China retomou iniciativas ligadas a metaverso, blockchain e criptoativos (Reprodução/Reprodução)
Agência de notícias
Publicado em 21 de agosto de 2023 às 10h52.
A China pretende implementar um modelo semelhante ao seu sistema de crédito social no metaverso e em outros mundos virtuais online. A informação foi relevada no último domingo, 20, pelo site Politico a partir de planos divulgados pela empresa estatal de telecomunicações China Mobile.
A companhia propôs a introdução de um sistema de identificação digital para todos os usuários em diferentes metaversos e mundos virtuais online que funcionam com "características naturais" e "características sociais". O objetivo, de acordo com a estatal, seria "manter a ordem e a segurança" nesses ambientes.
Para isso, a identidade digital abrigaria uma série de informações pessoais e identificáveis, inclusive o emprego de seu respectivo portador. A China Mobile sugeriu que esses dados sejam permanentemente armazenados e compartilhados com as autoridades competentes no país.
Como exemplo dos benefícios do sistema, a proposta cita o caso hipotético de um usuário problemático que "espalha boatos e provoca o caos no metaverso". Com a identidade digital, a polícia poderia encontrar e punir adequadamente o responsável pela conduta, mesmo ela tendo ocorrido em um ambiente virtual.
A proposta se assemelha ao sistema de crédito social da China – um projeto em desenvolvimento que visa monitorar o comportamento de cidadãos chineses, pontuando-os e classificando-os de acordo com várias métricas pré-definidas. Ele também tem sido usado como uma ferramenta de fiscalização.
Em 2019, a Associated Press relatou que as autoridades chinesas impediram infratores de comprar passagens aéreas 17,5 milhões de vezes em 2018 devido ao sistema de controle. Outros infratores foram punidos com a proibição de comprar passagens de trem 5,5 milhões de vezes.
Em 5 de julho, a China Mobile apresentou as mesmas propostas como parte das discussões com um grupo de estudos focado no metaverso organizado pela União Internacional de Telecomunicações (UIT, na sigla em inglês), a agência de tecnologia de comunicações da Organização das Nações Unidas (ONU).
O grupo de estudos do metaverso se reunirá novamente em outubro, quando as propostas apresentadas poderão ser submetidas à votação. Se forem aprovadas, elas poderão influenciar significativamente as políticas de empresas de telecomunicações e de tecnologia, já que o grupo de metaverso da UIT tem como objetivo desenvolver novos padrões para serviços relacionados a mundos virtuais.
As empresas chinesas que participam do grupo de estudo estariam apresentando muito mais propostas para administração do metaverso do que as dos Estados Unidos e da Europa, de acordo com um colaborador do grupo que falou com o Politico.
Ele disse que a China está "tentando mirar no longo prazo" para que suas propostas sejam aceitas e se tornem o padrão do metaverso, caso o uso de mundos virtuais se torne generalizado. "Imagine um metaverso em que seus protocolos de identidade são definidos e monitorados pelas autoridades chinesas. Todos os governos devem se perguntar: 'É esse o tipo de mundo imersivo em que queremos viver?", questionou o observador.
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