Fundo de investimento especializado é opção para quem busca mais segurança (KTSDESIGN/SCIENCE PHOTO LIBRARY/Getty Images)
Em um mês marcado por uma grande volatilidade devido ao aumento das incertezas em relação à sua mineração na China, o bitcoin vivenciou nesta terça-feira, 22, uma queda de quase 10%, chegando a ser negociado abaixo de 29 mil dólares, patamar que não era visto desde janeiro. Mesmo com uma rápida recuperação durante o dia, a criptomoeda se tornou um dos principais assuntos entre economistas e especialistas em criptoativos, que, apesar da queda, ressaltam o valor do bitcoin no longo prazo.
Para Marcelo Miranda, CEO da FlowBTC, uma das corretoras de criptomoedas mais conhecidas do Brasil, a queda no preço do bitcoin nos últimos meses é uma resposta à uma série de fatores no atual momento do mercado, com ênfase para o posicionamento contrário do governo chinês em relação à mineração de criptomoedas e, para comentários de grandes nomes do mercado financeiro, que trouxeram um viés mais pessimista para o bitcoin. "A caça às mineradoras de bitcoin na China e as declarações de Michael Burry, investidor que inspirou o filme A Grande Aposta, sobre excesso de alavancagem no mercado de cripto, estão impactando negativamente os preços”, disse.
Por outro lado, Marcelo ressalta que esses fatores, como as proibições na China e comentários pessimistas um possível crash no mercado, não representam nenhum tipo de novidade para os investidores de criptoativos, que devem manter o foco no longo prazo: “Apesar de serem dados importantes, não são temas totalmente novos e se olharmos um gráfico mais longo veremos que a tendência de alta eventualmente é retomada”, complementou.
Fernando Ulrich, um dos maiores especialistas de criptoativos do Brasil e autor do livro “Bitcoin, a moeda na era digital”, também comentou sobre a queda acentuada no preço do bitcoin, ressaltando que se o preço não tivesse aumentado tão bruscamente desde o fim do ano passado, a preocupação com essa queda seria menor.
#Bitcoin US$29k
Se não tivesse ido até US$65k, estariam todos bem tranquilos, mas a esticada surreal precipita a própria queda.
Efeito estilingue.
— Fernando Ulrich (@fernandoulrich) June 22, 2021
Em uma perspectiva mais técnica, Ki Young Ju, CEO da empresa de análise de dados CryptoQuant, têm demonstrado que o momento atual do mercado é realmente incerto e, por conta disso, merece uma atenção redobrada até que sua direção se torne mais clara.
“O mercado está muito incerto no momento. A venda por baleias [grandes investidores] indica uma tendência de baixa/falso bull market, e a venda pelo varejo indica uma tendência de alta. Estamos numa faixa neutra agora. Paralise os trades, seja paciente e espere a próxima volatilidade”, publicou o CEO da CryptoQuant no Twitter. Apesar disso, caso o bear market seja confirmado, Ki Young Ju comentou que sua duração não deve ser longa, ressaltando que “o mercado ainda está positivo em termos de oferta e demanda no longo prazo”.
Gestor de um dos fundos mais relevantes de criptomoedas do mundo, Mike Novogratz também comentou sobre o momento do bitcoin, que têm sido comparado por muitos com o crash vivenciado no fim de 2017, no qual a criptomoeda perdeu 80% de seu valor.
Para ele, uma queda nessa magnitude não deve ocorrer novamente, principalmente por conta da entrada de grandes investidores no mercado, que podem enxergar o momento atual como uma oportunidade de compra para o longo prazo. “O ecossistema está muito mais maduro. A quantidade de players entrando é muito mais madura. Cada banco está trabalhando em seu próprio projeto ligado aos criptoativos e em como oferecer bitcoin a seus clientes ricos... Acho que muitos clientes que não compraram na primeira vez verão isso como uma oportunidade de comprar e se envolver".
Vislumbrando a oportunidade de aumentar sua posição em bitcoin pagando menos pelo criptoativo, diversas empresas têm realizado grandes compras de bitcoin durante a queda, como a MicroStrategy. Comandada por Michael Saylor, a empresa focada no desenvolvimento de softwares corporativos, anunciou nesta segunda-feira, 21, a compra de mais 13.005 bitcoins por 489 milhões dólares, que fizeram com que a companhia alcançasse mais de 100 mil bitcoins em sua posse.
No curso Decifrando as Criptomoedas, da EXAME Academy, Nicholas Sacchi, head de criptoativos da EXAME, mergulha no universo de criptoativos, com o objetivo de desmistificar e trazer clareza sobre o funcionamento. Confira.