Vitalik Buterin, um dos criadores da Ethereum, falou sobre problemas atuais da rede (Jack Taylor/Getty Images)
O cofundador da Ethereum Vitalik Buterin compartilhou na sexta-feira, 20, uma possível solução para o que ele descreve como o “maior desafio” da rede blockchain, atualmente uma das principais de todo o mercado de criptoativos: privacidade.
Em um post de blog, Buterin reconheceu a necessidade de criar uma solução de privacidade porque, por padrão, todas as informações que vão para um “blockchain público” também são públicas.
Ele então chegou ao conceito de “endereços furtivos” — que, segundo ele, podem potencialmente anonimizar transações ponto a ponto, transferências de tokens não fungíveis (NFTs, na sigla em inglês) e registros do Ethereum Name Service (ENS, na sigla em inglês), protegendo os usuários.
Buterin explicou como as transações na rede podem ser realizadas entre duas partes com anonimato. Em primeiro lugar, um usuário que deseja receber ativos gerará e manterá uma “chave de gastos” que será usada para gerar um meta-endereço furtivo.
Este endereço — que pode ser registrado no ENS — é então passado para o remetente, que pode realizar uma computação criptográfica no meta-endereço para gerar um endereço furtivo, que pertence ao destinatário na Ethereum.
O remetente pode então transferir ativos para o endereço furtivo do destinatário, além de publicar uma chave temporária para confirmar que o endereço furtivo pertence ao destinatário.
O efeito disso é que um novo endereço furtivo é gerado para cada nova transação. Buterin observou que uma “troca de chaves Diffie-Hellman”, além de um “mecanismo de ocultação de chaves”, precisaria ser implementada para garantir que o link entre o endereço furtivo e o meta-endereço do usuário pudesse ser visto publicamente.
O cofundador da Ethereum acrescentou que os ZK-SNARKs — uma tecnologia de prova criptográfica com recursos de privacidade integrados — podem transferir fundos para pagar taxas de transação. No entanto, Buterin enfatizou que isso pode levar a problemas próprios — pelo menos no curto prazo — afirmando que "isso custa muito, centenas de milhares de gás extras apenas para uma única transferência".
Os endereços furtivos há muito são apontados como uma solução para resolver problemas de privacidade na cadeia, que vêm sendo desenvolvidos desde 2014. No entanto, poucas soluções foram trazidas ao mercado até agora.
Também não é a primeira vez que Buterin discute o conceito de endereços furtivos na Ethereum. Em agosto, ele classificou os endereços furtivos de “abordagem de baixa tecnologia” para transferir anonimamente a propriedade de tokens ERC-721 — também conhecidos como NFTs.
O cofundador da Ethereum explicou que o conceito de endereço furtivo proposto oferece privacidade de forma diferente da do Tornado Cash, sancionado pelo Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros dos EUA (OFAC): "O Tornado Cash pode ocultar transferências de ativos fungíveis convencionais, como ether ou os principais ERC20s [...] mas é muito fraco em adicionar privacidade a transferências de ERC20s obscuros e não pode adicionar privacidade a transferências de NFT".
Buterin ofereceu alguns conselhos aos projetos da Web3 que estão desenvolvendo uma solução: “Endereços furtivos básicos podem ser implementados rapidamente hoje e podem ser um impulso significativo para a privacidade prática do usuário na Ethereum".
“Eles exigem algum trabalho no lado da carteira para sustentá-los. Dito isso, é minha opinião que as carteiras devem começar a se mover em direção a um modelo multiendereço mais nativo [...] por outras razões relacionadas à privacidade também", acrescentou.
Buterin sugeriu que os endereços furtivos podem apresentar “preocupações de usabilidade de longo prazo”, como problemas de recuperação social. No entanto, ele está confiante de que os problemas na Ethereum podem ser resolvidos adequadamente a tempo: “No longo prazo, esses problemas podem ser resolvidos, mas o ecossistema de endereços furtivos no longo prazo parece depender fortemente de provas de conhecimento zero”.
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