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Cloudwalk migra para blockchain próprio com meta de criar "rede global de pagamentos"

À EXAME, CTO da fintech falou sobre o Stratus, rede criada pela empresa para processar todas as operações envolvendo saldos de clientes

João Pedro Malar
João Pedro Malar

Repórter do Future of Money

Publicado em 12 de dezembro de 2024 às 09h30.

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A fintech CloudWalk concluiu um processo de migração das suas operações para uma rede blockchain própria, a Stratus, e agora planeja expandir o projeto e criar um ecossistema financeiro a nível global. O anúncio foi compartilhado com a EXAME com exclusividade por Thiago Scalone, CTO da empresa, que também compartilhou detalhes do projeto.

O executivo destaca que "uma das nossas missões é criar uma rede global intergaláctica de pagamentos, e por isso acreditamos muito em blockchain. O Stratus é o primeiro passo para isso, algo que qualquer um pode baixar, e queremos trazer outros players para a rede. É algo que está nos próximos passos, queremos ter uma rede que empodere o cliente".

Apesar do anúncio no final de 2024, o CTO pontua que a história entre a CloudWalk e a tecnologia blockchain é antiga: "A gente trabalha com cripto e a gente gosta de cripto desde 2014, e desde então tivemos vários cases, POCs [provas de conceito, uma espécie de protótipo], transferências e alguns testes". Agora, a fintech dá um novo passo nessa jornada.

A migração para blockchain

Scalone comenta que o caminho traçado no mundo blockchain envolve um interesse da CloudWalk não apenas no mercado cripto, mas também no potencial da sua tecnologia de descentralização, além da "propriedade de trazer poder para o cliente e novas mecânicas pra transferências. É algo que nos fascina bastante".

Depois dos contatos iniciais em 2014, a fintech começou a testar blockchain pra valer em 2019. Na época, os primeiros testes envolveram levar o saldo de clientes para a rede, sempre buscando explorar o que poderia ser criado e os benefícios potenciais. A decisão, porém, foi seguir para soluções em blockchain menores e privadas, as chamadas in-house.

Entre 2020 e 2021, foi a vez dos testes a partir da Substrate, um projeto que permite criar blockchains próprios. "Nós gostamos de processar as coisas direto em blockchain, fazer tudo lá, então o interessante era que a gente conseguia customizar para ter um block time [tempo para criação de um bloco da rede] de 1 segundo, e aí podia rodar Pix, tudo que é importante para o nosso cliente".

Apesar dos aprendizados, o CTO comenta que a operação "chegou a um limite" em termos de escala, além de um desejo da CloudWalk de controlar melhor a rede. A opção, então, foi de criar um blockchain do zero. Após um período de criação de seis a oito meses, o Stratus nasceu.

De acordo com Scalone, a rede é de primeira camada, privada, compatível com a Ethereum e permissionada, ou seja, a fintech escolhe quem poderá participar e atuar como validador de transações que ficam registradas no blockchain. Com a migração concluída, agora todas as operações envolvendo o saldo dos clientes da empresa já ocorrem na rede, incluindo empréstimo, emissão de cartão, pagamentos e Pix.

O futuro da Stratus

Na visão do CTO, "quem não migrar para blockchain vai estar perdendo uma oportunidade de trazer um ganho para o cliente, como empoderar, trazer interoperabilidade e redes e mais segurança no processo. Olhar cripto só no ativo é muito pouco, tem muita coisa que dá pra fazer".

Para a CloudWalk, os ganhos com a Stratus envolvem principalmente uma segurança maior para os clientes e também uma interoperabilidade facilitada. Scalone aponta ainda a possibilidade de criar novos comportamentos e mecânicas para os usuários que "a gente nem consegue imaginar hoje".

Ele compartilha um exemplo: "Programar dinheiro é algo que traz muito benefício para o cliente. Nós fizemos uma POC em que, se tal cliente tivesse um ativo X, Y, Z em blockchain, teria um cashback maior. É algo essencial e é o futuro das transferências e como vamos lidar com o dinheiro dos clientes".

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A fintech chegou a criar, inclusive, uma stablecoin de real própria, a BRLC, que hoje é utilizada internamente na Stratus para operações específicas, sem disponibilidade para o público. A ideia também é facilitar, no futuro, conversões para ether e outras criptomoedas.

O blockchain próprio da empresa também se aproveita de protocolos já existentes no mercado, em especial para operações de empréstimo e cashback, por meio de contratos inteligentes específicos. "Você pode programar isso e ter a segurança de certificados, assinatura. É um nível excelente", comenta.

"Nós criamos tudo em blockchain, sem puxadinhos", ressalta. E Scalone acredita que o desenvolvimento do Drex, que promete ser uma infraestrutura pública de blockchain para o sistema financeiro, não inviabiliza soluções privadas como a Stratus, pelo contrário.

"Hoje, a infraestrutura do Drex está definida de forma bem específica e tem questões para resolver, como a necessidade de ter um block time de 1 segundo. Sem essa performance, como consegue fazer uma transação de Pix? Não acho que o Drex inviabiliza, ele traz mais discussão e consegue resolver problemas internos", comenta.

Para o CTO, "substituir processos por blockchain seria fantástico, muito mais interessante para todo o mercado brasileiro. Não sei se vai ter um movimento de winner takes all [o vencedor leva tudo] em blockchain, acho que vamos ter blockchains específicos para usos específicos".

Sobre o futuro da Stratus, Scalone vê uma evolução em duas frentes. A primeira é trabalhar uma capacidade de execução remota, garantindo e expandindo a estabilidade e a segurança da rede e sua performance. Em paralelo, a CloudWalk pretende falar mais sobre a iniciativa, trazer outras empresas interessadas e ter mais validadores na rede.

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