(Jirapong Manustrong/Getty Images)
Gabriel Rubinsteinn
Publicado em 30 de novembro de 2020 às 13h29.
Última atualização em 30 de novembro de 2020 às 16h16.
Depois de despencar quase 20% na última quinta-feira (26), o bitcoin retomou sua tendência de alta em tempo recorde e conseguiu quebrar sua máxima histórica no mercado internacional pela primeira vez desde dezembro de 2017, ao atingir exatos 19.786 dólares, segundo dados do CoinDesk BPI, na manhã desta segunda-feira (30) — a antiga marca era 3 dólares mais baixa.
"Agora, qualquer um que já comprou bitcoin, em qualquer momento da história, está no lucro", disse o CEO da Binance, Changpeng Zhao, à EXAME. "As pessoas vão se perguntar se 20 mil dólares ou mais é uma faixa de preço sustentável, dada a queda acentuada na última vez que isso aconteceu. Eu não posso prever o que vai acontecer com o preço a partir daqui, mas é notável o quanto o mercado está mais maduro desta vez. Com melhor liquidez, melhores acordos de entrada e saída de moedas fiduciárias e investidores institucionais envolvidos, agora que existem maiores certezas regulatórias, é mais uma motivação para aqueles de nós que acreditam no poder de longo prazo dos criptoativos para aumentar a liberdade financeira em escala global", completou o executivo.
O valor, claro, também promove mais uma quebra do recorde de preço do ativo no mercado nacional, negociado no Brasil acima de 107 mil reais. A diferença, entretanto, é que, por causa da desvalorização do real, a máxima histórica do bitcoin no mercado nacional já tinha sido quebrada algumas vezes nas últimas semanas, quando o ativo chegou perto do recorde em dólar, mas não o superou.
"O rompimento da máxima histórica em dólar é bastante simbólico em vários sentidos. A casa dos 20 mil dólares é uma resistência psicológica importante. Da última vez que atingiram esse nível, os preços entraram numa trajetória descendente, marcando uma queda até a mínima de mais de 80%, num momento em que boa parte dos investidores vinham do varejo. Isso significou muita gente perdendo grana por ter entrado na onda da mania especulativa, achando que os preços subiriam para sempre. Como resultado, esse investidor se distancia do mercado pelo sentimento de desilusão", disse Nicholas Sacchi, head de criptoativos da EXAME.
"A volta à faixa dos 20 mil dólares representa uma retomada na confiança do potencial de crescimento dos preços, em especial porque o movimento, desta vez, foi puxado por instituições. Ao registrar a máxima histórica, muitos dos investidores que tiveram sua crença abalada no mercado passam a reconsiderar o investimento no ativo, o que tende a gerar uma nova onda de interesse e, consequentemente, a empurrar os preços para patamares ainda mais altos", completou Nicholas.
"Salvar o setor financeiro global de taxas exorbitantes e aumentar o poder de compra das pessoas na era pós-pandemia da Covid-19 será uma tendência mundial. O bitcoin representa a crença e a determinação das pessoas em perseguir esses objetivos. Vai continuar oscilando, mas não existe caminho de volta", disse Beibei Liu, CEO da exchange NovaDAX.
Depois de recuar 20% nas vésperas da Black Friday e inspirar brincadeiras sobre o "preço promocional" do ativo entre seus investidores e entusiastas nas redes sociais, o bitcoin prega mais uma peça em seus investidores com a volta à sua tendência de alta durante a Cyber Monday, ação de marketing de empresas varejistas para estimular compras digitais após o feriado de Ação de Graças nos EUA. Depois que quebrar seu recorde histórico, o ativo ainda chegou à casa dos 19.850 dólares e recuou levemente. No momento da publicação, é negociado na faixa de 19.500 dólares.
Não é possível afirmar se e nem até quando o ativo digital vai conseguir manter sua tendência de alta, mas ela se baseia em uma série de aspectos que favorecem este mercado. Isso inclui a adoção dos criptoativos por bancos centrais do mundo todo através das CBDCs; a entrada maciça de investidores institucionais no mercado; a facilitação do investimento em criptoativos devido ao suporte agora oferecido por grandes empresas como PayPal e Square; o aumento da digitalização financeira como consequência da pandemia do Covid-19; as regulamentações mais claras sobre criptoativos; a adoção da tecnologia blockchain em aplicações cotidianas diversas, entre outros.
No acumulado do ano, o bitcoin ganhou cerca de 185% no mercado internacional (em dólar), e quase 375% no mercado brasileiro (em reais) — a diferença se dá pela desvalorizaração recorde do real frente ao dólar em 2020. Desde sua baixa recorde do ano, em março, quando caiu mais de 50% em um único dia, o bitcoin subiu mais de 400%, considerando o seu preço em dólar.