(Siegfried Layda/Getty Images)
Gabriel Rubinsteinn
Publicado em 19 de março de 2021 às 11h41.
Última atualização em 23 de março de 2021 às 09h40.
Quando atingiu capitalização de mercado de 1 trilhão de dólares, o bitcoin se tornou muito grande para ser ignorado. É isso que afirma um documento do Deutsche Bank Data Innovation Group, plataforma de análise e pesquisa do banco alemão Deutche Bank, em relatório sobre o futuro dos pagamentos assinado pela analista Marion Laboure.
"A capitalização de mercado do bitcoin, de US$ 1 trilhão, o torna muito importante para ser ignorado. Grandes players que compram e vendem bitcoins têm considerável poder de movimentação de mercado" diz o documento intitulado "O Futuro dos Pagamentos - Série 2, Parte III - Bitcoin: O Efeito Tinkerbell Pode se Tornar uma Profecia Realizável?".
"Efeito Tinkerbell" é um termo que se refere às situações nas quais a probabilidade de determinado evento acontecer está diretamente ligado ao quanto as pessoas acreditam que ele de fato vai acontecer, e faz referência ao clássico da literatura "Peter Pan", no qual o protagonista afirma que a personagem Sininho existe, porque as crianças assim acreditam.
Um dos maiores bancos de investimento do mundo, com mais de 1,5 trilhão de dólares em ativos sob sua gestão, o Deutsche Bank diz, por meio dos seus especialistas, acreditar que o preço do bitcoin continuará subindo conforme a criptomoeda siga atraindo grandes investidores, mas também afirma que a volatilidade do ativo deve continuar alta.
"Enquanto os gestores de ativos e as empresas continuarem a entrar no mercado, o preço do bitcoin pode continuar subindo. Mas as transações e a negociação do bitcoin ainda são limitadas. E o verdadeiro debate é se a valorização, por si só, é motivo suficiente para o bitcoin evoluir para uma classe de ativos, ou se sua falta de liquidez é um obstáculo. O preço do bitcoin continuará subindo e caindo de acordo com o que as pessoas acreditam que ele vale. Isso pode ser chamado de 'Efeito Tinkerbell'", escreveram os especialistas do banco.
Como exemplo da falta de liquidez, o banco afirma que, enquanto 28 milhões de bitcoins trocaram de mãos em 2020, o que equivale a 150% da oferta total da criptomoeda, 40 bilhões de ações da Apple mudaram de dono no mesmo período, o que equivale a 270% do total de papéis da empresa em circulação.
Sobre a volatilidade, diz que ela continuará alta devido às limitações operacionais e ao impacto de grandes transações no equilíbrio entre oferta e demanda.
O banco também afirma que governos e bancos centrais deverão criar regulações e moedas digitais próprias, o que pode impedir que criptomoedas sejam usadas como meios de pagamento: "Bancos centrais e governos sabem que as criptomoedas vieram para ficar, então eles devem começar a regulamentar os criptoativos no final deste ano ou no início do próximo ano. Eles também estão acelerando as pesquisas sobre suas próprias Moedas Digitais de Bancos Centrais (CBDCs) e lançar pilotos. No médio a longo prazo, provavelmente haverá pouco espaço para o uso de criptomoedas como meio de pagamento generalizado".
Os especialistas do Deutsche Bank também compararam o bitcoin com a Tesla, cuja avaliação de preço, segundo o banco, é baseada em previsões na possível mudança de comportamento dos consumidores em favor dos carros elétricos e na liderança da empresa neste mercado. Assim, diz o Deutsch Bank, "para manter a avaliação atual do mercado de criptoativos, os ativos digitais devem se tornar o meio preferido de liquidação global, e o bitcoin deve liderar essas mudanças".
"No curto prazo, o bitcoin chegou para ficar, e seu valor irá permanecer volátil. (...) No longo prazo, o bitcoin, assim como Tesla, terá que transformar seu potencial em resultados para sustentar sua proposta de valor", diz o documento do banco alemão.
No curso "Decifrando as Criptomoedas" da EXAME Academy, Nicholas Sacchi, head de criptoativos da Exame, mergulha no universo de criptoativos, com o objetivo de desmistificar e trazer clareza sobre o funcionamento. Confira.