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Greenpeace: impacto do bitcoin aponta desafio para o futuro da internet

Para organização, consumo energético do bitcoin é um problema muito mais amplo, que diz respeito não apenas à criptomoeda, mas ao futuro da internet

 (Andriy Onufriyenko/Getty Images)

(Andriy Onufriyenko/Getty Images)

GR

Gabriel Rubinsteinn

Publicado em 25 de maio de 2021 às 11h54.

Depois de ser uma das primeiras organizações globais a aceitar doações com criptomoedas, o Greenpeace se manifestou nesta semana sobre o consumo energético do bitcoin, dizendo que os problemas relacionados ao setor estão ligados a uma questão muito mais ampla sobre o futuro de toda a internet.

"O enorme e constante crescimento da quantidade de energia necessária para rodar o bitcoin está ligado principalmente à tecnologia utilizada para a manter a moeda digital, mas também aponta para um desafio muito mais amplo sobre o futuro da internet. Conforme os serviços na rede crescem e se tornam mais complexos, a demanda por poder computacional vai continuar crescendo nos próximos anos, e precisar de muito mais energia", disse o diretor de mídia da ONG nos EUA, Travis Nichols, ao site Cointelegraph.

Apesar do pioneirismo em relação à adoção das criptomoedas como forma de receber doações, que data de 2014, o Greenpeace esfriou o interesse pelo setor depois que o bitcoin começou a se tornar foco de alguns ambientalistas e grupos de pessoas que questionam o alto consumo energético para manter o blockchain do bitcoin funcionando.

O Greenpeace, entretanto, aponta que o problema vai muito além da criptomoeda: segundo o porta-voz da ONG, apenas um quinto da energia consumida pelos data centers que mantém a internet funcionando vem de fontes renováveis - o que, segundo ele, precisará ser resolvido rapidamente se a expansão da internet e do seu papel no crescimento econômico quiserem ser sustentáveis.

Para Nichols, a internet, como toda infraestrutura, terá que ser movida a "energia limpa que ajude, e não atrapalhe, o desafio crucial de enfrentar as mudanças climáticas". No caso dos defensores do bitcoin, uma das ideias mais difundidas é que a criptomoeda pode incentivar a produção de energia renovável - por exemplo, instalando mineradoras próximas às usinas eólicas ou solares cuja produção é subaproveitada, em que haja excedente energético, entre outras possibilidades.

Outros participantes da indústria de criptoativos também citam que o impacto ambiental do bitcoin ainda é irrisório quando comparado ao sistema financeiro tradicional ou ao mercado do ouro. Um relatório recente da Galaxy Digital, por exemplo, mostra como a mineração de bitcoin utiliza metade da energia consumida pelos bancos e que, além disso, o faz de forma muito mais transparente.

As discussões sobre possíveis impactos ambientais causados pelo bitcoin se tornaram o centro das atenções no mercado de criptoativos após a última alta do setor, quando o bitcoin chegou ao seu preço recorde de 64 mil dólares, e são apontadas como responsáveis pela diminuição no interesse pela criptomoeda, cujo preço despencou quase 40% desde o recorde.

Um dos fatos que desencadeou o movimento de baixa dos últimos dias foi a decisão da Tesla de deixar de aceitar bitcoin como pagamento devido ao seu consumo energético. O fundador da companhia, Elon Musk, por sua vez, ainda não desistiu do mercado de criptoativos e, na segunda-feira, 24, anunciou a criação de um "conselho de mineração de bitcoin" para promover iniciativas que tornem o bitcoin mais sustentável.

No curso "Decifrando as Criptomoedas" da EXAME Academy, Nicholas Sacchi, mergulha no universo de criptoativos, com o objetivo de desmistificar e trazer clareza sobre o seu funcionamento. Confira.

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