Redação Exame
Publicado em 2 de outubro de 2024 às 14h00.
A Coreia do Norte está realizando uma "invasão" no mercado de criptomoedas. É o que apontam duas investigações realizadas por autoridades nos Estados Unidos e pelo site de notícias CoinDesk, que identificaram diversas empresas que contrataram, sem saber, funcionários norte-coreanos.
De acordo com os Estados Unidos, o movimento faz parte de uma "infiltração" mais ampla, que atinge todo o setor de tecnologia. Ela envolve a contratação de funcionários para áreas de tecnologia das empresas que não informam os contratantes de que são da Coreia do Norte.
Em seguida, os contratados são obrigados a destinar os salários que receberam para o regime ditatorial do país, comandando por Kim Jong-Un. Um relatório da ONU (Organização das Nações Unidas) aponta que US$ 600 milhões já foram arrecadados pelo país com esse esquema.
A contratação e remuneração de norte-coreanos violam as sanções impostas pelos Estados Unidos e por diversos países contra a Coreia do Norte, o que também pode resultar em problemas jurídicos para as empresas, mesmo quando elas contratam os funcionários sem saber da nacionalidade deles.
Uma investigação do CoinDesk identificou ao menos 12 empresas do mercado de criptomoedas que foram enganadas e acabaram contratando norte-coreanos. Nos relatos, os donos das empresas destacaram o quão impressionados ficaram com os currículos e experiências dos contratados.
Um desses empresários que contratou norte-coreanos sem saber afirmou que ao menos 50% de todos os currículos que as empresas de cripto têm recebido são, na prática, enviados por cidadãos da Coreia do Norte, citando uma grande dificuldade das empresas em identificar esses casos.
Organizações por trás de projetos como a Fantom, Injective, Cosmos Hub, ZeoLend, Sushi e Yearn Finance admitiram que já contrataram ou identificaram norte-coreanos que estavam participando de seus processos seletivos para contratação desde, pelo menos, 2018.
Em geral, os contratados acabam recebendo seus salários e então os transferindo via blockchain para carteiras digitais associadas ao governo da Coreia do Norte. Em alguns casos, as empresas que contrataram norte-coreanos também foram alvos de ataques de hackers logo em seguida, indicando uma possível correlação.
A Sushi, por exemplo, perdeu US$ 3 milhões em um ataque hacker em 2021. A Coreia do Norte também ficou conhecida por empregar o Lazarus Group, um grupo de hackers que já roubou bilhões do mercado de criptomoedas e que segue em atividade.