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Computação espacial: conheça área que pode gerar R$ 780 bilhões até 2030

Estudo exclusivo da Boston Consulting Group mostra potencial de expansão de tecnologia que é aposta de gigantes da tecnologia, incluindo a Apple

Computação especial é nova aposta de grandes empresas (Michael M. Santiago/Getty Images)

Computação especial é nova aposta de grandes empresas (Michael M. Santiago/Getty Images)

João Pedro Malar
João Pedro Malar

Repórter do Future of Money

Publicado em 25 de julho de 2024 às 11h42.

Última atualização em 25 de julho de 2024 às 11h53.

Quando a Apple anunciou o seu óculos de realidade aumentada Vision Pro, um termo chamou a atenção do mercado: computação espacial. Foi assim que a gigante de tecnologia se referiu à área que estava buscando desenvolver com seu novo produto, e um estudo divulgado com exclusividade pela EXAME mostra o potencial bilionário desse segmento.

O relatório, produzido pela Boston Consulting Group, aponta que, até 2030, a spatial computing, como é conhecida em inglês, pode gerar US$ 138 bilhões (R$ 780 bilhões, na cotação atual) em receitas, com um crescimento anual composto de 38%. Além disso, a área com mais potencial de aplicação da novidade é o B2B, onde a receita gerada pode chegar a US$ 74 bilhões nos próximos seis anos.

O que é computação espacial?

À EXAME, Alexandre Montoro, sócio da BCG, explica que a computação espacial é "uma mistura entre o mundo digital e o mundo físico, mas em um nível além do que temos hoje mais disseminado, como de experiências de visualização de móveis em um espaço ou em que você 'prova' virtualmente uma roupa. A ideia é levar para um outro patamar".

Para isso, ela se baseia na combinação de diferentes tecnologias, incluindo a realidade virtual, a realidade aumentada, a inteligência artificial, a chamada internet das coisas (IoT, na sigla em inglês) e o 5G. O objetivo final é misturar o real e o virtual "para entregar novas experiências, e experiências diferenciadas".

Montoro destaca que a computação espacial ainda é confundida com áreas como a realidade aumentada e, principalmente, o metaverso. Nesse caso, ele explica que quando o metaverso ganhou destaque, impulsionado pela Meta, o objetivo era "substituir a realidade" pela criação de ambientes virtuais.

Já no caso da computação espacial, que tem sido impulsionada principalmente pela Apple e pela Microsoft, a ideia é "uma junção entre os dois mundos. No fim, o metaverso e a computação espacial partem de conceitos similares, mas no metaverso o foco é a interação no ambiente virtual, não no real, e com a computação especial se pensa em uma junção dos dois".

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Potencial de crescimento

Na visão de Montoro, o tema ganhou destaque após o lançamento do Apple Vision Pro, que na prática trouxe aplicações de computação espacial para o grande público. Entretanto, ele acredita que a expansão desse segmento ainda será relativamente imperceptível para a população em geral, já que o crescimento deverá começar com aplicações internas nas empresas.

"A única coisa que é perceptível é o uso do device, um óculos por exemplo, para ter a conexão. É uma barreira ainda, os óculos ainda não são baratos e a experiencia ainda é esquisita. É um ponto para melhorar. Já no B2B [relação entre empresas], você envolve a própria característica da tecnologia, quando integra o físico e digital. No mundo mais B2B, abre um leque enorme de possibilidade para alavancar operações e ganhar eficiência", explica.

Na visão do executivo, a tendência é que a computação espacial comece a ser aplicada em especial no trabalho industrial, buscando evitar erros e auxiliar os trabalhadores "a serem mais produtivos, eficientes". Em seguida, a tendência é que ela chegue até a ponta na relação entre empresas e consumidores, criando novas experiências de consumo.

Para isso, porém, ele avalia que "a própria tecnologia precisa continuar evoluindo, se tornando mais acessível, e que faça sentido para as empresas. Apple, Microsoft, outros players precisam investir nessa tecnologia, e a competição fomenta a inovação".

Já no caso das empresas interessadas na área, o sócio da BCG explica que "o primeiro passo é definir os casos de uso, se tem algum uso, traz algum benefício, qual é, qual é o custo e o investimento necessário. Precisa ter isso muito claro. E aí experimentar para comprovar hipóteses em torno da tecnologia".

"As empresas não têm hoje uma estrutura ou pessoas com conhecimento sobre a tecnologia, então precisa criar essa capacidade através de parceiras, provas de conceito. Ninguém vai conseguir fazer isso sozinho, mas a partir de parceiras vai testando, conhecendo a tecnologia e entendendo o que pode fazer com ela. Só depois que você pensa em ganhar escala", diz.

Além disso, por mais que a inteligência artificial generativa seja o grande foco das empresas no momento - o que Montoro considera natural -, ele acredita que não há uma competição entre essas tecnologias, mas sim uma combinação potencial.

"A tecnologia vai evoluir e vai sim ser realidade no futuro próximo, mas diferente da inteligência artificial generativa, que já chegou no grande público. São momentos e propósitos diferentes. Daí esse caminho de adoção primeiro nas empresas e aí mais ampla. Leva um tempo, porque o investimento nisso não é pequeno, por mais que tenha muito valor para ser desbloqueado", explica.

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