(Yuriko Nakao/Getty Images)
Gabriel Rubinsteinn
Publicado em 20 de abril de 2021 às 13h32.
Última atualização em 20 de abril de 2021 às 22h26.
Na última terça-feira, 19, a criptomoeda dogecoin quebrou mais um recorde ao atingir o preço de US$ 0,42. Os lucros chegaram a incríveis 600% em um mês, mas os entusiastas e investidores do projeto querem mais. Para fazer a criptomoeda chegar a US$ 1, criaram até um dia comemorativo - o "Doge Day", "celebrado" nesta quarta-feira.
Criada a partir de um meme, como uma sátira, a criptomoeda é impulsionada por uma comunidade de fãs engajados, que inclui celebridades como Elon Musk e Snoop Dogg. Depois de começar 2021 valendo apenas US$ 0,006 e ver seu valor crescer quase 70 vezes ao longo do ano, a brincadeira começou a ficar séria.
Até grandes empresas entraram na onda. A marca de chocolates Snickers publicou, no Twitter, a mensagem "Adivinha que dia é? Doge Day. Amanhã? Doge Day 420". A data também tem simbolismo na cultura canábica, que associa o uso de maconha com o número 420, representado pelo dia 20/4, que, em inglês, se escreve 4/20, e muitos memes publicados sobre o "Doge Day" ligam as duas coisas.
A alta da dogecoin foi impulsionada por tweets de Elon Musk e outros famosos, mas também por pessoas organizadas nas redes sociais, em movimento semelhante ao que aconteceu com as ações da GameStop em fevereiro. A alta do ativo digital, mesmo que supostamente artificial, acaba atraindo novos investidores em busca de ganhos fáceis, e o movimento de alta ganha ainda mais força.
Apesar dos esforços e da animação dos fãs do projeto nas redes sociais, o "Doge Day" ainda está longe de conquistar a marca desejada. Nesta quarta, o ativo opera em queda de 5% nas últimas 24 horas, cotado a US$ 0,36. E analistas preveem que o cenário pode ficar ainda pior.
"Como vimos com a empolgação com a GameStop, os investidores adotaram uma mentalidade gamer, tentando impulsionar preços com uso de hashtags nas redes sociais e mutirões em fóruns online. Os investidores devem tomar muito cuidado ao serem pegos por essa mentalidade de manada porque a dogecoin é um ativo de especulação, cujo valor não tem base confiável", disse Susannah Streeter, analista da Hargreaves Lansdown, à Business Insider.
Apesar de já ter se tornado a quinta maior criptomoeda do mundo, com capitalização de mercado de quase 50 bilhões de dólares, superior à de empresas como Ford, eBay, ING, Ambev, Itaú e Bradesco, a dogecoin levanta algumas polêmicas. Diferentemente do bitcoin, cuja oferta é limitada à 21 milhões, a dogecoin tem oferta ilimitada - atualmente já existem quase 130 bilhões de unidades em circulação e novas dogecoins são mineradas todos os dias.
Além disso, a rede da dogecoin, que diferentemente do bitcoin, já foi hackeada, nunca tinha sido atualizada desde sua criação, em 2013, até que isso fosse feito, às pressas, quando preço da criptomoeda começou a subir, no início de 2021. A concentração de moedas em poucas carteiras também é um problema, já que esses investidores teriam capacidade de manipular o mercado.
Apesar das críticas, a dogecoin continua seu movimento de alta de preços e de popularidade. A valorização do ativo é capaz de deixar para trás não apenas o bitcoin como também o ethereum, que acumulam alta de 90% e 200% no ano, respectivamente, contra 6.580% da criptomoeda-meme.
No curso "Decifrando as Criptomoedas" da EXAME Academy, Nicholas Sacchi, head de criptoativos da Exame, mergulha no universo de criptoativos, com o objetivo de desmistificar e trazer clareza sobre o funcionamento. Confira.