Repórter do Future of Money
Publicado em 3 de outubro de 2024 às 12h01.
O avanço das criptomoedas na economia é um "caminho sem volta" e a incorporação dessa tecnologia no mercado já é um consenso entre os bancos. É o que afirma Renata Petrovic, head de inovação do Bradesco, em entrevista à EXAME sobre as ações da instituição envolvendo cripto e blockchain e o futuro do Drex, a versão digital do real.
Petrovic pontua que, pensando no potencial de blockchain e em cripto no mercado financeiro, "é tudo muito incerto ainda". "A gente já vê no exterior bancos já se movendo. O potencial financeiro, na verdade, para os bancos não foi comprovado ainda, mas a gente sabe que cripto é um ativo super importante em termos de oferta para os clientes".
"Em especial os clientes mais jovens, que já nascem nesse ambiente e já tem uma certa propensão a experimentar, testar, para eles, as criptos são realmente uma outra classe de ativos, quase como um novo ativo para investimento.
A maioria dos bancos ainda não entende, tem um certo purismo do mercado de capitais, mas para os clientes é uma nova alternativa de investimentos", destaca.
Apesar de avaliar que esse potencial ainda não se comprovou, a executiva destaca que o mercado de criptomoedas "já movimenta volumes gigantescos. As capitalizações de mercado das criptos, stablecoins, são significativas, então estar fora desse mercado não é uma opção, precisa estar nele. É um caminho sem volta, e aí tem a velocidade de cada banco, mas existe um consenso de que não é um mercado que não pode ignorado".
O Bradesco está entre as instituições financeiras que estão participando dos testes com o piloto do Drex junto ao Banco Central. O objetivo do banco, segundo a head de inovação é "estar totalmente preparado para fazer um movimento de avançar essa tecnologia no negócio quando houver a decisão para isso".
Na nova fase do piloto, o Bradesco participará do teste de caso de uso proposta de tokenização de CDBs na plataforma do Drex e uso como garantia em empréstimos. Segundo Petrovic, "é uma fase de testar novos ativos na rede, novos casos de uso, desenhar os contratos e entender a governança disso tudo. Para a gente, é um aprendizado incrível para poder entender, tem muita troca, muita colaboração".
A expectativa do Bradesco é que o teste traga a "possibilidade de redução de custos, menos risco para garantias e a capacidade de executar a garantia de forma mais fluída, automática".
Com relação ao futuro do projeto, ela afirma que o avanço do Drex e seu futuro lançamento no mercado depende de questões de "governança de smart contracts, escalabilidade da plataforma e também a privacidade, que ainda não foi resolvida. Tem muita incerteza sobre quando vai estar disponível e pronto pra produção. É difícil afirmar se vai ser ano que vem. Assim que tiver a solução viável para privacidade, aí vai ter condição de estimar melhor quando começa, e pode ser até de uma hora para outra. As empresas estão todas focadas nisso".
"Privacidade tem solução, mas com ajustes, restrições, talvez tenha que estabelecer para crédito por exemplo determinadas soluções, abrir alguns dados e não outros, talvez tenha que ser customizada por casos de uso. Talvez não tenha uma solução que consiga resolver todos os problemas para todos os casos. Mas tudo é possível, tem muita gente boa trabalhando nesse assunto", diz.
Petrovic ressalta que a incorporação de cripto e blockchain faz parte de um esforço para "deixar o Bradesco pronto para atuar com as novas tecnologias, habilitar o Bradesco tecnologicamente para que, quanto tenha a decisão de negócios, do ponto de vista de tecnologia estejamos prontos".
"Começamos testando as primeiras plataformas de blockchain, testamos várias soluções de parceiros, soluções de custódia, tokenização, exchanges, vem sendo a trajetória. Agora, o Bradesco está seguindo muito a regulação. Não está se antecipando, mas não está atrás, estamos avançando conforme a regulação avança", afirma.