin lastreada em dólar], sob o pretexto de fazer compras médicas ou outras compras legítimas... A brecha permite que os investidores contornem os rígidos controles de capital da China”, disse uma fonte ligada ao órgão regulador chinês à Reuters.

“Não é possível impedir as pessoas de negociar bitcoin, porque a lei chinesa reconhece o valor dos ativos digitais. Qualquer coisa com valor deve ter permissão para mudar de mãos”, disse o advogado chinês Huang Mengqi à agência de notícias, que publicou reportagem sobre o volume de negociação de bitcoin no país. Segundo a Reuters, o volume de negociação de bitcoin na China em 2020 cresceu 53% em relação ao ano anterior.

Apesar das tentativas, as restrições do governo chinês, possivelmente preocupado com a maior autonomia financeira promovida pelas criptomoedas, não surtiram o efeito desejado, e a negociação de bitcoin voltou a crescer no país, que já foi líder do mercado de criptoativos em volume negociado por dia antes da proibição das exchanges em 2017.

Como as negociações chinesas são feitas através de brechas nas leis locais e manobras por parte dos investidores, não é possível saber com precisão quanto os chineses têm comprado ou vendido de bitcoin e outros criptoativos, já que não existem estatísticas e números consolidados sobre o mercado. No entanto, a participação dos chineses como protagonistas do novo movimento de alta é bastante provável.

Além disso, justificam o mais recente movimento de alta de preço do bitcoin o grande volume negociado por investidores institucionais e notícias como a possível aprovação de um ETF de bitcoin nos Estados Unidos, compras de grandes empresas como MicroStrategy e Square e até boatos sobre a entrada da Netflix e do Twitter no mercado de criptoativos.

Nesta quarta-feira, o bitcoin chegou a 52.500 dólares na máxima do dia, quase 10% acima da cotação do dia anterior, e atualmente é negociado a cerca de 51.000 dólares.

No curso Decifrando as Criptomoedas da EXAME Academy, Nicholas Sacchi, head de criptoativos da EXAME, mergulha no universo de criptoativos, com o objetivo de desmistificar e trazer clareza sobre o funcionamento. Confira.

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