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Computação quântica vai destruir o bitcoin? Entenda riscos da tecnologia para as criptomoedas

Anúncio do Google sobre avanços relevantes na área de computação quântica gerou temor no mercado sobre impactos para cripto e blockchain

João Pedro Malar
João Pedro Malar

Repórter do Future of Money

Publicado em 10 de dezembro de 2024 às 16h00.

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O anúncio do Google de que criou uma nova geração de chips que trouxe avanços significativos para a computação quântica rendeu comemorações no mundo da tecnologia, mas não no mercado de criptomoedas. O novo marco da área voltou a gerar preocupações entre os entusiastas de cripto, que projetam problemas para o bitcoin e outros projetos.

O motivo está na tecnologia por trás das criptomoedas: o blockchain. Na prática, ele é uma rede de blocos de informação que conta com uma criptografia avançada para garantir a imutabilidade e inviolabilidade dos mesmos. Até hoje, o poder computacional necessário para quebrar essa criptografia era economicamente inviável, exigindo um gasto grande demais.

O temor, agora, é que o avanço na computação quântica torne a quebra da criptografia de blockchains algo fácil e barato. Se isso ocorresse, o bitcoin e outras criptomoedas estariam vulneráveis a manipulações, roubo de informações e controle externo, na prática perdendo a atratividade e potenciais usos.

No caso do bitcoin, o seu blockchain usa o algoritmo do tipo SHA-256 para organizar seu processo de mineração e do tipo ECDSA para a parte de assinatura de transferências. Para especialistas, ambos estariam vulneráveis à quebra pela computação quântica.

O motivo é ilustrado pelo próprio anúncio do Google. Com a Willow, sua nova geração de chips, um problema de computação que demoraria mais tempo do que a história do universo para ser resolvido por um computador clássico foi resolvido em cinco minutos.

Ou seja, se hoje a quebra de criptografia de blockchains demoraria muito tempo e consumiria um volume inviável de recursos, com a computação quântica o processo se tornaria rápido e mais barato.

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Fim do bitcoin?

Mas o medo entre investidores pode estar exagerado. É o que avalia a gestora Bernstein em um relatório divulgado após o anúncio do Google. Analistas da empresa reconheceram a ameaça da computação quântica para cripto, mas acreditam que ela ainda está a "décadas" de distância de se concretizar, mesmo com os avanços recentes.

"Os contribuidores do bitcoin deveriam estar se preparando para o futuro quântico? Sim, mas qualquer ameaça prática contra o bitcoin continua a décadas de distância. E os contribuidores do bitcoin já estão debatendo a transição para uma criptografia resistente à computação quântica", afirmam.

Desse modo, a continuidade do bitcoin após sua consolidação como um dos mais valiosos ativos do mercado financeiro dependerá da capacidade dos seus desenvolvedores de organizarem uma transição dos seus algoritmos atuais para algoritmos resistentes à computação quântica.

Do contrário, o Bernstein reconhece que o ativo realmente poderá enfrentar um cenário adverso, e potencialmente fatal, no futuro. Entretanto, a criptomoeda não é a única ameaçada. Em entrevista à EXAME em julho, o CTO da IBM destacou que a adaptação à computação quântica envolverá todos os setores da economia, já que ela também poderá quebrar, por exemplo, a criptografia de segurança de bancos.

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