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Como o uso de criptomoedas se tornou uma alternativa contra a variação cambial na América Latina

Usuários da região buscam nos ativos digitais alternativas para assegurar a estabilidade de suas economias e diversificar seus investimentos

 (metamorworks/Getty Images)

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CM
Caio Motta

Sr. Customer Success Manager LatAm da Chainalysis

Publicado em 1 de dezembro de 2024 às 11h00.

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Observamos em 2023 um crescimento considerável no ecossistema cripto da América Latina, com o volume de transações atingindo $415 bilhões, uma alta de 42,4% em comparação com o ano anterior, como indica o 2024 Geography Report da Chainalysis. Esse aumento expressivo pode ser explicado por particularidades de cada país, porém, de forma geral, podemos observar que os usuários da região estão buscando estabilidade para suas economias, com grandes mercados como Argentina e Venezuela enfrentando crises inflacionárias e depreciação de suas moedas.

Usuários de criptomoedas de países com frequente variação em suas taxas cambiais ou instabilidade política encontraram nos ativos digitais uma alternativa para preservar suas economias. Dados da Chainalysis indicam que esses dois mercados registraram um aumento significativo na adoção de criptomoedas no ano passado, à medida que a inflação e a desvalorização de suas moedas avançaram.

É importante lembrar que o mercado cripto na Venezuela passou por diversos acontecimentos que poderiam frear a adesão aos ativos digitais, como a repressão à mineração do Bitcoin e o bloqueio de exchanges tradicionais no mercado. No entanto, o desenvolvimento da cripto economia continuou apesar dessas barreiras, comprovando que os cidadãos viram nos ativos digitais uma estratégia para assegurar suas economias.

Quando analisamos o comportamento desses dois mercados frente às crises econômicas e políticas que enfrentam, entendemos que as criptomoedas, principalmente stablecoins, oferecem estabilidade aos usuários - tornando-se uma alternativa eficaz e estável para preservar as finanças e resgatar a autonomia financeira.

Isso ficou evidenciado na descoberta da Chainalysis de que a stablecoin é a moeda digital favorita nos países da América Latina. Em 2023, o volume de transações com stablecoins representou 61,8% das operações com criptomoedas na Argentina - um valor mais expressivo do que a média global de 44,7% -, conforme o relatório da empresa. Já na Venezuela, o ativo correspondeu a 56,4% da participação, sendo o ativo mais utilizado no país.

No Brasil, essa porcentagem chega a 58,9%, também acima da média global. Por aqui, as criptomoedas são utilizadas, principalmente, para fins de diversificação do portfólio de investimentos. A adoção de ativos digitais no nosso mercado teve um aumento significativo à medida que a regulação brasileira amadureceu e instituições financeiras tradicionais entraram no ecossistema cripto.

Essa busca pelos ativos digitais para diversificação do portfólio de investimentos é mais um indicativo de que esses ativos são uma solução para se blindar das mudanças do mercado financeiro, como inflação e taxas de juros.

Frente a esse cenário, percebemos que na América Latina há mercados e usuários abertos a incorporar os criptoativos e se adaptar às novas tendências financeiras em busca de caminhos para proteger suas finanças. Com o amadurecimento da regulação em cada país, devemos continuar observado a adoção de criptomoedas crescer e as empresas e agências governamentais que se prepararem para esse cenário emergente, estarão melhor posicionadas para o mercado do futuro.

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