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Computação quântica traz riscos e benefícios para bancos, que precisam se preparar, diz IBM

Em entrevista à EXAME, o CTO da IBM fala sobre o futuro da área que tem chamado a atenção de bancos ao redor do mundo

Wagner Arnaut é CTO da IBM (IBM/Divulgação/Divulgação)

Wagner Arnaut é CTO da IBM (IBM/Divulgação/Divulgação)

João Pedro Malar
João Pedro Malar

Repórter do Future of Money

Publicado em 5 de julho de 2024 às 15h16.

Última atualização em 5 de julho de 2024 às 15h29.

Os bancos, assim como o resto do mercado, mergulharam no mundo da inteligência artificial nos últimos meses e, ainda, começam a expandir iniciativas envolvendo blockchain, conforme avança o desenvolvimento do Drex pelo Banco Central. Entretanto, há outra tecnologia que deveria estar recebendo mais atenção no momento: trata-se da computação quântica.

Em entrevista exclusiva à EXAME, Wagner Arnaut, CTO da IBM, explica que a computação quântica busca ir além da limitação da internet em relação à natureza. "A natureza não é binária. A computação clássica transforma tudo na natureza em 0 e 1. A ideia da computação quântica é processar e armazenar várias coisas que estão entre esse 0 e o 1", diz.

Como exemplo, Arnaut cita o caso em que uma moeda pode estar em diferentes posições dependendo do ângulo de visão de uma pessoa — cara, coroa, nenhum dos dois, um pouco mais cara ou um pouco mais coroa. Na computação tradicional, seria impossível registrar e processar essas nuances. Mas a "versão" quântica consegue fazer exatamente isso.

O executivo da IBM explica que, na prática, a novidade dá "um potencial computacional absurdo" para diferentes setores. E ele acredita que a indústria financeira é hoje a que possui mais maturidade para receber essa novidade e iniciar o seu desenvolvimento em larga escala.

"Na indústria financeira, o dia a dia envolve problemas altamente complexos. Um cálculo de risco, por exemplo, mais avançado, em tempo real, ainda demora 24 horas para ser feito. A computação quântica permite rodar diversas informações em tempo real, eliminando essa espera, e aí o banco consegue liberar crédito maior, ou diminuir juros, porque tem mais precisão", afirma.

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Casos de uso da computação quântica

Atualmente, Arnaut vê quatro casos de uso principais para a computação quântica: simulaçõesotimizaçõessegurança e inteligência artificial. No caso dos bancos, os dois segundos são especialmente relevantes, com destaque para o tema da segurança.

O executivo da IBM explica que a computação quântica tem potencial para "gerar riscos de ataque ao permitir quebrar criptografias antigas. A ideia, portanto, é que os bancos precisam começar a desenvolver projetos de computação quântica exatamente para criar algoritmos que sejam seguros, evitando ações de roubos a partir dessa quebra".

Já no caso da inteligência artificial, Arnaut avalia que a computação quântica não é necessária para resolver os "problemas clássicos" que as IAs já resolvem hoje, mas tem grande potencial para áreas mais complexas, em especial ao reduzir tempos de processamento.

"Com ela, consegue interpretar as informações melhor. É uma união que tem crescido bastante porque consegue reduzir a barreira de entrada para criar e customizar modelos de linguagem", diz.

Para incentivar o desenvolvimento de todos esses casos de uso e a adoção da computação quântica no Brasil, a IBM criou a quantum network, uma rede de empresas tradicionais, startups, universidades e hubs de inovação que "ainda está nos seus primeiros anos", mas em expansão.

O CTO da IBM acredita que a computação quântica deverá ter uma jornada de adoção semelhante à da inteligência artificial generativa: "Hoje, elas estão em momentos diferentes do amadurecimento tecnológico. A IA generativa já é falada desde os anos 2000. Agora que veio o boom. No caso da computação quântica, acredito que vai ser a mesma coisa. Espero que tenha um boom". E isso demanda, portanto, que as empresas já comecem a se preparar.

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